Andreza Vitória se prepara para Paris 2024

A atleta paralímpica fala sobre sua história e expectativas para os Jogos Paralímpicos deste ano

Sonho Olímpico
4 min readJun 16, 2024
Andreza Vitória | Instagram — Reprodução

A pernambucana, Andreza Vitória de Oliveira, nasceu em 29 de janeiro de 2001. Com um parto normal, cresceu sem sequelas aparentes até os 2 anos de idade, quando os pais notaram que ela demonstrava dificuldades para andar e perda de força nas pernas. Logo, buscaram uma assistência médica e, depois de diversos exames, veio o diagnóstico da Síndrome de Leigh.

A Síndrome de Leigh é uma doença neurológica progressiva rara que afeta o sistema nervoso central, principalmente o tronco cerebral e o cerebelo. Caracterizada pelo atraso e perda progressiva das capacidades mentais e cognitivas, essa doença afeta 1 em cada 40.000 nascidos vivos.

Até os 11 anos de idade fez uso de muletas, mas depois Andreza necessitou começar a usar cadeira de rodas.

Natural de Recife, começou sua trajetória na bocha em 2015. E no ano seguinte, conquistou o 2º lugar nas Paralimpíadas Escolares, na época classificada como BC2 (onde não é permitido nenhum auxiliar). Em 2018, passou por reclassificação e hoje joga como BC1 (onde há a opção de auxílio de ajudantes).

Entre suas principais conquistas estão a medalha de bronze por equipes no Open Mundial de 2019; ouro no Mundial no Rio de Janeiro 2022; ouro no Campeonato Brasileiro 2023; ouro no individual BC1 e por equipes BC1/BC2 nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.

Além de todas suas medalhas, em 2022, Andreza garantiu o 1º lugar no ranking mundial da bocha paralímpica da classe BC1 feminino pela BISFed (Federação Internacional de Bocha).

A atleta, que fez sua estreia nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, já tem vaga garantida para Paris. Agora, Andreza se prepara e aguarda o início dos Jogos, em 28 de agosto.

A campeã demonstra o orgulho em ser uma atleta paralímpica de bocha e, apesar da timidez, esbanja sempre um sorriso no rosto.

Andreza Vitória | Instagram — Reprodução

Como foi o seu início na bocha?

Minha mãe trabalha na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), então ela me levou para conhecer o projeto. No momento inicial, eu não achei muito interessante, mas, depois eu fui gostando. E assim, com muito esforço e treino, fui me dedicando ao máximo no esporte, todo meu tempo e dedicação para bocha.

Você possui alguma história interessante ou curiosa de Tóquio para contar?

Eu nunca tinha ido para um evento tão grande como foi os Jogos de Tóquio e por causa da pandemia, nós fazíamos teste de COVID todos os dias. Além disso, antes dos Jogos, fomos para uma cidade vizinha a Tóquio para se adaptar com os horários e com as comidas.

Como está a expectativa para os jogos de Paris?

As melhores possíveis, vou me dedicar muito para que tudo saia bem e que eu volte com uma medalha paralímpica, se Deus quiser.

Como está sua rotina de treinos para as Paralimpíadas? Você possui algum ritual de preparação?

Está muito intenso, o treino é de segunda a sábado. Na hora que estou treinando gosto de ficar sozinha para poder me concentrar e estudar as estratégias do jogo.

Você é mulher, nordestina e atleta paralímpica, como é estar nessa posição que você representa grupos que geralmente são tratados com preconceito?

Eu nunca me preocupei na minha posição de ser cadeirante e nem com que as pessoas falam, sigo em frente com todos meus objetivos.

Você diz na sua página (Instagram) que o esporte paralímpico mudou sua vida em vários aspectos, poderia dar alguns exemplos?

Quando eu comecei na bocha eu era uma menina muito tímida e agora eu estou mais aberta.

Antes do esporte, eu nunca pensava em ir para outro país e agora eu já rodei o mundo.

Qual o momento mais marcante da sua carreira?

Vou citar dois momentos, o primeiro foi ir para os Jogos Paralímpicos de Tóquio e o segundo foi ganhar o Campeonato Mundial de Bocha, ocorrido no Rio de Janeiro.

Campeonato Mundial de Bocha | Instagram — Reprodução

Você tem patrocínios como o Bolsa Atleta e também das Loterias Caixa, como você vê a visibilidade e os patrocínios com a situação atual da bocha?

Eu acho que traz mais visibilidade e o pessoal acaba conhecendo mais o esporte.

Qual sua maior referência no esporte?

Maciel Santos e Dirceu Pinto, apesar de não conhecer ele. A história deles me inspira a sempre querer mais.

Qual recado você deixaria para a Andreza criança, no início da Bocha?

Nunca desistir daquilo que você acredita alcançar, sempre lutar para que tudo aconteça e confiar que Deus está acima de tudo.

Entrevista realizada em maio de 2024 por Filipe Pereira, Isabella Melo e Murilo Prado.

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Série de entrevistas com atletas de nível olímpico e paralímpico produzidos por Filipe Pereira, Isabella Melo e Murilo Prado | osonhoolimpico@gmail.com