Mais de 100 mil mortos, 3 milhões de contaminados: um país em descontrole

Pad
18 min readAug 12, 2020

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O Brasil ultrapassou a triste marca de 100 mil mortes devido à Covid-19. Frente ao caos da pandemia no Brasil, ações de solidariedade têm sido fundamentais para a sobrevivência da população mais vulnerável.

Com a Covid-19, o mundo está enfrentando uma grave crise global de saúde, provocando crises na economia, na sociedade civil e na vida cotidiana. A vida mudou. E no Brasil o impacto foi ainda maior. A falta de ações do Governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia levou o país ao descontrole e ao agravamento da instabilidade política com a catástrofe sanitária. A crise ameaça a economia, que já vinha cambaleante no país.

Nós do PAD nos solidarizamos com as mais 100 MIL FAMÍLIAS que perderam seus entes queridos para o Covid-19. O luto é coletivo, nossas orações estão com vocês.

No ato organizado pela ONG Rio de Paz, cerca mil balões de gás vermelhos biodegradáveis foram espalhados pelas areias da praia e em cem deles, fixadas cruzes pretas (Imagem: Facebook/Rio de Paz)

Um dia depois de o Brasil ter superado a marca de 100 mil mortos pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender ações do governo federal tomadas durante a pandemia, criticou o isolamento social radical (‘lockdown’) e acusou falsamente a rede Globo de ter “festejado” no sábado (8) a marca simbólica de vítimas da Covid-19.

Na noite de 08 de agosto, o Jornal Nacional da Rede Globo, em editorial lido pelos apresentadores destacou que o direito à saúde é previsto na Constituição, mas que mesmo em meio à pandemia o país permanece sem um ministro da Saúde titular.

O telejornal também lembrou diversas declarações minimizando a doença feitas por Bolsonaro — como quando ele reagiu com um ‘E daí?’ ao ser questionado sobre a avanço de mortes no país — e concluiu o editorial questionando os telespectadores se o presidente e outras autoridades cumpriram com o dever de garantir acesso à saúde para a população.

Assista:

Mais de 100 mil vidas perdidas para Covid-19. Mais de 100 mil famílias em luto. Grande parte dessas mortes poderiam ter sido evitadas, se o presidente Jair Bolsonaro tivesse seguido as recomendações da Organização mundial da Saúde. Mas ao contrário, ele preferiu menosprezar a pandemia e tem lutado absurdamente contra o isolamento social.

Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, Imagem: Nelson Almeida/AFP

Quantos brasileiros ainda precisarão morrer para que a pandemia seja encarada como uma grande tragédia nacional ou o presidente seja deposto?

A negação de Bolsonaro

Quando o país tinha 52 pessoas contaminadas, em 11 de março, Bolsonaro disse:

“Outras gripes mataram mais do que o coronavírus”.

Em 17 de março ele disse:

“Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia”, declarou o presidente, numa entrevista à rádio Super Tupi.

Sem tomar nenhuma medida eficaz e contra as ações de isolamento orientadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por Governadores e prefeitos de estados e municípios brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em 02 de abril que faria um chamado nacional de jejum religioso para que o país “fique livre desse mal”, em referência à pandemia do coronavírus.

O Brasil é um dos países que menos realiza testes no mundo. A taxa é de 13,7 testes por mil habitantes — dados informados pelo Ministério da Saúde leva em conta, além dos testes rápidos, os exames do tipo RT-PCR — os mais adequados, que identificam a presença do vírus no organismo — processados em laboratórios públicos e privados. Esse índice coloca o Brasil na 50ª posição no ranking mundial de testagem segundo dados a Universidade de Oxford disponíveis em julho.

Enquanto cidades do mundo todo organizavam lock down, em abril, Jair Bolsonaro já queria reabrir escolas. No dia 20 de abril, questionado pelo jornal Folha de S. Paulo a respeito das mortes, Bolsonaro disse:

“Eu não sou coveiro”, e não quis mais falar sobre a relação entre a mortalidade da doença e medidas de restrição.

Assista:

Oito dias depois, quando o país passou de 5 mil mortos o presidente deixou claro que pouco se importava com a vida dos brasileiros:

‘E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?’, diz Bolsonaro sobre mortes por coronavírus; ‘Sou Messias, mas não faço milagre’

As fantasias presidenciais

A insistência do presidente em medicar os brasileiros com Cloroquina vira um escândalo mundial. Não existia à época nenhum estudo científico que comprovasse a eficácia do medicamento. A insistência em tornar o seu uso protocolo de tratamento para os casos de COVID-19 no Brasil levou à queda de 2 ministros da saúde. No período em que autorizou a fabricação de milhões de doses pelo laboratório do exército brasileiro e que fazia campanha pelo remédio, fazia piada dos brasileiros contaminados em livre como a do dia 19 de Maio:

“O que é a democracia? Você não quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina”, disse. “Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína”, ironizou, referindo-se a uma marca de refrigerante.

Sem conseguir convencer ministros da saúde com formação médica assinarem protocolos de cloroquina, ele nomeou como ministro da saúde um capitão do exército.

Enquanto o número de mortos aumentava substancialmente, levando cidades brasileiras ao colapso total do sistema único de saúde, o presidente tentou negar insistentemente a gravidade da pandemia.

A Catraca Livre fez uma linha do tempo, com as frases mais infames:

Fake News

Muitas foram as declarações falsas do presidente, não apenas em relação à pandemia. O site Aos Fatos fez a checagem das afirmações de Jair Bolsonaro e chegou ao número de 1471 declarações falsas em 576 dias de mandato. Centenas delas sobre a incidência do Covid-19 no Brasil.

Acompanhe:

A crise econômica

Com o isolamento social, trabalhadores informais se viram sem renda do dia para a noite. A demora na criação de políticas públicas que amenizassem os efeitos da pandemia na vida econômica dos mais pobres levou milhões de pessoas ao desespero, sem saber como conseguiriam dinheiro para comprar comida!

Auxílio Emergencial

Em 30 de março o Senado brasileiro aprovou o auxílio emergencial de 3 parcelas de R$ 600,00 aos mais pobres.

Embora o início oficial dos pagamentos da primeira parcela tenha sido no dia 9 de maio, ainda hoje, em agosto, muitas pessoas enfrentam filas intermináveis e não sabem se conseguirão receber a primeira parcela.

De acordo com o presidente da Caixa Econômica Federal, banco público responsável pelo pagamento do Auxílio Emergencial, foram realizados 97 milhões de pedidos de auxílio emergencial, 50,1 milhões foram aprovados, 26,1 milhões, considerados inelegíveis e 12,4 milhões receberam a classificação de inconclusivos. Ainda há um total de 5,2 milhões de cadastros em análise.

Quatro meses depois de aprovado o pagamento do auxílio, cerca de 10 milhões de brasileiros, que têm direito ao benefício ainda esperam o pagamento da primeira parcela.

O Instituto Sabiá publicou um artigo sobre o dilema entre o direito ao auxílio emergencial e a burocracia:

O Inesc e a Conectas alertaram a ONU sobre os sérios problemas de implementação da Renda Básica por parte do governo Bolsonaro

A dificuldade de acesso ao benefício do Auxílio Emergencial, criado para garantir condições mínimas de sobrevivência às pessoas que tiveram suas rendas prejudicadas em razão da pandemia e da necessidade de isolamento social, é um dos grandes problemas vivenciados pelas comunidades rurais e povos do campo.

Empreendedores a beira da falência

Enquanto os pequenos negócios lutavam para sobreviver, uma linha de crédito que de fato poderia socorrê-los demorava a sair do papel.

O Pronampe (Programa Nacional de Apoio à Micro e Pequena Empresa) foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 19 de maio, mas só foi regulamentado em 9 de junho.

Boletim Covid-19 DPCT/IG — n. 6

A linha previa R$ 15,9 bilhões para capital de giro a juros baixos. O dinheiro, disponibilizado por Caixa, Banco do Brasil e Itaú, se esgotou em poucos dias.

Diante da procura, o Congresso destinou mais R$ 15 bilhões ao Pronampe, usando recursos do Pese que não foram emprestados. O dinheiro deve começar a ser emprestado em 15 de agosto, segundo o governo. A demora levou pequenos empreendedores à falência.

Mais detalhes em matéria publicada pelo UOL:

Como sobrevivem os mais vulneráveis no nosso país?

No momento de combate ao novo coronavírus, a solidariedade se tornou uma das principais armas contra a pandemia. Muitos voluntários têm se mobilizado para ajudar pessoas em estado de vulnerabilidade social, idosos — mais suscetíveis a complicações da Covid-19 — e quem precisa de apoio psicológico.

“Sem Terrinha em movimento: brincar, sorrir e lutar por Reforma Agrária Popular!” — Foto: Wellington Lenon, do MST no Paraná.

Distribuição de alimentos, doação de produtos de higiene pessoal e consultas gratuitas são algumas das ações solidárias que se espalham pelo país. São cidadãos e instituições se unindo para enfrentar e superar uma das maiores crises de saúde pública do mundo.

Leia mais em:

As organizações da sociedade civil, movimentos sociais e organizações ecumênica já atuam na solidariedade há décadas e em tempos de pandemia novas ações foram implementadas em prol dos mais vulneráveis.

Foto: MAB: ação de solidariedade no Maranhão

De acordo com Cris Fernández Andrada, professora do departamento de psicologia social da PUC-SP, em entrevista à Agência Einstein, a principal motivação das iniciativas solidárias está relacionada ao reconhecimento da dor do outro.

“Seres humanos são seres coletivos que se identificam com a mesma condição diante de crises agudas que ameacem nossa existência”, explica a especialista.

É nas comunidades da periferia das grandes cidades que o impacto econômico da pandemia foi mais sentido. Não é raro encontrar famílias que estão vivendo sem renda. Para elas, o que faz a diferença agora é a solidariedade de vizinhos e de organizações da sociedade civil. O Jornal Nacional apresentou matéria mostrando algumas dessas redes de solidariedade.

Assista:

Racismo, desigualdades sociais, acesso desigual a sistemas de saúde, moradia inadequada e impossibilidade de se isolar colocam população mais vulnerável como a mais afetada pela pandemia.

Resultados de um estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, confirmam que pretos e pardos morreram por covid-19 mais do que brancos no Brasil. O grupo analisou a variação da taxa de letalidade da doença no Brasil de acordo com variáveis demográficas e socioeconômicas da população.

Considerando esses casos, quase 55% de pretos e pardos morreram, enquanto, entre pessoas brancas, esse valor ficou em 38%. A porcentagem foi maior entre pessoas negras do que entre brancas em todas as faixas etárias e também comparando todos os níveis de escolaridade.

O estudo também concluiu que, quanto maior a escolaridade, menor a letalidade da covid-19 nos pacientes. Pessoas sem escolaridade tiveram taxas três vezes superiores (71,3%) às pessoas com nível superior (22,5%).

Cruzando escolaridade com raça, então, a coisa piora: pretos e pardos sem escolaridade tiveram 80,35% de taxas de morte, contra 19,65% dos brancos com nível superior.

“A desigualdade social tem impacto direto nos óbitos entre os mais pobres e com menor escolaridade”, diz, por e-mail, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Paula Maçaira, pesquisadora do Departamento de Engenharia Industrial do CTC/PUC-Rio e integrante do NOIS. “Quanto mais desfavorável a situação do paciente, mais chances ele tem de falecer.”

Saiba mais:

Primeiros impactos da pandemia no mercado de trabalho

18,5 milhões de brasileiros não trabalharam e não procuraram ocupação devido à pandemia

19 milhões de pessoas foram afastadas do trabalho e 30 milhões tiveram alguma redução no rendimento do trabalho

As perdas de rendimento foram maiores entre os ocupados dos serviços, do comércio e da construção e entre os trabalhadores informais

As perdas de rendimento foram expressivas também entre os ocupados em serviços essenciais na pandemia, como os entregadores e os trabalhadores da saúde e da limpeza

Auxílio emergencial tem sido essencial para cobrir boa parte da perda de rendimento

Mais detalhes no boletim publicado pelo Dieese:

https://www.dieese.org.br/boletimempregoempauta/2020/boletimEmpregoEmPauta15.html

Falta acesso à água

A epidemia da Covid-19 evidenciou as duras condições de vida de boa parte da população das metrópoles brasileiras, inclusive a falta de acesso regular de muitos domicílios aos serviços urbanos mais elementares, como a água tratada. Sendo o centro da estratégia de combate à pandemia em âmbito mundial o distanciamento social e a higienização das mãos, com as orientações fundamentais de “ficar em casa” e “lavar as mãos com frequência”, a questão da moradia precária veio à tona por meio de inúmeros relatos, na imprensa e nas redes sociais, descrevendo problemas habitacionais e a falta de água em favelas, loteamentos e outros tipos de assentamentos precários concentrados nas grandes cidades do Brasil.

Saiba mais em nota emitida pelo Ipea — Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada:

COVID-19 e os Povos Indígenas

Davi Kopenawa é uma das principais lideranças indígenas do país — Foto: Sesai | Ministério da Saúde

“Toda essa destruição não é nossa marca, é a pegada dos brancos, o rastro de vocês na terra”

Davi Kopenawa Yanomami

O acompanhamento da evolução do novo coronavírus entre as populações indígenas representa um grande desafio. Embora os números oficiais informem sobre a dinâmica de notificação, eles não refletem necessariamente a extensão da pandemia. Ademais, a falta de desagregação dos dados dificulta o reconhecimento das regiões e dos povos mais afetados. Outro problema grave é a ausência de dados sobre indígenas que vivem fora de Terras Indígenas homologadas, o que inclui tanto citadinos como populações que aguardam a finalização do longo processo de demarcação de suas terras.

Para um melhor detalhamento da dimensão da epidemia entre os indígenas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil — Apib criou o Emergência Indígena, com um plano de enfrentamento da pandemia da Cvid-19 entre os povos indígenas.

A evolução dos casos também tem sido acompanhada por meio dos dados da iniciativa Brasil.io, que compila informações para todo Brasil com base nos boletins das Secretarias Estaduais de Saúde sobre a Covid-19.

Diante da subnotificação dos casos indígenas pelos dados oficiais a Apib vem realizando um levantamento independente dos casos. Os números são superiores aos notificados pela Sesai, que tem contabilizado somente casos em terras indígenas homologadas. A compilação de dados da Apib tem sido feita pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena e pelas Organizações indígenas de base da APIB. Outras frentes de enfrentamento à Covid-19 organizadas no Brasil também têm colaborado com a iniciativa. Diferentes fontes de dados têm sido utilizadas nesse esforço, além da própria Sesai,o comitê tem analisado dados das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e do Ministério Público Federal.

O Instituto Socioambiental (ISA) também criou uma plataforma para o acompanhamento do impacto da pandemia nos povos indígenas:

Quilombos do Pará lideram o índice de óbitos entre a população quilombola do Brasil

Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, os quilombos não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte dos quilombos é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a ser agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da COVID 19 na vida das famílias quilombolas.

A CONAQ publicou boletim com os dados da Covid-19 nos quilombos:

Parceiros na pandemia

Inúmeras foram as ações dos parceiros do PAD nos últimos meses: auxílio com alimentos e produtos de higiene, campanhas de informação e principalmente ações em prol da garantia dos direitos da população. Todo tipo de apoio foi oferecido através de projetos sociais para as pessoas, que muitas vezes não têm como comprar alimentos e nem acesso a cuidados e serviços básicos.

O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) doaram mais de 2,5 mil toneladas de alimentos em diversos estados brasileiros. Essa iniciativa alimentou milhares de pessoas que foram abandonadas pelo Estado brasileiro e que não tinham como comprar alimentos.

No dia 25 de julho, Dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural, o cardeal Michael Czerny, secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, enviou uma carta em nome do Papa Francisco que saúda as famílias Sem Terra que seguem realizando ações de solidariedade no Brasil.

Líderes católicos celebram solidariedade dos movimentos sociais. — Vatican Media/ AFP

“A partilha produz vida, cria laços fraternos, transforma a sociedade”

Papa Francisco

Leia a carta na íntegra:

O SOS Corpo — Instituto Feminista para Democracia participou de debate público que discutiu as condições do trabalho doméstico no contexto da pandemia do coronavírus.

Com o isolamento social, milhares de trabalhadoras domésticas foram dispensadas sem qualquer indenização. As diaristas tiveram seus trabalhos interrompidos sem qualquer garantia de recursos.

Frente à omissão do Governo, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem promovendo ações de solidariedade durante a pandemia. A Campanha organizada em diversos estados já distribuiu mais de 260 toneladas de alimentos, gás e carvão, além de kits de higiene pessoal e máscaras de proteção a famílias pobres.

A Coordenadoria Ecumência de Serviços (CESE) vem provendo diversas ações em apoio a iniciativas de cuidados coletivo durante a pandemia.

ACT Aliança deu sua contribuição ao cuidado, proteção e resistência especialmente dos povos indígenas da Amazônia. Com a coordenação no Brasil feita pela CESE, está em curso a doação de cestas básicas e kits de higiene para diversas etnias da Região Norte, Centro-Oeste e Sul. Da previsão de aquisição total de 4.200 cestas, já foram adquiridas 3.350 unidades (com investimento até 06 de julho, de R$ 334.999,19).

O Inesc, iniciou um circuito de debates sobre as estratégias comunitárias para o enfrentamento do coronavírus na região do sudeste paraense, no contexto de ascensão da extrema direita no país, desmonte da governança socioambiental e dos direitos socioeconômicos e territoriais. Partindo do território e das experiências vividas por povos e comunidades que habitam a região, utilizou as tecnologias digitais disponíveis para realizar uma série de encontros virtuais sobre a aterrissagem do problema de um desenvolvimento neoextrativista para a região amazônica.

Mineração foi decretada atividade essencial, pelo presidente Jair Bolsonaro

Uma campanha foi criada por centena de organizações contra o Decreto presidencial, a “Campanha Mineração não é essencial! A vida sim!”. No vídeo abaixo, a Julianna Malerba, assessora da FASE, alerta sobre os riscos em manter as atividades de mineração no Brasil em meio ao avanço da Covid19, principalmente nesse momento, em que a pandemia ganha força pelo interior do país. “ Ao dar uma salvaguarda legal para mineradoras seguirem extraindo, mais uma vez, o governo privilegiou o lucro dessas empresas e desprezou os riscos a saúde de funcionários e também das comunidades próximas às minas.”

Assista:

Aumento dos despejos no País

Durante a pandemia as remoções seguem acontecendo. Violando recomendações nacionais e internacionais, o deslocamento forçado de pessoas continuou — e continua — sendo realizado, por agentes públicos e privados. Ao invés de garantir as condições mínimas para que os indivíduos possam se proteger do vírus, o que temos visto é um acirramento dos conflitos fundiários diante de um cenário de emergência sanitária.

Frente a esse cenário de emergência sanitária e habitacional, no dia 19 de junho de 2020, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, a Central dos Movimentos Populares (CMP), Frente de Luta por Moradia (FLM), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Associação Rural Renascer, Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) e o Observatório de Remoções denunciaram à Relatoria Especial para o Direito à Moradia Adequada da ONU os casos de reintegrações de posse, incêndios e despejos coletivos extrajudiciais que geraram remoções no estado de São Paulo em plena pandemia. Como resposta a essas graves violações de direitos humanos, a ONU divulgou nota em que demanda o fim dos despejos no Brasil.

A Comissão Pró-Índio SP criou uma campanha de prevenção ao Covid-19 e divulgou amplamente entre os quilombolas e nas suas redes sociais. Com linguagem simples, tratou de vários cuidados. Como a questão da distância, no card abaixo:

CEAS atua na iniciativa de ajudar a garantir a segurança alimentar e a proteção coletiva nos territórios

Várias ações foram implantadas coletivamente em comunidades e movimentos sociais em Salvador e no interior da Bahia para auxiliar no escoamento da produção, com o fechamento das feiras livres.

No sudoeste da Bahia, a Associação de produtores de cachaça e derivados da cana de Itarantim passou a produzir o álcool 70 para distribuição de forma solidária.

Os projetos são apoiados por Heks-Eper. Assista abaixo as iniciativas:

Dezenas de outras ações estão em curso pelas organizações e movimentos sociais.

Com a propagação da COVID-19, a desigualdade ficou mais evidente. Famílias em situação de vulnerabilidade social estão ainda mais vulneráveis. As desigualdades em nosso país aumentam enormemente. E não há qualquer perspectiva que o Governo Federal tomará medidas eficazes para o controle da pandemia ou a criação de novas políticas públicas que possam garantir recursos para os que perderam suas rendas e pequenos negócios.

Nós do PAD continuaremos lutando pela Garantia do Estado Democrático de Direito e denunciando as ações genocidas deste Governo. E seguiremos honrando cada uma das 100 mil vidas perdidas. Porque eles não eram números. Eram mães, pais, filhos, amigos. Tinham história, sonhos… e talvez uma vida pela frente, se tivéssemos um Governo responsável.

Terminamos com esse vídeo produzido pela Folha de S. Paulo, que convidou pessoas que perderam alguém importante em suas vidas para prestar uma homenagem aos mais de 100 mil mortos:

Por Kátia Visentainer

Comunicação — PAD — Processo de Articulação e Diálogo Internacional

www.pad.org.br

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O PAD - Processo de Articulação e Diálogo é uma rede formada por agências ecumênicas européias, movimentos sociais, entidades ecumênicas e ONGs.