Cosplay de pobre

Débora Nunes
2 min readMay 18, 2018

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crítica a crítica crítica

Se você cresceu, foi aprovado em um vestibular e assumiu a escolha de construir a sua vida longe dos paparicos de mamãe e papai, passa perrengue, trabalho x faculdade, às vezes desemprego, emprego informal, não teve como conquistar a vaga na moradia estudantil, tem só x pra pagar de moradia e precisa escolher uma área não-nobre pra viver perto da universidade, é melhor se calar sobre onde você mora!

Se você tem asco de estudantes que vivem em comunidades nas proximidades da universidade, das duas uma. Ou você, no alto do seu privilégio bancado por papai e mamãe, tem raiva de quem tem coragem de assumir a sua própria vida, ou você só não tem mais o que fazer e fica cuidando da vida dos outros.

Geralmente são as duas opções, afinal de contas, criticar a saída de uma massa fudida universitária, no conforto de não citar os nomes, realmente é mais fácil do que apontar soluções práticas para assistência estudantil e estratégias de inserção de colegas no mercado de trabalho. Sem falar que hoje em dia, cumpade, te oferecem no final um papel que vale beeeem menos do que você imaginou lá no começo da graduação.

Daqui, da comunidade onde vivo há 4 anos, eu nunca conheci um espécime rico universitário, apenas percebo os otários que devem julgar a minha vida enquanto passo necessidades. Não estou preocupada com os ditos rycos porque tenho coisa muito mais braba no cotidiano para me ocupar, mas fica a dica aí pra você: seu asco diz muito mais sobre você do que sobre estudantes que vivem em comunidades.

Espero que os momentos barra sejam vencidos, e serão. Um dia eu vou usufruir de um espaço mais confortável para viver. Até lá muito carinho e respeito pela comunidade que me abrigou. Muito mais humana que muito estudante de “humanas” da UFF, muito mais fechamento que a minha família.

Discussinho de gente escrota, elitista e desocupada.

Divide ai a sua vaga com mais quinze cabeças no prédio legal à beira-mar, mantém o teu quarto arrumado pra quando o contatinho do Tinder chegar não reparar que tu é só mais um fudido preconceituoso que tem medo de passar no acesso da favela.

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