The Misfit of Demon King Academy, vol.1
(J-Novel Club, volume 1 de 12 [em andamento], publicado em 2018, traduzido em 2022 por Mana Z.)
Que aventura, amigos.
Peguei pra ler as novels por uma grande quantidade de coincidências se alinhando. Queria rever a primeira temporada do anime para me preparar para a segunda (que já começou a sair, aliás). Mas aí vi que o que saiu da novel em inglês é basicamente até onde o anime adaptou, e pensei “Podemos matar dois coelhos com uma cajadada só, né?”, e aqui estamos.
O volume 3 (que, pelo que eu entendi, é o último arco da s1) está em pré-venda e sai dia 15 de janeiro, então o timing não poderia ser melhor.
Porém o tiro acabou saindo pela culatra, pois depois de ter lido o volume 1, eu fiquei com AINDA MAIS VONTADE de reassistir o anime… A ideia era poupar tempo, não gastar o dobro…
Enfim. O livro é hilário e incrível ao mesmo tempo. Eu não dava risadas altas assim desde… uh, acho que desde o volume 4 de “Eminence in Shadow”? Piadas de te fazer gargalhar de ecoar no corredor da casa. E a seriedade com que ele leva os momentos bregas é tanta que você acaba sendo convencido de que aquilo é a coisa mais maneira do universo (porque é, é a coisa mais maneira do universo sim).
Acho que antes de falar das coisas do livro em si, preciso falar da EXPERIÊNCIA. Ler algo como primeiro contato com a obra é totalmente diferente de ler algo como segundo contato. Eu costumo pegar LNs pra ler ANTES de ver as adaptações, mas em alguns casos, quando eu acabo gostando muito do anime, eu acabo voltando pro material original e “revivendo” a história. Já aconteceu antes com Date a Live e com Unbreakable Machine-doll, mas ambas foram há muitos e muitos anos (uns 7 ou 8). Fazia tempo que eu não passava por isso.
É interessante de notar como o autor diferencia as “pistas” e o foreshadowing ao longo do livro. Coisas que serão relevantes para esse volume recebem bem mais atenção, em comparação a coisas que só serão importantes no futuro. São coisas bem pequenas que, se eu não soubesse o que significam e como serão usadas daqui um ou dois volumes, eu nem daria bola. É o tipo de descrição que, quando volta lá no futuro, você pensa “NOOOOOSSA, verdade! Ele falou disso lá atrás!”. Certamente é uma experiência legal de se ter, de vez em quando.
Ainda nisso, a adaptação do anime foi muito boa. Ao menos, desse primeiro volume. Eles mantiveram todos os charmes que podiam, e adicionaram coisas que só a mídia animada pode fazer. Não percebi nenhum corte de cena ou de conteúdo, nem mudanças drásticas de organização ou cronologia.
Ao mesmo tempo, certas coisas são melhores em texto do que em animação, ou simplesmente não funcionam em animação. Acredito que o maior ponto que posso trazer disso é a narração: O livro é narrado em primeira pessoa, o tempo inteiro, do ponto de vista do Anos. Por mais que você consiga introduzir pensamentos e solilóquios no anime, não dá pra transmitir totalmente uma narração em primeira pessoa, pois ficaria esquisito. Então, o livro me conquistou ao me dar uma análise muito mais profunda do Anos do que no anime.
Por exemplo, a narração deixa claro que o Anos entende completa e perfeitamente o quão tsundere a Sasha é. A partir do primeiro momento que eles se conhecem, o Anos já saca na hora. Não existe um único instante onde ele não sabe o que está acontecendo. Ele simplesmente Sabe(tm). Ele não é “denso”, ele apenas respeita o direito da Sasha de ser uma adolescente.
Por isso que ler a novel me deu uma grande voltade de rever o anime: pois ambas as mídias são incríveis e tem seus méritos.
Um dos charmes da série, pra mim, é como temos um protagonista super-poderoso, literalmente invencível, mas que precisa lutar lutas sociais, onde não se pode vencer na base da porrada. Mas isso não funciona muito bem nesse primeiro volume, onde o clímax e a maioria dos conflitos são coisas que envolvem porrada.
Na época, eu até fiz uma postagem pra Torre dizendo que o anime era só “porradinha divertida”, pois é a impressão que esse primeiro volume passa. Mas, com o poder da clarividência, fica evidente que as sementes do EMBATE SOCIAL existem desde o princípio.
Mesmo assim, acho importante esse volume existir simplesmente para estabelecermos o nível de poder do Anos, e como oportunidade de termos uma ideia de o que e como as coisas acontecem nesse mundo. O Anos girando um castelo no dedo ou usando uma espada demoníaca capaz de destruir a causalidade é um exagero sem tamanho? Claro que é. Mas é pra ser.
E, principalmente, o exagero é feito de forma absurdamente engraçada (quando é para ser engraçado, como o caso do castelo), ou de forma absurdamente maneira (quando é para ser maneiro, como o caso da espada demoníaca capaz de destruir a causalidade). É um conteúdo muito “massavéio”? Com certeza. Mas, para quem curte coisas massavéio, puta merda, é um prato cheio.
Se você vê as frases de efeito, os absurdos exagerados que parecem ter saído de um roleplay feito por uma criança de oito anos, e pensa “IRADO LET’S FUCKING GOOOOOOO”, ao invés de pensar “putz que brega”, é um livro perfeito 10/10.
Eu sou um cara que pensa “IRADO LET’S FUCKING GOOOOOOO” ao ler o Anos dizendo “Você achou mesmo que me matar seria o suficiente para que eu morresse?”, e eu adorei a leitura, assim como eu tinha adorado o anime.
Outro ponto que eu achei legal da leitura é o quanto o autor se esforça para evitar fazer exposições chatas. Tudo que dá para ser empurrado com a barriga, é. Isso não é um isekai, então a situação clássica de “peixe fora d’água” para explicar o mundo não funciona muito bem. O Anos tem dois mil anos de defasagem, e isso faz com que ele peça algumas explicações aqui e ali, mas todas são feitas de forma concisa, e ele preenche as lacunas ele mesmo, em seus pensamentos. O próprio fato do Anos dormir nas aulas já é uma forma engraçada de pular exposições desnecessárias. Ter um “glossário” logo no começo do livro (imagem abaixo) também ajuda a deixar a narrativa menos truncada.
A Narração também me fez perceber o quão “normal” o Anos é. Claro, ele é o DEUS-DEMÔNIO DA TIRANIA, o ser mais poderoso do universo, mas ele é só um cara. Ele apenas quer viver num mundo pacífico, defendendo aqueles com quem ele se importa, comendo seu gratinado, tentando deixar seus amigos felizes e fazendo piadas. Matar deuses e explodir continentes é só um detalhe.
Poucas ilustrações no volume, mas todas elas muito legais. Adoro o estilo do artista (Shizumayoshinori), e acho que combina muito bem com as personagens. Ansioso para mais no futuro. As coloridas ficaram maneiríssimas.
Um último comentário: Eu AMO os pais do Anos. Eles são, de longe, os melhores personagens da história. O livro dá um destaque bem maior para eles, muito mais “screentime” para as interações malucas deles. E por isso, eu agradeço. Espero mais conteúdo biruleibe das ideia. Adoro como o Anos é capaz de criar bombas nucleares com um estalar de dedos mas não consegue vencer um argumento contra a própria mãe.
Leiam LNs gostoso demais.