Todas as formas de adeus

Paula Medeiros
2 min readMar 31, 2016

--

Parallel Universe — Inez Angélica Gustafsson

Tem adeus e adeus.
Tem adeus permanente, tem adeus temporário.
Eu sei, é estranho dizer isso, mas não mais do que uma despedida em si, já que elas costumam ser irremediavelmente incômodas.

Tem adeus passageiro, como a angústia que nos separa até um próximo encontro.
Tem adeus bobo, como um "boa noite" que divide nossos sonhos.
Tem adeus inevitável, como nossos dias que viram noite e nossas noites que viram dia.
Tem adeus que se parece com um fim, mas que, ao olhar de perto é, na verdade, um recomeço.
Tem adeus dolorido, para aquelas grandes coisas que não têm volta.
Tem adeus orgulhoso, que daria tudo para ser um "olá".

Tem adeus pra quando precisamos nos despedir, mesmo querendo ficar.
Tem adeus pra quando realmente precisamos partir, sem olhar pra trás.
Tem adeus que somos forçados a dizer, sentindo diferente no coração.
Tem adeus meu, tem adeus seu.

Para cada adeus, existe uma dor diferente.
E para cada dor, uma alegria também. Um não existe sem o outro.
Assim como o que legitima uma presença é a existência de uma ausência.

Dependendo do adeus, um reencontro pode trazer alegria infinita.
Dependendo do adeus, um desencontro pode ser um alívio.
Dependendo do adeus, um começo pode ser uma supresa.
Dependendo do adeus, um recomeço pode ser esperança.

Adeus pode ser entrega, para se libertar.
Pode ser altruísmo, para libertar o outro.
Pode ser transformador, para trazer a mudança que queremos na nossa vida.
Pode confirmar, trazendo certezas para antigas incertezas.

Todo adeus valoriza.
Nenhum adeus precisa ser cruel.
Mesmo o tão temido adeus da morte é capaz de nos mostrar o quanto a vida pode significar, dia após dia, a beleza de sermos verdadeiros com nosso coração e, assim, com o do outro.

E dentre todas as formas de adeus, sigo carregando comigo aquela que reafirma, lembra e constrói a importância de algumas presenças.

--

--