Como o mindset ágil revolucionou minha vida

Paula Santana
7 min readMay 7, 2018

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Quem sou eu na fila do pão? Ninguém, alguém, só mais uma… Sei lá. Enquanto eu pedalava pelas ruas de Peruíbe, jamais imaginaria que as minhas pernas me levariam muito mais longe do que a distância que eu já percorria diariamente. E, acreditem, eu pedalava de montão.

Já contei como virei programadora , passei por muita transformação e ainda estou em um processo muito grande. Hoje, vou explicar alguns detalhes dessa história… especialmente sobre como eu recebi uma sugestão, decidi agir e comecei a mudar a minha vida inteira.

Vem comigo rapidinho para o começo de 2017…

TEMPOS ESTRANHOS

No começo de 2017 eu estava passando por um momento super difícil, talvez um dos piores da minha vida. Quem me conhece, sabe que eu sou bem expansiva e acabo falando demais (já melhorei e vou continuar melhorando). Essas características me colocaram em uma fria muito grande, o que me deixou em uma situação super delicada e de bastante sofrimento. Eu estava prestes a quebrar em diversos sentidos.

Eu precisava fazer algo. E eu fiz: tirei uma certificação de Product Owner (P.O.) pela Scrum Alliance! Que glória… Aprendi muito sobre Scrum, sobre projetos e vi um mundo de possibilidades se abrir. Eu não conseguia aplicar os conhecimentos da certificação na minha rotina profissional, por diversos motivos — e sinceramente, isso pouco importa agora. Nesse momento, acabei conhecendo o Marco Antonio em alguns eventos profissionais.

Ele me deu uma super força, que me fez acordar em diversos aspectos! Decidi que o gigante ia acordar por bem ou por mal hahaha. Decidi me jogar nos meetups em São Paulo! Eu achava aquilo tudo fascinante: como assim eventos com conteúdo de qualidade e de graça?

Eventos gratuitos e de qualidade?

Na época, eu trabalhava em Santos e já morava longe do trampo… imagina de São Paulo? A cada meetup, eu tinha que fazer um baita rolê, chegar muito cedo no trabalho para conseguir sair à tarde, pegar o ônibus e ir para a capital, com o risco de chegar lá atrasada. Fora a grana, que a cada subida de serra comia um dinheiro que eu realmente não tinha disponível.

O rolê ficou salgado: não estava conseguindo ir com a frequência que eu queria. Cheguei a comentar com o Marco Antonio e ele me perguntou se eu não teria interesse em trazer o meetup para a Santos. Me sugeriu que talvez fosse a hora de criar uma comunidade aqui na baixada, já que até o momento não conhecíamos nenhuma.

Eu fiquei chocada… E ele até me sugeriu um nome, que eu adorei: “Caiçara Ágil”. Senti uma faísca de esperança e resolvi agarrar a oportunidade. Como ele tinha contatos em São Paulo, se ofereceu para me ajudar com os palestrantes e eu me vi envolvida com o início de uma comunidade!

O que eu fiz? Corri com uma amiga que me acompanhou nessa trajetória para achar um lugar. Era a Deysiane, que sempre foi minha parceira de eventos e é uma menina mega inteligente e super tímida. Enfim, nos unimos e fomos de porta em porta pedir apoio de vários lugares… Começou uma sequência de negativas bem desanimadora… até que eu descobri o poder do network.

NETWORK: UMA FERRAMENTA PODEROSA

Comentei com o Willian sobre a ideia da comunidade, que falou com o Thiago Vigliar (por coincidência, eu o conheci em um meetup de Produtos no Google — esse dia foi louco, né Deyse? kkkk), que por sua vez, falou com o Alexandre Ferraz , que adorou a ideia. Rede de Relacionamentos Profissionais construída! O Alexandre me passou o contato de um dos professores mais bacanas que eu já conheci: Guto Pazetti. Marquei uma reunião com ele na Fatec de Praia Grande, conversamos, expliquei a ideia e ele abraçou o projeto (embrionário).

Em seguida fizemos outra reunião, dessa vez com a coordenação da Fatec de Santos. Lá, eu conheci a Eliana, que ajudou com a infraestrutura necessária para o Caiçara Ágil nascer. O legal foi perceber que ela também viu valor naquilo e começamos os preparativos para o nosso primeiro meetup. Para abrir o movimento com chave de ouro, convidei as pessoas do network para palestrar: Marco Antonio, Thiago Vigliar e Alexandre Ferraz!

NOSSO PRIMEIRO MEETUP

A louca cheia de sonhos!

O evento aconteceu em um sábado de manhã, fazia sol… e contamos cerca de 200 pessoas entre alunos e profissionais. Conseguimos fazer alguns sorteios, começamos a montar nossas redes sociais e, cara, foi maravilhoso! Eu era só uma louca cheia de sonhos, que arrastou e movimentou uma galera para ajudar a comunidade a crescer.

SEGUINDO O BAILE

Desde então, fizemos outros eventos, como o One Agile Day — que também foi uma iniciativa do Marco Antonio. Lá, eu conheci caras incríveis, como o Alexandre Abdala, o André Cipolini, o Anderson Mendes… e muitos outros! Entre essas pessoas, eu cito mulheres incríveis que me ajudaram muito com os demais eventos: Janaina Biondo, Aline Giunge, Ana Julia Bravo e aquela que sempre foi uma referência e me orientou em tantos momentos : a Annelise Gripp.

Time formado…

O que antes era eu puxando na marra duas amigas (Deyse e Nathalia: confesso que eu nunca perguntei de verdade o que vocês queriam kkkk. Rindo, mas melhorando), virou um time feminino super querendo movimentar a comunidade!

Legal, finalmente éramos um time! Mas ninguém me falou que eu tinha grandes dificuldades em lidar com trabalho em grupo. E confesso que estou em processo de construção.

Tive que lidar com os objetivos de vida diferentes dos meus naquele momento:

  • A Nathalia, por exemplo, estava organizando sua viagem para o Canadá;
  • A Deysiane estava migrando de DEV para QA;
  • A Aline estava fazendo um monte de cursos em São Paulo;

Nisso, eu acabei me estressando e tomei a frente de tudo com a Janaína e a Ana Julia. Fizemos o último evento do ano: um workshop de UX com a maravilhosa Carla de Bona e a Isabelle Galvão. E que evento! Sou muito grata às duas, que são profissionais completas e pessoas muito maravilhosas.

DILEMA DO TRABALHO VOLUNTÁRIO

Trabalhar com comunidade é voluntário. Nunca ganhamos nada além de troca de conhecimento. A galera gastava com gasolina, material, investia seus finais de semana e horas do dia para organizar… Lembro que, no dia do workshop de UX, não tínhamos nem água para a Carla e a Isabelle. Aliás, eu nunca saberei como agradecer por aquele dia.

Aprendendo na prática ….

Eu não li nenhuma cartilha, eu simplesmente saí fazendo e fui aprendendo bem hands on kkkkkk.

Sabe o trabalho em equipe? Então, naquela época eu estava cansada e bem estressada. Neste meio tempo, mudei de empresa duas vezes… e eu estava enfrentando uma das barras mais difíceis que é sair da zona de conforto.

Eu não soube lidar com a priorização dos demais integrantes do grupo. Eu queria que todos agissem exatamente como eu. Faltou empatia. Percebi que era o momento ideal para dar um tempo e colocar a cabeça no lugar.

Enquanto isso, comecei a frequentar meetups mais técnicos em São Paulo e foquei mais no meu momento profissional.

VERSION 2018

No começo de 2018, a Janaina e a Nathalia me deram um apoio inesperado para eu não desistir da comunidade.

Começamos a desenhar os próximos passos e comecei a me engajar em comunidades femininas. Me abri para o universo da sororidade e, nossa, como ele é bom! Estou quebrando paradigmas e percebendo um monte de coisas.

EM CASA DE FERREIRO… O ESPETO É DE QUE?

Percebi que poderia começar a mudança dentro da minha casa, afinal, se eu não souber lidar com o time “família” como vou saber lidar com os demais? Empatia com quem está perto é bem desafiador. Sororidade, simpatia, gratidão e olhar para o outro como um ser humano pode parecer maravilhoso na teoria, mas na prática é bem complicado.

Conheci comunidades maravilhosas, como o Womakerscode, o Elas Programam e….o sonhado Devs Java Girls!

Em paralelo eu conheci o Movimento Baixada Nerd e entrei de corpo, alma e bots (entendedores entenderão) para este projeto maravilhoso — que tem um propósito incrível!

E o Caiçara? Ele vai bem também! Fizemos nosso primeiro evento com a ajuda maravilhosa dos meninos do Papo Ágil! (Mateus e Filipe, muito obrigada!)

Agora, o time cresceu e se tornou misto! São pessoas, como Willian Resille, Danilo Hernandes, Gabriel Rubens, João Loureiro, Daniel Araujo, Isabela e Andreazzi que acreditam na comunidade e que estão agregando demais seus conhecimentos na equipe. Como tudo na vida é questão de administrar, será necessário me afastar um pouco do Caiçara. Estou focando em projetos com um viés mais técnico e sei que o time vai dar conta do recado.

KAIZEN

Como eu falo desde o conteúdo 01, estou em processo de melhoria, certo? Logo no começo dos meus estudos de Agile, conheci a palavra KAIZEN. Entendi e incorporei o que ela significa e percebi que poderia evoluir em muitos aspectos. E, cara, vai por mim… quando você muda, tudo muda ao seu redor! Eu não acreditava muito, mas hoje vivo essa realidade.

Encerro este texto dizendo, que nada disso seria possível sem o ser humano, com diversas formações, culturas, gêneros, idades, classe social, cor, credo e conhecimento.

Eu sou o resultado da soma de todos que passam ou passaram algum tempo comigo. Na minha experiência, as comunidades transformam e são de grande valor! Eu realmente me encontrei e descobri o que me motiva: pessoas!

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