Prazer proibido: a subversão do saboroso gosto do cu

Pedro Lira
2 min readMay 15, 2018

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Gosto de cu. Isso mesmo, aquele sabor que ninguém fala. Aquele prazer silencioso que os amantes apreciadores ainda vivem em segredo, silenciados pelos tabus dos frígidos. Silêncio quebrado apenas por gemidos de prazer, súplicas que imploram para que o ato não se acabe, ao mesmo tempo que pedem pelo orgástico fim.

Gosto de sexo do tipo selvagem, sem frescura, sem amarras. Sexo honesto, faminto, urgente. Sexo que exige lamber cada parte do corpo, e para, por puro luxo e subversão, no cu. É que lingua lá em baixo é rebeldia, é covardia, é anúncio de sodomia. É rebolar na cara do outro como ato de poder, e ao mesmo tempo, total submissão. Derrubar muralhas e abrir as proteções da zona do corpo mais sensível no debate social. Muito se fala de pau e buceta, mas não do cu. Aquilo ali é tudo, sujo, feio, errado, doente, menos saboroso.

Pois os rebeldes vão lá, e saboreiam cada dobra de pele do cu. Gosto que se mistura à saliva, pelos e suor. Gosto que fica na boca, e depois vai para a boca do outro. Que deixa seu cheiro impregnado na barba, nos dedos, no pele. Marca o nariz, que fica vermelho de tanto se esfregar entre nádegas quentes e apaixonadas.

O que há de tão mágico em passear com a língua no cu? A simples possibilidade de fazê-lo. Não é para qualquer um a coragem e libertinagem de se aventurar em terras tão malvistas, e ainda assim, tão benditas da anatomia humana. Pois não há nada mais errado do que chupar um cu. E é esse o sabor de lá: do proibido, do rebelde e do libertador ato sexual livre do gosto insosso do papai e mamãe.

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Pedro Lira

Jornalista, social media, bruxão — escrevo de tudo um pouco, sempre jogando um LGBT no meio 🏳️‍🌈