Pedro e o Cubo

Diário Cubista #1 — Uma breve introdução ao Diário Cubista e à minha história com o cubo mágico

Pedro Miranda
6 min readFeb 7, 2019

Seja bem-vindo ao Diário Cubista, um espaço em que eu, Pedro Miranda, vou escrever artigos sobre os mais variados assuntos cubísticos.

Eu tenho dezoito anos, sou brasiliense e estudo direito na Universidade de Brasília. Gosto de escutar e tocar música, de ler e de cubo mágico.

Pela minha página da WCA, talvez dê para perceber, mais ou menos, quais são os meus eventos principais: atualmente, estou focando em 3x3, 2x2, 4x4 e Megaminx. Eventualmente, pretendo expandir meu foco para 5–7 e OH, fechando a lista de eventos principais de speedcuber modinha.

Após uma retrospectiva do ano que passou e de uma reflexão sobre o atual ano, percebi que o cubo mágico é uma parte muito mais importante da minha vida do que eu tinha consciência. Por isso, decidi dar ao cubo a atenção que ele realmente merece.

Ainda tenho muitos objetivos que quero alcançar oficialmente nas competições, na comunidade, e em geral. Gostaria de me tornar sub-9 (8?) no 3x3, pegar mais alguns pódios no campeonato brasileiro (quem diria que eu peguei terceiro lugar no Mega em 2016), participar de muitos mais campeonatos em lugares diferentes, conhecer novas cubistas, entre muitos outros.

Uma das coisas que gostaria de fazer é criar conteúdo compartilhando minhas opiniões, visões e interesses no cubo mágico. Não me sinto muito numa vibe youtuber; um podcast vai ter que ficar para outra hora. Decidi, então, escrever.

Um ponto que acho especialmente positivo da escrita é quão flexível ela é. Posso compartilhar histórias, fazer análises técnicas ou até refletir sobre o estado da comunidade. Pretendo, ao longo do desenvolvimento dessa série, tirar vantagem de toda essa flexibilidade para explorar os mais diversos aspectos do cubo mágico.

Não sei ainda com que regularidade vou postar novos artigos, mas algo perto de um por semana seria bem interessante. Antes até de começar a escrever esse, já tinha uma lista imensa de temas que quero eventualmente explorar. Alguns são bem simples e dependem apenas de sentar para escrever o que já está na minha cabeça. Outros requerem uma pesquisa tão aprofundada que me dão um pouco de medo. Todos eles, porém, são interessantíssimos (espero).

Como esse vai ser o primeiro artigo do “blog”, escolhi um tema mais relaxado e decidi contar a história de como me interessei pelo cubo mágico até me tornar um cubista.

Espero que gostem.

Little Pedro

A minha relação com um cubo mágico é longa. Quando eu tinha nove ou dez anos, meu irmão começou a aprender a resolver o cubo mágico. Inicialmente, não me interessei muito pelo cubo senão lateralmente. Às vezes, eu cronometrava as resoluções dele com um relógio de pulso. Ele fazia ~50 segundos de média.

Uma das coisas que mais me deixou intrigado era uma lista, que agora eu sei que era de algorítimos, que meu irmão estava usando. Na época, aqueles algorítimos não faziam sentido e hoje eles fazem menos ainda. Eram algorítimos de 4x4 ou de 5x5. Que algorítimos meu irmão poderia estar aprendendo se não era nem sub-30 no 3x3? L2E? Uma lista longa de algs de paridade? Ainda não consegui descobrir.

O 2x2 que ele tinha era um cubo bem simples, ainda com adesivo roxo invés de vermelho. Outro dia, fui tentar fazer uma ao5 com ele e precisei de muita força de vontade para chegar no fim. Ele não era bom nem confortável mas, como a maioria dos cubos da época, era o que estava tendo.

Em uma viagem, meu irmão conseguiu, depois de algum esforço, me ensinar a resolver esse 2x2 (famigerado cubo de criança). Com o método de camadas padrão, com sune e a PLL A para a segunda camada, eu até que me virava. Eu corria para terminar o 2x2 mais rápido do que o meu irmão resolvia o 3x3. Não me lembro bem, mas provavelmente ele ganhava na maioria das vezes.

Passada a viagem, brinquei um pouco mais com o cubo mas, depois do interesse inicial, deixei o cubo de lado. O interesse do meu irmão, depois de certo tempo, também morreu. Os cubos ficaram esquecidos na gaveta por um tempo.

Ressuscitação

Em 2013, três (?) anos depois, na oitava série (ou nono ano se você é desses), um colega de sala, João Pedro, começou a resolver o cubo mágico. Eu, que sempre fui muito competitivo, quis logo participar também brincadeira. Com o pouco que eu lembrava do 2x2, auxiliado pela intuição/força bruta, consegui resolver a primeira camada, e nada mais.

Fiquei um pouco frustrado, porque queria logo resolver também o 3x3 e, pela minha lógica, não tinha tanta diferença entre um 2x2 e um 3x3, então eu deveria conseguir sozinho. Tentei resolver a segunda camada sem nenhum sucesso.

Assim que cheguei em casa, peguei o 3x3 antigo do meu irmão e fui logo aprendendo como resolver o resto. Não lembro exatamente de onde aprendi os passos finais, mas sei que logo logo eu estava também resolvendo o cubo mágico (com a cruz só branca :/).

Essa foi a faísca inicial que me atraiu para o cubo mágico. Eu estava com ele na mão (dando pops) em todos os lugares: na escola, na aula de inglês e até no ônibus.

Pedi para o meu pai um 3x3 Dayan Zhanchi (👌), que eu ainda não sabia que era de 50 milímetros, e um 2x2 shengshou (💩). Com esses cubos, treinei um pouco mais casualmente, mas com nenhum comprometimento grande.

Ivan

No início de 2014, conheci alguém que terminaria de trilhar o início do meu caminho no cubo mágico.

Ivan era um estudante da minha escola um ano mais velho que eu. Talvez por ele ser mais velho, ele se tornou para mim, e acho que eu para ele, um Gary, rival de todas as disputas.

Estávamos sempre competindo para passar na frente do outro. Sempre que batíamos o nosso PB, não podíamos esperar a hora de encontrar com o outro para exibir o novo troféu.

Por muito tempo, essa disputa acirrada continuou nos empurrando para frente. No meu primeiro campeonato, o Brasília Open 2014, ele foi capaz de me vencer por alguns segundos.

Primeira rodada do Brasília Open 2014

No ano seguinte, eu continuei treinando muito. Comecei a me aproximar de sub-20, já com um Dayan Zanchi de tamanho normal. Para o Ivan, especialmente, aquele era um ano importante. Era o ano dos vestibulares. Eu comecei a passar ele, enquanto cada vez mais ele ficava para trás. Para ele, a escola e os estudos começaram a entrar em conflito com o cubo.

Em algum momento daquele ano, ele falou para mim:

Como você arranja tanto tempo para treinar? Ano que vem, no terceiro ano, você vai ter que parar um pouco de treinar para estudar para o vestibular.

No ano seguinte, surpreendentemente (hihi), não consegui me afastar muito do cubo. Fui capaz de conciliar o cubo mágico e os estudos muito bem. Continuei treinando num ritmo acelerado, e obtive os resultados que queria. 2016 foi o meu ano mais forte até então. Consegui muitos pódios, PBs e amigos.

Eventualmente, o Ivan entrou na faculdade e se afastou do cubo mágico. Eu, por outro lado, me aproximei cada vez mais do cubo. Com ele, cheguei a lugares que nunca pensava. Conheci pessoas novas, fiz amigos e tive oportunidades que me marcaram profundamente, e até hoje marcam.

Conclusão inicial

Agradeço ao meu irmão André por ter me interessado inicialmente no cubo mágico. Agradeço ao meu amigo João Pedro por ter introduzido o cubo na nossa sala da escola. Finalmente, agradeço ao meu amigo Ivan por ter me motivado a continuar forte nos treinos.

Como mencionei no início, esse primeiro artigo serviu para contar um pouco de quem eu sou e da minha história com o cubo mágico. Pretendo falar sobre muitos assuntos diferentes, desde análises técnicas de resoluções de 3x3 até entrevistas com personalidades diferentes do mundo do cubo mágico.

No próximo artigo, vou analisar uma solve oficial topzeira do Feliks Zemdegs.

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