Genetrix

Ó Rosa, sublime pétala que cai e se eleva
Bruma de frescor que salpica em névoa
Tão oculta aos olhos brutos, sensorial opimo
Me arrasta a vida tu, deusa em passional timo

Vosso aroma perpassa todo florescer
Textura em pele de toque suave
Coração que aquece ao vibrar do ser
De tão vivo viço que me traz à terra
Sobre plumas dos que puxam tuas naves.

Não és o odor que necessita de corpo
És todo corpo que perfuma em todo canto
À ti minha prece, vertida em pranto
Quando abarcou-me em teu luzidio colo
Retirou-me afável de tão amplo abisso
Às margens cíprias onde agora moro.

Eia, venturosa e bela!
Meus arrepios em ti se aplacam
A dor da vida em ti se anula
A natureza é tua marca
Pegadas de tua chegada,
Aurora de teu nascimento.

Ó Rosa, sempreflorida deusa
Venha em tua forma áurea
Fulgure em cada memória
Perfeita umidade de brumas
Salpico salgado de mar
Pétalas que esvoaçam no ar.

Ó ondas, ó ventos,
Paixões e sentimentos
União de Cálices e Espadas,
Farfalhar de ninfas enamoradas,
Venham e adornem a deusa
Em seu erótico sacramento.

Ó Rosa, ó Vênus, afrogênita
Genetriz de todas as feras
Sendo eu fera e semente
Venha minha vida gerar.

– Pedro V. M. Costa