Nu Jazz

O Nu Jazz é um gênero musical que surgiu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, como uma fusão do jazz tradicional com elementos da música eletrônica e hip hop. A origem do gênero pode ser rastreada a partir do Acid Jazz, um movimento musical criado na Inglaterra no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, que buscava reviver o jazz dos anos 60 e 70, incorporando elementos do funk, soul e música eletrônica.

O Acid Jazz teve seu auge no início dos anos 90, mas começou a declinar rapidamente em popularidade, à medida que novos gêneros musicais surgiram. No entanto, os artistas que faziam parte desse movimento continuaram a experimentar, incorporando elementos eletrônicos em suas produções e criando um novo som que viria a ser conhecido como Nu Jazz.

Uma das principais características desse gênero musical é a fusão de elementos acústicos e eletrônicos, como samples de bateria e loops de guitarra, com improvisação de instrumentos tradicionais, como saxofone, trompete e piano. O gênero também é conhecido por incorporar elementos de música eletrônica, como batidas de house e techno, e elementos de hip hop, como scratching e samples de rap.

O termo "Nu Jazz" , também conhecido como “Future Jazz”, foi cunhado pelo DJ inglês Patrick Forge, em referência à crescente cena de jazz contemporâneo que estava emergindo em Londres, no final dos anos 90. Ele descrevia uma nova abordagem do jazz, que não se limitava ao passado e não tinha medo de incorporar elementos modernos. Embora tenha suas raízes na música dos anos 60 e 70, como a música de Miles Davis, Herbie Hancock, Weather Report e outros, foi somente na década de 90 que esse gênero começou a se tornar popular. Com a chegada da era digital, a música eletrônica se tornou mais acessível, o que permitiu aos músicos de jazz experimentar novas abordagens.

O movimento começou em clubes noturnos de Londres, como o Dingwalls e o Jazz Cafe, que se tornaram os pontos de encontro para os músicos e artistas da cena emergente. A nova abordagem do jazz ganhou popularidade rapidamente, e logo se espalhou para outros países, incluindo Alemanha, França, Japão e Estados Unidos.

Uma das primeiras bandas a serem identificadas com o Nu Jazz foi o Jazz Warriors, um coletivo de músicos liderado pelo saxofonista Courtney Pine. Outros artistas importantes incluem Ronny Jordan, St. Germain, Jazzanova, Jazztronik, 4hero, entre outros. Muitos desses artistas eram DJs e produtores de música eletrônica que usavam o jazz como uma fonte de inspiração para criar uma nova música que incorporasse elementos de ambos os gêneros.

A fusão do jazz com a música eletrônica levou a um som que era ao mesmo tempo experimental e acessível. O Nu Jazz tornou-se uma forma de música sofisticada e dançante, com ênfase em grooves pesados, batidas eletrônicas e loops. A música frequentemente incorporava amostras de gravações antigas de jazz, adicionando um elemento de nostalgia à mistura.

Caracterizado também por uma ênfase em instrumentos acústicos, como o saxofone, o trompete e o piano, em contraste com a música eletrônica, que usa principalmente instrumentos sintetizados. Essa fusão de elementos acústicos e eletrônicos resulta em uma sonoridade única e eclética.Nos anos 2000, o Nu Jazz tornou-se uma influência significativa em outras áreas da música eletrônica, incluindo o trip hop, o house e o drum and bass. Artistas como Bonobo, Flying Lotus e Portishead são alguns dos exemplos de músicos que foram influenciados pelo Nu Jazz.

Um dos subgêneros que mais influenciou o desenvolvimento do Nu Jazz é o Dub, que se originou na Jamaica na década de 1960.O Dub é uma forma de música reggae que se caracteriza por seu uso de técnicas de gravação e produção de som para criar efeitos espaciais e de reverberação, além de uma ênfase nos graves e na percussão. O Dub é conhecido por seu estilo minimalista, com faixas frequentemente compostas de poucos elementos, permitindo que cada parte da música seja claramente ouvida.

O gênero compartilha algumas características com o Dub, como uma preferência por baixos pesados e um foco na atmosfera e na textura. Muitos produtores de Nu Jazz incorporam elementos de Dub em suas produções, incluindo técnicas de produção e gravação como delay, reverb e filtros, além de elementos percussivos como baterias eletrônicas e instrumentos de percussão.

Um exemplo de artista que incorpora elementos de Dub em sua música é o produtor alemão Jazzanova. Em seu álbum "In Between", lançado em 2002, Jazzanova incluiu faixas como "L.O.V.E. and You & I" e "The One-Tet" que apresentam uma forte influência de Dub, com percussão pesada e efeitos de reverb e delay.

Outro artista que tem uma forte conexão com o Dub é o produtor britânico Bonobo. Seu álbum "Dial 'M' for Monkey", lançado em 2003, apresenta uma mistura de elementos de jazz, hip hop e eletrônica, combinados com técnicas de produção de Dub para criar uma atmosfera única e distinta. Os artistas Singularis e Shaka-lion possuem uma versão interessante da música “Silver” de Bonono chamada “ Depois do Eclipse “. A música une variados gêneros como afro swing, trip-hop e dub e faz uso de referências sonoras e de timbragens do grime.

Nu Jazz teve uma grande influência no Brasil e é frequentemente associado a artistas e produtores brasileiros.Uma das gravadoras pioneiras em lançar o Nu Jazz no Brasil foi a Trama, que em 2000 lançou a coletânea "Brazilian Groove", com faixas de artistas internacionais e brasileiros, como Zuco 103, Da Lata e Suba. A Trama também lançou em 2002 o primeiro álbum do grupo de Nu Jazz brasileiro Nuspirit Helsinki, intitulado "Nuspirit Helsinki".

Outra gravadora que teve um papel importante na popularização do Nu Jazz no Brasil foi a Deckdisc, que em 2002 lançou a coletânea "Brazilian Love Affair", com 5 volumes e faixas de artistas como Marcos Valle, Azymuth e Ed Motta, além de remixes de artistas de Nu Jazz como Jazzanova e Nicola Conte.O selo inglês Far Out Recordings, que tem uma forte conexão com a música brasileira, também lançou alguns dos principais álbuns de Nu Jazz no Brasil, como "Nuspirit Helsinki" (2002) e "Sambass" (2003) de Marcos Valle.

Um dos principais expoentes do gênero é o produtor e multi-instrumentista paulistano Amon Tobin, que lançou vários álbuns pela gravadora Ninja Tune, incluindo "Permutation" (1998) e "Out From Out Where" (2002).A cena no Brasil também se desenvolveu em torno de festas e eventos, como o festival Sónar, que teve uma edição em São Paulo em 2004 e contou com apresentações de artistas de Nu Jazz como Bugz in the Attic e Jazzanova.