Por que trocar livros de papel por um Kindle

Philipe Martins
10 min readFeb 5, 2018

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Nós mudamos a forma de ouvir música, assistir filmes e nos comunicar.
Por que não mudar também a forma de ler?

Amazon Kindle Paperwhite

Minhas atividades de leitura começaram efetivamente em meados de 2009. Relativamente tarde para quem nasceu em 1988. Os livros que eu tinha lido antes de 2009 foram os da escola, e considero que nem o fiz, uma vez que se passara 5 anos desde o fim do ensino médio, período este em que as leituras eram as obrigatórias pela ementa da matéria de literatura. Em sua maioria livros chatos para a nossa idade, impróprios para nossa realidade, mas obrigatórios por um sistema de ensino que, eu considero, totalmente falido. Quem vos escreve não tem curso superior, tampouco prestou vestibular. Estudou somente em cursos técnicos e profissionalizantes onde não se exigia leitura literária. O que quero dizer com isso? O que leio não é imposto a mim. Tenho a liberdade de escolher meus livros. Um adulto normal.

Nunca fui fã de leituras de ficção, mas sempre tive facilidade de me apegar a narrativas em primeira pessoa e sempre de relatos reais. Me lembro que as primeiras paixões literárias dessa época foram: Band of Brothers (Stephen E. Ambrose), livro que deu origem à famosa e homônima série da HBO; Elite da Tropa (Rodrigo Pimentel), livro que deu origem ao filme brasileiro Tropa de Elite; e C.O.T. Charlie Oscar Tango, de Eduardo Bettini e Fabiano Tomazi. Percebe-se minha paixão por livros de conflitos diplomáticos militares e operações policiais. Após a leitura desses três livros aumentei o volume e com isso a compra de vários outros. Sempre livros de papel, convencionais. Completei a coleção do Ambrose, comprei outros livros escritos por policiais brasileiros e muitos outros que relatam operações especiais e conflitos militares.

Antes disso, um amigo próximo, por volta de 2007 tinha ido aos USA e comprado um Amazon Kindle, ainda em sua primeira geração. Eu simplesmente não acreditei na ideia de que a leitura poderia ser feita em uma tela. Eu tinha ainda a ideia de que o cheiro do livro era importante, ir à livraria era importante, sentir a textura do papel era importante entre outros preciosismos que hoje considero pífios.
Eu concordo que não era hora de migrar completamente para o formato digital de leitura. Na época eram encontrados poucos livros em português para essa plataforma, o custo ainda não era vantajoso, o e-reader era caro e os livros também. Mas o tempo foi passando e as coisas evoluindo.

Acompanhei a ascensão dos e-book e e-readers por todos esses anos mas não tinha um em mãos, até que em 2017 comecei usar o Kindle. Ganhei da minha (ex) esposa um Kindle Gen8. Em 2016 eu tinha a presenteado com um Kindle também. Foram 10 anos de resistência.

Quando falo de Kindle (Amazon) é simplesmente para exemplificar o meu dispositivo, o que eu uso (mais precisamente um Amazon Kindle Gen8), mas generalizando o uso de e-readers você pode considerar qualquer outro concorrente: Lev (Saraiva), Kobo (Livraria Cultura) e qualquer outro que você conheça e eu ainda não tive acesso. Este artigo em caráter pessoal mostra o meu dispositivo, mas o fundamento serve para o conceito de e-book e e-reader em geral.

Da esqueda para direita: Amazon Kindle / Saraiva Lev / Cultura Kobo

O que me fez migrar para os livros digitais? Resposta simples: eles são a evolução, a versatilidade e principalmente a economia financeira da atividade de leitura.

Vou ramificar essas 3 vertentes e mais adiante falar de alguns pontos que são plus para o uso desses dispositivos.

  1. Evolução: a leitura até meados dos anos 2000 ainda era praticamente a mesma desde os primórdios dessa prática, com exceção de um ponto: no início do século passado os livros começaram ser produzidos e impressos em larga escala. Inicialmente eram como pinturas: únicos. Então se a larga escala de produção já contribuiu para a evolução da humanidade, transportando a mesma informação e conhecimento de forma diversificada pelos cantos do mundo, imagina de forma totalmente digital!? Você pode tentar negar, mas sim, o mundo é digital. A leitura demorou para ser digital também. A música e o cinema estavam, à época do surgimento dos e-books, anos à frente. O MP3 e o vídeo digital já faziam parte da nossa vida desde o início dos anos 2000;
  2. Versatilidade: um Kindle tem peso e volume menores que qualquer livro de papel (em média 160g, tela de 6"). A durabilidade da bateria no dispositivo também é um ponto a se tocar, é possível ler por várias semanas com apenas uma carga da bateria. Para quem está acostumado a carregar seus smartphones, smartwatches, tablets e notebooks diariamente, esqueça essa prática com o Kindle. A facilidade de comprar os livros é fantástica também. Você não precisa ir à livraria nem entrar em sites. A livraria está ali, nas suas mãos e a qualquer hora. E melhor, não precisa esperar a entrega, você baixa e na hora já começa ler. Se você tem dúvida se um livro é bom o suficiente para pagar por ele, basta baixar somente a amostra, e se gostar paga pela leitura do restante. Seus amigos também podem te presentear com e-books e você pode fazer o mesmo. Instantaneamente. Um ponto a se destacar: são vários livros no mesmo dispositivo. Os arquivos e-books são pequenos.
    A facilidade e adaptação à leitura também é fantástica: quando eu comprava livros de papel as vezes me decepcionava com a disposição e tipografia do texto. No e-book você pode alterar o tamanho, espaçamento e tipografia da fonte. Totalmente personalizável.
    Mais adiante eu falo sobre alguns plus que a leitura de e-book oferece.
  3. Economia: os valores dos e-books são relativamente baixos, alguns chegam a custar 1/3 do valor do mesmo título em versão de papel. Acredito, pois não sou profundo conhecedor da área, que os autores tenham ganhos iguais sobre a venda em ambas plataformas, uma vez que é notório e lógico que o produto digital não tem matéria prima, energia, mão de obra e logística envolvidos como o de papel.
    Além disso, dando o exemplo da Amazon, diariamente são disponibilizados títulos gratuitos de inúmeras obras. Algumas lojas de acessórios para Kindle sempre presenteiam seus clientes com mimos e-books. Destaque para um serviço da Amazon que a Saraiva e Livraria Cultura ainda não fornecem: o Unlimited. É uma assinatura de biblioteca virtual. Você paga uma mensalidade e tem acesso a diversos livros, onde, obviamente é muito mais econômico que comprá-los individualmente. O que a Netflix oferece para cinema, o Spotify para músicas, a Amazon fornece para a leitura.
    Para quem questionar o custo de compra do dispositivo, em média R$299 (em janeiro de 2018), é o custo médio de 8 livros de papel. Mas se você aproveitar a Black Friday ou promoções de feriados importantes, ele pode te custar apenas R$199.

Por que ter um e-reader se meu smartphone, tablet e meu computador fazem leitura de e-books?

Simples: porquê o e-reader é feito para ler. Ele não vai te distrair com notificações de WhatsApp, não vai ser pequeno ou grande demais para causar desconforto nas mãos ou precisar de uma mesa para ser utilizado. Ele não vai cansar suas vistas com uma tela LCD retroiluminada e não tem vidro para causar desconforto com reflexos indesejados. A experiência de uso de um dispositivo fidedigno ao que se destina é muito diferente do que em um dispositivo multi tarefa como um smartphone.

Plus

Sobre os plus quais falei em alguns pontos anteriores vou listá-los aqui. Se tratam de opções que os e-books / e-readers trouxeram além da leitura, somando experiências à essa atividade e ampliando horizontes:

  1. Dicionário incorporado: é possível consultar em um dicionário o significado de alguma palavra do texto, basta pressionar a tela sobre a palavra e automaticamente aparece a opção dicionário;
  2. Tradutor on line: quando você está conectado a uma rede Wi-Fi ou usa um e-reader com 4G, você consegue traduzir palavras diretamente da tela do texto;
  3. Paralelo com Wikipedia: da mesma forma que você consegue traduzir você consegue pesquisar sobre aquele termo no Wikipedia (com conexão Wi-Fi ou 4G);
  4. Marcador de texto: algumas pessoas tem um marca texto neon sempre à mão para grifar seus livros, no Kindle isso é muito fácil também, basta tocar a tela. E além de marcar seus textos você pode compartilhar com seus amigos nas redes sociais aqueles trechos grifados;
  5. Marca páginas nunca mais: o Kindle é totalmente digital e marca exatamente a posição onde você parou a leitura de cada livro;
  6. Notas pontuais: você pode adicionar notas, como um post it, onde quiser. As notas ficam salvas em uma pasta e mesmo se você deletar ou deixar de ter o livro em seu dispositivo, elas não são apagadas com ele;
  7. Compartilhamento de biblioteca entre dispositivos: é possível compartilhar sua biblioteca em tempo real (notas, progresso de leitura, marcações) com qualquer dispositivo qual você tenha o app Kindle instalado. Caso você saia de casa e não leve seu Kindle, pode continuar lendo no smartphone e realizando todas as atividades normais, e quando retornar ao dispositivo Kindle ele sincroniza tudo que foi feito;
  8. Leitura de PDF e documentos: os e-reader executam as atividades de leitura de PDF (com limitação de qualidade de imagem JPEG). E você também pode utilizá-lo como dispositivo de armazenamento (pen drive). Alguns e-reader como o Lev da Saraiva e o Kobo da Livraria Cultura, possuem slot para cartão Micro SD, podendo ser utilizado como grande capacidade de armazenamento. O Kindle da Amazon se limita a 4Gb;
  9. Organização de coleções: o armazenamento dos e-books no dispositivo é feito em uma única pasta, mas você pode organizá-lo de forma lógica como quiser. Pode, por exemplo, separar seus livros em pastas por autor, ou por gênero, por ano de publicação etc. Virtualmente é tudo mais fácil e prático;
  10. Print-Screen: também é possível “fotografar” a tela do Kindle. Os arquivos gerados ficam armazenados no dispositivo em formato JPEG (imagem);
  11. Navegador experimental: o Kindle não é um smartphone nem um tablet, é um e-reader, foi feito para leitura. Mas ele tem um navegador incorporado que, óbvio, não vai ter tantas funções como o Chrome ou Safari, mas pode ser utilizado tranquilamente em alguma situação emergencial ou de forma rápida, onde não se exige a velocidade e qualidade de imagem de um navegador padrão;
  12. Modo paisagem: a maioria das pessoas prefere ler com o dispositivo em modo retrato (vertical), mas é possível utilizá-lo também no modo paisagem (horizontal);
  13. Mapeamento de e-book: no dispositivo você consegue acessar qualquer posição sem que tenha que passar página por página. A maioria deles é mapeado e você consegue enxergar o “esqueleto” do e-book;
  14. Monitoramento do progresso de leitura: os e-reader não mapeiam os e-books por número de páginas, e sim por número de posições; uma vez que se você altera o espaçamento, as margens e o tamanho da fonte, naturalmente o número de páginas virtuais serão alteradas, por isso a marcação é feita por posição. O monitoramento do progresso de leitura é útil, pois ele faz uma média do seu tempo de leitura por posição e calcula quanto tempo você já leu e também a média de em quanto tempo vai terminar a leitura. Além de mostrar o percentual de evolução no livro;
  15. Assinatura de jornais e revistas: você pode ter seu diário de notícias no seu Kindle, ou sua revista preferida. A maioria dos jornais internacionais, El Pais, New York Times, The Guardian etc já estão disponíveis para assinaturas na plataforma Amazon Kindle.
1) dicionário / 2) progresso de leitura / 3) configuração de fonte / 4) marcação de texto e adição de nota.

Contras

Como nada é perfeito, vamos ao pontos negativos que eu observo no Kindle:

  1. O modelo mais básico, o que eu uso atualmente, não conta com tela retroiluminada. Portanto, no ônibus, no avião ou no quarto a noite é necessária uma fonte de luz, como a leitura em um livro de papel;
  2. A leitura de PDF e quadrinhos não é exatamente o que a gente espera. Os e-readers precisam evoluir nesse ponto e melhorar a experiência e usabilidade desses formatos; mas para o fim ao qual se destinam (e-books) são excelentes;
  3. Acessórios caros: o Kindle vem acompanhado em sua caixa apenas de um cabo Micro USB (V8), como os utilizados em smartphones Android. O carregamento deve ser feito no USB de algum computador, ou você pode comprar um adaptador de energia bivolt que custa muito caro (algo perto de R$80). As capas para o Kindle também não são baratas, se prepare para pagar em média R$100). Eu uso o meu na mochila sem capa, ou em uma luva de neopreme para tablet de 10", que custa no mercado popular algo em torno de R$15.
  4. Nem tudo está no universo e-book: infelizmente nem todo livro está disponível no universo digital. Aqueles livros pouco vendidos, autores pouco famosos e editoras pequenas não conseguem lançar um produto digital nessas plataformas. Mas isso é facilmente resolvido: compre o de papel para esses casos. Ter um e-reader não te impede de ler o livro de papel.

Aspecto ambiental

O mundo enfrenta vários problemas ambientais, entre eles o consumo de papel. É notório que com o advento da internet o consumo de papel nas revistas e jornais tenha diminuído consideravelmente, mas somente agora os e-book estão em ascensão e contribuindo para o fator ambiental.

Sem dúvidas os empresários de editoras não estão nada satisfeitos com essa plataforma, afinal, é com impressão de papel que eles se sustentam e mantém seu negócio. Mas como disse Darwin: “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

O mundo já é digital faz tempo. Talvez você ainda não saiba disso, ou está com preguiça de saber.
Seja digital, também.

Você pode clicar aqui para comprar seu Kindle direto na Amazon.

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