A mágica de entregar resultado e ir embora cedo

Hoje, às 18:08, juntei minhas coisas para ir embora e fui supreendido com a pergunta: “Nossa, mas já? A vida tá boa hein!”. Na hora eu sorri e respondi: “Cheguei cedo, entreguei no prazo, e tô saindo no horário!”

Só que, logo em seguida, fiquei pensando em como isso já foi uma realidade tão distante pra mim! Porque era normal chegar cedo, me afundar em uma pilha imensa de coisas pra fazer e bater 18h sem ter entregado tudo o que eu queria (ou precisava!) Ficava até mais tarde, virava a noite, saía frustrado. E não sobrava tempo pra mais nada.

Houve um tempo em que eu achava que isso era normal. “A vida de dono de empresa é assim mesmo!”, pensava, esperando o dia em que isso acabaria por algum milagre! Mas não acabaria, porque o problema era, fundamentalmente, má gestão da minha parte. Eu estava criando o problema.

Hoje vejo que isso acontecia porque:

• Não havia equilíbrio de vida;
• Não priorizava bem;
• Não estimava bem;
• Não tinha compromisso com horário.

Mas se for para escolher um destes itens como principal, é este aqui, sem dúvida:

Não tinha compromisso com o horário.

Ter compromisso com o horário (chegada e saída)

Pra mim, a mágica começa aqui. Você precisa se comprometer com um horário de trabalho. Quer chegar às 9h e sair às 18h? Ótimo. Então comprometa-se com isso. Não se atrase para chegar, não se atrase para sair. E crie os mecanismos que você precisar para isso acontecer.

Quando você se compromete com o horário, você é forçado a priorizar direito, e também a estimar bem as coisas que coloca como prioridade. Afinal, o seu tempo agora é limitado (sempre foi, mas antes você criava “tempo infinito” ao se permitir virar noites). Você tem 5 dias na semana, 6 ou 7 horas produtivas por dia, e esse é todo o tempo que você tem para gerar o resultado necessário.

Quando der 18h (ou o horário que você definiu), VÁ EMBORA, SEU TEMPO ACABOU! Isso é importante, porque se você falhou em cumprir seu objetivo, deve agora refletir sobre isso e pensar o que fez errado.

Talvez tenha estimado mal, sub-dividido mal os objetivos, ou só não tenha focado mesmo. Mas tem alguma coisa errada e, ao ir embora, você vai pensar em como fará para corrigir isso. Você vai falhar algumas vezes, mas depois você começa a acertar e não pára mais.

Priorizar bem

Tem muito material na internet ensinando a priorizar, então não vou dar foco nisso. Mas de tudo que já li, eis os pontos de destaque:

• Se tudo é prioridade, nada é prioridade;
• Mais importante é aquilo que gera mais resultado;
• Defina um grande objetivo por dia, e até três por semana.

Não caia na besteira de pensar que tudo é importante, porque não é.

Considere que você tem apenas 5 pontos para distribuir entre sua lista de pendências e distribua-os entre 3 pendências. Achou pouco? Seu tempo também é. Muita coisa vai ficar de fora, mas assim você vai focar só no que realmente importa. E se coisas que são realmente críticas ficarem de fora, você está certamente sobrecarregado e precisa de ajuda. Ou você é super-centralizador e precisa aprender a delegar e confiar no trabalho dos outros.

Se você tem apenas 1 grande objetivo por dia, você tem muita clareza do quê você precisa fazer. Você tem foco. Agora é dividir este objetivo em tarefas menores (detalhar o como), e partir pra cima! Ao finalizar, você entregou no prazo e pode ir embora. Mas é claro que você não vai, porque agora vai superar a meta (e pensar em como dimensionar melhor da próxima vez, porque você provavelmente superestimou a tarefa).

Com 3 grandes objetivos para a semana, você terá 3 grandes conquistas para celebrar na sexta-feira, aproveitar o fim de semana e recarregar as energias para o próximo sprint.

Estimar corretamente

Estimativa, em princípio, é um chute, e por isso é bem difícil acertar na mosca. Mas, sob um olhar mais atento, estimativa não é chute, não é mágica, nem um dom especial de ninguém: é um simples trabalho de

Fazer → Medir → Aprender

Quem não mede, não gerencia!

Partindo de um grande objetivo (aquele principal do dia), você irá quebrá-lo nas atividades menores que precisa executar para alcançá-lo. Depois você vai colocar um tempo estimado para cada atividade, e vai usar algum medidor de tempo, para depois registrar qual foi o tempo real. Você vai se surpreender com a quantidade de coisas que você estima errado (pensa em 1h para algo que leva 3h e vice-versa).

Fazendo isso, não demora pra você se tornar ótimo em estimar as coisas. Porque você agora estima com base em dados e histórico, e não com base no que você “acha”. Deixou de ser chute e passou a ser processo.

Equilíbrio de vida

Você chegou no horário, priorizou, estimou, executou e finalizou. Ou não. Mas foi embora, pensou no que está dando certo, e no que está errado e como melhorar. Agora é hora de recarregar as energias.

Você precisa:

• Se alimentar bem;
• Se exercitar;
• Ocupar sua cabeça com outras coisas que não são trabalho.

E não venha com aquela besteira de “meu trabalho é minha vida” porque não é, e pensar assim é a mais pura infantilidade.

É como a criança que pensa que a vida é feita só de brincadeira. Por que você precisa fazer igual moleque e pensar que a vida é feita só de trabalho?

Quando você encontra atividades que gosta, come bem, pratica exercício, investe tempo na família e amigos, estuda e dorme… você recarrega as energias. Você descansa sua ferramenta de trabalho mais importante, que é sua cabeça. No outro dia, você volta com tudo e executa seu trabalho com mais disposição, mais energia. Termina mais rápido e com mais qualidade.

Equilíbrio de Vida = Resultado.

Por fim, sempre evolua seu trabalho. Isso é trabalhar para trabalhar menos.

Quase toda atividade pode ser transformada num processo, que pode ser otimizado, detalhado e delegado para outra pessoa. Com isso, você gera resultado em dobro, e também evolui como gestor de pessoas.

Se você pensar que deve fazer seu trabalho para que não precise fazê-lo novamente, ou seja, para que a empresa não precise mais de você, é aí que você aumenta ainda mais seu valor, além de evoluir muito como pessoa e como profissional.