Por que eu criei o projetoplenario.com [parte 1]

plenário
3 min readAug 12, 2017

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Não é de hoje que eu me interesso pelo Legislativo. Tudo começou em 2010, quando eu estava no terceiro ano do ensino médio.

Aquela eleição ficou marcada pela bolinha de papel que atingiu a cabeça de José Serra e pela construção de imagem de até então uma pessoa desconhecida pelos eleitores, Dilma Rousseff.

Também foi naquele ano eleitoral que Sérgio Cabral bateu Fernando Gabeira já no primeiro turno. A população do Rio acreditava no sucesso da política de segurança pública. Hoje, o estado está às moscas, e Cabral, em Bangu 8.

Sempre fiz questão de perguntar a todos os professores em quem eles votariam. Era uma forma que eu encontrava de estimular o debate político. Tínhamos professores de todos os campos ideológicos. PSDB, PT, PV e PSOL.

Na semana seguinte ao 1º turno da eleição, eu estava conversando com o coordenador do ensino médio sobre os candidatos. Acabei fazendo uma confissão: eu tinha votado nulo para deputado federal.

Ele tinha votado no Chico Alencar, do PSOL. Falou que achava uma besteira eu ter votado nulo porque há candidatos para todos os gostos. E é verdade. Nunca mais votei nulo para cargos do Legislativo.

O cientista político Jairo Nicolau retrata bem essa falta de interesse do eleitor pelo Legislativo no livro “Representantes de quem? — Os (des)caminhos do seu voto da urna à Câmara dos Deputados”. Recomendo demais a leitura, aliás.

A análise de Jairo Nicolau mostra que o estado do Rio de Janeiro teve a taxa mais alta (21%) em votos nulos (929.016 votos) e em branco (1.091.408 votos) para deputado federal nas eleições de 2014. Houve evolução em praticamente todas as 27 unidades federativas.

Ah, e é importante deixar claro: não importa a quantidade de votos nulos ou em branco; a eleição não será anulada.

Agora eu pergunto: você, eleitor do Rio, teve um leque de 865 candidatos a deputado federal em 2014 e não conseguiu escolher sequer um nome? Não avaliou nem dar o voto para o partido com o qual você mais se identifica?

Ou preferiu votar em algum candidato cômico porque nem você sabe o que um deputado faz?

Pois é, depois nós nos surpreendemos com as figuras que vão ao microfone, ao vivo na TV aberta, para anunciar o voto favorável ou contrário ao pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.

Ou nos surpreendemos quando os deputados trocam favores com o Palácio do Planalto para votar ou não de determinada forma.

Eu aprendi a lição em 2010. Fui estagiar na Assembleia Legislativa do Rio para aprender sobre esse Poder e escrevi minha monografia sobre a visibilidade dos candidatos a deputados federal e estadual no jornal impresso.

Também tive a oportunidade de acompanhar de perto o impeachment de Dilma Rousseff e a cassação de Eduardo Cunha quando cobria como jornalista o Congresso, em 2016.

Agora, em 2017, lanço o Plenário na tentativa de facilitar o acesso aos votos dos senadores.

Espero que gostem!

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