Músicas do Holocausto

PLETZ.com
4 min readOct 26, 2018

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Maestro italiano que recupera músicas compostas em campos de concentração é ovacionado durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema

Por iniciativa do KKL Brasil, foi apresentado nesta quinta-feira durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema, o documentário “O Maestro”, de Alexandre Valenti, que resgata o trabalho do maestro e pianista italiano Franceso Lotoro, que há quase três décadas viaja o mundo em busca de sobreviventes do Holocausto ou de seus familiares, em busca de partituras compostas em campos de concentração.

Após a exibição do emocionante documentário, Lotoro se sentou ao piano e fez uma apresentação exclusiva de algumas dessas canções. A plateia, que lotou o Cine Sesc Augusta, ficou extasiada e ele foi aplaudido em pé por quase cinco minutos.

Lotoro catalogou cerca de 1,6 mil compositores e transcreveu mais de 8 mil obras musicais. O acervo conservado em sua casa na pequena cidade de Barletta, no sul da Itália, reúne óperas, operetas, música sinfônica, lírica, jazz, até canções populares, cantigas e paródias e será transformado na “Cittadella Della Musica Concentracionalle”- um Centro Cultural com teatro, cinema e biblioteca pelo governo italiano.

Grande parte dessas composições, muitas das quais escritas em milhares de manuscritos, em partituras e folhas despedaçadas e até rabiscos em papel higiênico ou em sacos de carvão, foram criadas por judeus, mas há também músicas feitas por presos políticos, comunistas, homossexuais, ciganos, religiosos e alcoólatras.

“A última coisa que as pessoas assistiram quando o Titanic afundou foi a Orquestra tocando. A música pode se tornar o último testamento de algumas pessoas e em alguns casos, como na época do Holocausto, foi o que se perpetuou para as futuras gerações. Assumi a missão de fazer com que essas obras voltem à vida e que sejam ensinadas, tocadas, cantadas e assobiadas por todos de forma a perpetuar a vida onde havia morte”, destacou Francesco Lotoro.

“A maioria dos personagens que é mostrada no filme sofreu o pior do que a raça humana pode fazer, e mesmo assim nos deixaram músicas, que são como um testamento de resistência e de liberdade. Escutar elas hoje, seja nos filmes, ou tocadas por Francesco, mostra que essas músicas estão livres e vivas”, declarou o diretor do documentário Alexandre Valenti.

KKL Brasil trará Lotoro ao país para uma série de Concertos em 2019

Esta ação, com a vinda do Maestro Lotoro e do diretor Alexandre Valenti, está sendo realizada pelo KKL Brasil, braço do KKL Keren Kayemet LeIsrael, maior e mais antiga organização ambiental não governamental do mundo.

Em março de 2019 o KKL Brasil trará Lotoro novamente ao país para o início das comemorações mundiais dos 75 anos da libertação dos campos de concentração europeus. Acompanhado de uma Orquestra, o maestro fará dois grandes Concertos em São Paulo e no Rio de Janeiro (com a possibilidade de outras capitais) , com parte da renda dos ingressos revertida para o projeto do musico italiano.

“Quem viu o documentário constatou que não há qualquer semelhança com músicas tristes. Este projeto mostra o maior símbolo da resistência dos judeus sobre o Holocausto. As músicas compostas serão as futuras testemunhas dos horrores do Holocausto. Trata-se de um projeto que merece todo o nosso apoio e respeito”, finalizou Eduardo El Kobbi, presidente do KKL Brasil.

O documentário “O Maestro” será exibido neste sábado, 27 de outubro, às 16h, no Museu da Imagem e do Som (MIS) , como parte da programação do Kleztival. Saiba mais em: http://www.mis-sp.org.br/icox/icox.php?mdl=mis&op=programacao_interna&id_event=2708

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Alexandre Valenti, Franceso Lotoro e Eduardo El Kobbi

Apresentação de Francesco Lotoro ao piano

Diretoria do KKL Brasil com o sobrevivente Tomas Venetianer e esposa

Francesco Lotoro é aplaudido em pé ao final do Concerto

fotos: Mostra SP

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