Exercícios no combate à depressão

Pesquisas indicam que 30 minutos diários de atividade física são suficientes para aliviar estresse ou a tensão

Primeira Pauta
3 min readOct 18, 2016

Um método alternativo, mas muito eficaz. A atividade física não tem contraindicação e pode ser praticada por crianças, adultos e idosos. Além de condicionar e contribuir para uma boa aparência, também ajuda a combater a depressão. Apesar do tratamento padrão ser restrito à psicoterapia e à prescrição de remédios, pesquisas demonstram que a prática de exercícios físicos regulares contribui para promover o bem-estar, elevar a autoestima, reduzir a ansiedade e tensão. Por esse motivo a atividade física regular é uma aliada no tratamento do transtorno depressivo.

No livro “O programa Aeróbico para o bem-estar total”, o médico Kenneth Cooper afirma que 30 minutos diários de exercício aeróbico moderado são suficientes para aliviar o estresse e causar sensação de felicidade. Isso acontece devido ao aumento da taxa de endorfina, que age no sistema nervoso. Luciana da Silva, 40 anos, tem depressão desde a juventude. Problemas de convivência no ambiente familiar foram o principal motivo para desencadear a doença.

Após o nascimento da filha, Pâmela, as coisas pioraram. A bebê, sempre agitada, não a deixava dormir. “Não tinha tristeza por ter minha filha, eu a amo. Ela é minha alegria. O problema era a falta de sono”, ressaltou. O estresse do trabalho como costureira, somado às noites em claro, piorou o quadro depressivo. Os sintomas eram de isolamento social.

“Às vezes estava pronta para dar um passeio com o Neri (marido) e, na hora de sair, batia um pânico. Eu não sei como explicar. Só dava vontade de ficar em casa e não ver ninguém”, afirmou.

Remédios e mais remédios. Dosagens que mudavam a cada três meses e a demora nos resultados deixaram Luciana sem esperança. Esse cenário mudou quando uma amiga a convidou para fazer uma aula de Zumba, exercício aeróbico que mistura elementos de diferentes ritmos. O resultado foi rápido. Há dois anos Luciana pratica essa atividade duas vezes na semana, com duração de uma hora a cada treino. A proposta é reduzir gradualmente a dosagem do remédio a partir do próximo ano, em razão do avanço positivo no seu quadro clínico com a atividade física.

A profissional de educação física Sabrina Soares trabalha há quatro anos com a Zumba. Ela afirma que a dança é um exercício disfarçado, pois em uma hora e meia de aula, mil calorias podem ser eliminadas. “É fácil, qualquer um pode fazer. Dá autoestima por ser animado, divertido e quem participa esquece todos os problemas”, garante.

Segundo Luciana, o que faz bem são os movimentos. “Depois que você começa, não consegue parar mais. Eu extravaso, jogo tudo para fora.” O exercício é tão contagiante que mãe e filha praticam a atividade. Em casa, nem o marido Neri escapou. Pâmela ensina passo a passo para o pai o que aprende.

Para o neurologista Djalma Starling Jardim, especialista em neurocirurgia e neurorradiologia, os esportes, além de proporcionarem condicionamento físico, são coadjuvantes para tratamentos de inúmeras doenças, em especial as do estado psicológico. O médico indica aos seus pacientes a prática de atividades físicas que os façam esquecer as dificuldades do trabalho, da casa e da rotina diária. Ao longo do tempo, alguns pacientes que praticam exercícios podem ter redução e até suspensão nas medicações de ansiedade e depressão, como é o caso de Luciana. Procurar auxílio médico é sempre o primeiro passo.

Repórter: Leonardo Augusto Fernandes

Fotógrafa: Luana Kammer

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