Behaviorismo: O que é?

Psicomunica
4 min readMay 28, 2020

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Behaviorismo, também chamado de Comportamentalismo e Psicologia Comportamental, é um termo que abrange diversas teorias da psicologia que tem como principal objeto de estudo o comportamento.

Criado por John B. Watson baseado na crença de que os comportamentos podem ser medidos, treinados, e mudados. Behaviorismo foi estabelecido com a publicação do trabalho clássico de Watson “A psicologia como o behaviorista a vê” (1913).

John B. Watson, considerado o “pai” do behaviorismo, disse o seguinte:

“Deem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e um ambiente para criá-las que eu próprio especificarei, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu selecione — um médico, advogado, artista, comerciante e, sim, até um pedinte e ladrão, independentemente dos seus talentos, pendores, tendências, aptidões, vocações e raça de seus ancestrais” – John Watson, Behaviorism (1930)

O que exatamente significa o que Watson disse?

Simplificando, os behavioristas rigorosos acreditavam que todos os comportamentos foram resultado de condicionamento. Qualquer pessoa poderia ser treinada para agir de uma maneira particular dado o condicionamento correto.

Essa perspectiva da psicologia teve precedentes nomes como Vladimir Mikhailovich Bechterev — o primeiro a propor uma Psicologia cuja pesquisa se baseia no comportamento, em sua Psicologia Objetiva — e Ivan Petrovich Pavlov — o fisiologista russo responsável pelo condicionamento clássico.

Condicionamento clássico é uma técnica utilizada na formação comportamental em que um estímulo que ocorre naturalmente é emparelhado com uma resposta. Em seguida, um estímulo anteriormente neutro é combinado com o estímulo de ocorrência natural. Eventualmente, o estímulo neutro anteriormente vem para evocar a resposta sem a presença do estímulo que ocorre naturalmente. Os dois elementos são então conhecidos como o estímulo condicionado e a resposta condicionada.

Tipos de Behaviorismo

Não há uma única forma de classificar os tipos de behaviorismo, mas existem divisões mais ou menos utilizadas.

Behaviorismo Clássico

O behaviorismo clássico de John B. Watson, também chamado de behaviorismo metodológico, é bem conhecido como “Psicologia S-R”, por causa da relação entre estímulo e resposta. Nessa perspectiva, a psicologia é um ramo das ciências naturais que tem como princípios a objetividade e a experimentação, e como finalidade prever e controlar o comportamento.

Watson tinha como proposta abandonar o estudo dos processos mentais, como pensamentos e sentimentos, e focar no comportamento observável. Comportamento aqui pode ser definido como qualquer mudança observável em um organismo que é consequência de algum estímulo ambiental. Na perspectiva do behaviorismo clássico, um comportamento é sempre resposta a um estímulo, visão que é superada mais tarde por outras perspectivas mesmo dentro da Psicologia comportamental.

Neobehaviorismo mediacional

Enquanto Watson utilizava como fundamento do behaviorismo metodológico o modelo SR (estímulo-resposta), Edward C. Tolman propõe um novo modelo de behaviorismo baseado no esquema S-O-R (estímulo-organismo-resposta). Entre o estímulo e a resposta, o organismo passa por eventos mediacionais, que Tolman chama de variáveis intervenientes. Tolman, ao contrário de Watson, estuda os processos mentais e chega a apresentra uma teoria de aprendizagem sustentada pelo conceito de mapas cognitivos. Por aceitar os processos mentais e propor a intencionalidade do comportamento como objeto de estudo, Tolman é considerado um precursor da psicologia cognitiva.

Clark L. Hull, assim como Tolman, defendia a ideia de variáveis mediacionais na análise do comportamento, mas enquanto Tolman trabalhava com conceitos mentalistas como memória e cognição, Hull rejeitava os conceitos cognitivistas em nome de variáveis mediacionais neurofisiológicas.

Tolman adotava a abordagem dualista watsoniana, enxergando o indivíduo como dividido entre corpo e mente; Hull adota uma posição monista, onde o organismo é puramente neurofisiológico.

Críticas ao Behaviorismo

Muitos críticos argumentam que o behaviorismo é uma abordagem unidimensional para a compreensão do comportamento humano. Freud, por exemplo, sentiu que o behaviorismo falhou ao não contabilizar pensamentos da mente inconsciente, sentimentos e desejos que exercem uma influência sobre as ações das pessoas. Outros pensadores como Carl Rogers e outros psicólogos humanistas acreditavam que o behaviorismo era muito rígido e limitado, sem levar em consideração coisas como o livre arbítrio.

É importante destacar que a famosa crítica: “behaviorismo não considera sentimentos”, assim como várias outras, é válida ao se falar do behaviorismo metodológico de Watson, mas desconsidera o Behaviorismo Radical de Skinner — que considera os “comportamentos encobertos”. Sobre o livre-arbítrio… bem, essa é uma longa discussão pra outra hora.

Vantagens do Behaviorismo

  • Um dos principais benefícios do behaviorismo é que ele permitiu que aos pesquisadores investigar o comportamento observável de forma científica e sistemática.
  • Técnicas terapêuticas eficazes, tais como uma intensa intervenção comportamental, a análise do comportamento, sistemas de fichas e treinamento por tentativas são todos enraizados no behaviorismo. Essas abordagens são frequentemente muito úteis na mudança de comportamentos desajustados ou nocivos em crianças e adultos.

A psicologia comportamental, ou behaviorismo, continua bem viva e bem mais presente na nossa vida do que costumamos perceber.

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