E se quiséssemos matar o Bitcoin?

Quan Digital
5 min readNov 20, 2019

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Fonte: internet

O Bitcoin é uma tecnologia revolucionária que passa por desafios constantes em seu desenvolvimento e em sua adoção. E ao que tudo indica, as maiores provações da história deste Criptoativo vão acontecer no futuro próximo.

Em 4 anos o Bitcoin deverá enfrentar momentos críticos. Mais especificamente, nos dois próximos halvings. Em 12 anos, saberemos se o Bitcoin é um experimento falho ou um sistema econômico paralelo de sucesso.

E tudo isso está diretamente relacionado com um dos aspectos do protocolo Bitcoin, denominado halving: a cada quatro anos a recompensa dos mineradores cai pela metade. Este aspecto do criptoativo, juntamente com outros de matriz socioeconômica, vão determinar se ele vai se consolidar ou perecer.

Para entendermos o futuro próximo que aguarda o Bitcoin, vamos dar uma olhada no básico de sua tecnologia.

O sistema de incentivos

Satoshi Nakamoto concebeu no protocolo do Bitcoin um sistema de incentivos entre três grupos:

I. Mineradores: fornecem segurança à rede através do seu poder de processamento e, por isso, são recompensados em Bitcoins;

II. Nodes/Nós: após eventuais atualizações no protocolo, os nodes decidem qual será a versão dominante;

III. Usuários — eu e você.

Estes últimos, os usuários, podem fazer uso dos seus Bitcoins de duas formas bem diferentes:

i. Reserva de Valor (hodler — SOV): usuário que acredita que o valor do criptoativo irá aumentar a longo prazo, ou mesmo que não são a favor do sistema financeiro atual;

ii. Meio de Troca (Medium of exchange): usuário que faz transações com o criptoativo. Existem vários tipos de exemplos, sendo os mais recorrentes a compra de produtos e/ou serviços em Bitcoin e a especulação do ativo.

Este aspecto da utilização do Bitcoin como meio de troca possui amplo efeito positivo para os mineradores, visto que eles recebem as taxas das transações realizadas pelos usuários. Isto foi originalmente programado no protocolo para que houvesse a transição de uma economia de mineração de blocos (emissão de novas moedas) para uma economia onde as taxas das transações seriam a principal fonte de recompensa para os que dão segurança à rede. Entretanto, logo os usuários perceberam que realizar as transações dentro da própria rede Bitcoin era difícil de escalar, o que abriu a discussão sobre a necessidade de inovação.

Quebrando o Protocolo

Lightning Network e Liquid Sidechain.

Estas são duas inovações que podem vir a ser implementadas no Bitcoin. E que poderão alterar o equilíbrio do protocolo Bitcoin.

Simplificando, essas novas funcionalidades permitirão que a rede tenha sua capacidade de transações por segundo (tps) incrementada em muitas vezes e que estas sejam realizadas em redes paralelas, diminuindo as taxas e, consequentemente, diminuindo os valores que os mineradores receberão.

Havendo consenso no uso dessas inovações os custos de transação poderiam cair de forma abrupta. Os incentivos, hoje equilibrados, seriam drasticamente afetados. A transação para uma economia de taxas, como previsto originalmente, pode não mais vir a ocorrer, pois iria afetar diretamente o uso do Bitcoin como Meio de Troca (principalmente no caso de transações entre partes e na compra de produtos e serviços).

A economia de mineração iria permanecer por um tempo. Entretanto, como iria se sustentar após o halving acontecer por três vezes, nos próximos 12 anos? Afinal, hoje a recompensa por cada bloco minerado é de 12,5 Bitcoins, daqui a doze anos será de apenas 0,78 Bitcoin. Então, a pergunta é: como isso afeta todo o ecossistema do Bitcoin?

E o futuro?

Nesse sentido, deve-se construir possíveis panoramas de como a economia do Bitcoin estará daqui uma década. Focaremos em quatro possibilidades.

I. Alto preço do Bitcoin, muitas transações na blockchain

Nesse cenário, o criptoativo seria um grande sucesso. Todos os usuários, tanto os que o utilizam como moeda de troca e os que compraram como investimento (hodlers), poderiam se valer da tecnologia para criarem uma nova ordem econômica, que competisse com o mercado financeiro atual.

Atualmente, apenas 5% da receita total de um minerador advém de taxas. Dessa forma, em 10 anos o preço do criptoativo deveria subir significativamente de modo a compensar a inflação mais baixa.

II. Alto preço do Bitcoin, poucas transações na blockchain

Aqui, o Bitcoin se tornaria um investimento bem-sucedido, mas existiriam poucas transações em sua rede própria. As transações fora da blockchain seriam extremamente proliferadas, tornando mais barato e mais fácil realizar transações fora da blockchain.

Assim, a mineração do criptoativo se tornaria um negócio não muito diferente da mineração de ouro, com receitas e lucros relativamente previsíveis. Os mineradores ficariam estrategicamente localizados nos lugares onde a energia elétrica é mais barata. A mineração de Bitcoin seria um business com crescimento lento e previsível.

III. Baixo preço do Bitcoin, muitas transações na blockchain

Neste caso, o Bitcoin teria falhado como um investimento (SOV). Além disso, as inovações que comentamos não teriam sido adotadas em massa.

Assim, os mineradores não são incentivados a colocarem seu poder computacional na rede pois não haveria margem de lucro para minerar Bitcoin. Mineradores teriam que se adaptar e mover-se para regiões onde a energia elétrica seria barata. A mineração de Bitcoin seria similar à de Cobre, onde há uma sazonalidade e uma relevância maior na performance dos ativos (ASICs).

Este cenário poderia ser construído artificialmente de maneira maquiavélica — por meio de derivativos que ‘diluam’ sua oferta total ou por meio da centralização do poder da rede do Bitcoin, por exemplo.

IV. Baixo preço do Bitcoin, poucas transações na blockchain

Em último caso, o preço não teria apreciado e/ou houve muita regulamentação estatal, afastando os possíveis usuários do Bitcoin como uma moeda de troca — diminuindo abruptamente a quantidade de transações on-chain (na blockchain).

Os mineradores não são incentivados a minerar por conta da não-lucratividade, diminuindo a segurança da rede. Assim ficaria mais fácil realizar um ataque de 51%, ou comprar ativos o suficiente para minerar parte da oferta no prejuízo com o único intuito de controlar e tirar outros mineradores do mercado.

Dessa forma é possível matar o Bitcoin — dessa vez de verdade.

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Este artigo usou como base o conteúdo liberado publicamente por Ambroid (twitter.com/Ambroid).

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