Pandemia do coronavírus é causa para aumento de depressão e ansiedade na população

Rafaela Hermes
3 min readJul 13, 2020

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Pesquisa mostra que índices de transtornos psicológicos quase dobram no Brasil desde o início da epidemia.

A pandemia do COVID-19 impactou e continua impactando o mundo todo desde seu primeiro caso no final de 2019 em Wuhan, na China. Aqui no Brasil, o primeiro caso foi confirmado em 26 de fevereiro deste ano em São Paulo pelo Ministério da Saúde. A vítima era um homem de 61 anos que havia retornado recentemente da Itália. Nessa época, o vírus já estava espalhado em países fora da Ásia, como na Europa e na América do Norte.

Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos de COVID-19 no mundo, contabilizando 1,8 milhões de casos confirmados e 72 mil mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. A cada dia, são confirmadas 1,2 mil mortes. O Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, EUA, um dos responsáveis por projeções sobre o vírus em todo o mundo, estima 179 mil mortes até o começo de novembro no Brasil.

A situação atual causa preocupações para todos devido à incerteza em relação ao futuro e as notícias recorrentes, além da mudança de rotina ocasionada pelo isolamento social recomendado para controlar a proliferação do vírus. Tudo isso tem afetado a saúde de algumas pessoas e o avanço da pandemia pode agravar esse quadro.

Uma pesquisa feita pelo feita pelo Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva (LaNCE) da Universidade do Rio de Janeiro (UERJ) mostra aumento de 80% nas ocorrências de ansiedade e estresse, enquanto os casos de depressão quase dobraram. Confira os números no gráfico abaixo.

Gráfico mostra o crescimento dos casos durante a pandemia. Fonte UERJ

Segundo o estudo, alguns fatores ligados à ansiedade e ao estresse incluem alimentação desregulada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e necessidade de romper a quarentena para trabalhar. As principais causas para depressão, porém, estão ligadas a idade mais avançada, baixo nível de escolaridade, ausência de crianças e presença de idosos em casa.

Aqueles que mantiveram uma alimentação regulada e praticam exercícios com maior frequência apresentaram menores índices de transtornos psicológicos, assim como os que tiveram sessões de terapia via internet.

Mesmo a adaptação da rotina às condições da pandemia seja recomendada para dar continuidade aos planos pessoais, o professor doutor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da UERJ e líder da pesquisa, alerta sobre a grande quantidade de estresse e angústia impostos pela pressão social neste período. “Não é o momento de mudar os hábitos radicalmente. Respeite seu estilo de vida e seus limites”, conta em uma publicação no site da universidade.

A pesquisa foi feita via questionário on-line com 1.460 pessoas em 23 estados de todas as regiões do país durante dois períodos, de 20 a 25 de março e de 15 a 20 de abril.

A UERJ continuará realizando essa pesquisa enquanto a pandemia durar. Até o momento de conclusão deste texto, os resultados mostrados acima eram os mais recentes. Além disso, a universidade também fará parte da pesquisa internacional “Adaptação social em estresse na pandemia de COVID-19: um estudo transcultural”, que objetiva estudar a influência de diversos fatores no comportamento humano em uma emergência global. Os resultados do estudo também não foram publicados até o fechamento desta matéria.

Considerando os resultados da pesquisa, é importante realizar estratégias de cuidado para amenizar o impacto dessas patologias. Confira o post com dicas de profissionais da saúde mental para facilitar a passagem pela situação atual.

É imprescindível salientar que as medidas de intervenção em saúde mental são importantes em qualquer momento da vida, independente de uma epidemia, e não devem ser motivo de vergonha. Buscar ajuda por causa de algo que pode afetar a qualidade de vida são atos louváveis e devem ser incentivados para e acessados por todos.

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