Como me escondi atrás da minha própria marca.

Rafa Cappai
3 min readOct 22, 2015

--

Seja qual for o nosso nível de intimidade, receba as boas vindas ao meu Medium. Esse é o meu primeiro post aqui e ele tem pra mim um valor simbólico (você vai entender a seguir). Sei que este é um bom lugar para contar histórias, então permita-me apenas resumir os cinco anos mais recentes da minha vida para contextualizar o que vou falar aqui nesse post e nos próximos que planejo.

O problema e a solução: todos nós somos muito mais do que apenas uma profissão. Sempre me incomodou como a gente se define através apenas disso: “Eu sou advogado. Eu sou ilustrador. Eu sou dona de casa…”. No fundo, eu sentia que era mais do que apenas jornalista. Ou atriz. Ou professora. Ou pensadora. Ou pesquisadora. Ou escritora. Ou inúmeras outras coisas que faço. A tal da multipotencialidade, tão complexa de entender. Na dificuldade de me adequar a um só emprego, uma só função, um só ambiente de trabalho, eu criei a Espaçonave, ainda em 2010. E desde então eu venho aprendendo que a gente pode se expressar criativamente através de negócios e carreiras que tenham a nossa cara e o nosso jeito. E, por quê não, ganhar dinheiro com isso. Aprendo e ensino com base na minha própria história, prática e pesquisa, que é possível ter um negócio que represente muito do que a gente é, e que caiba muito dos nossos talentos, habilidades, paixões, experiências, referências, visão de mundo… Ou seja, nosso capital humano e criativo (pretendo falar mais sobre isso no futuro). Ao invés de ir buscar o futuro negócio num catálogo de franquias, dá pra encontrar aqui dentro mesmo.

O que fiz foi colocar tudo que eu tinha na Espaçonave. Das minhas paixões (arte, cultura, criatividade, empreendedorismo, ajudar pessoas, desenvolvimento pessoal, ter ideias, fazer ideias acontecerem…) ao meu jeito de ser (bom humor, uma pitada de pé no chão, um tanto de inspiração, um bocado de motivação e muita pesquisa teórica), chegando ao meu estilo de vida (mobile, livre, autônomo, simples e descomplicado), dando lugar aos meus talentos (escrever, comunicar, falar pra câmera, ensinar, simplificar…). E, durante muito tempo, a Espaçonave cresceu e deu vazão a tudo que sou. Até que não deu mais.

Foi como se eu tivesse crescido com o meu próprio negócio e já não coubesse mais dentro dele. O que eu descobri foi que, ao invés de explodir junto com ele, eu acabei me limitando, especialmente no último ano. Como a Espaçonave é o lugar mais quentinho e confortável que eu conheço, eu acabei me escondendo atrás dela, e parei de me colocar no mundo a partir de outros pontos de vista. Por isso parei de produzir, criar e expressar o que não cabia dentro dela. E, de novo, eu comecei a reparar que eu não sou só a Rafa Cappai, da Espaçonave. Assim como eu não era só a Rafa jornalista, atriz ou escritora. Pois é, a história se repete.

E a gente ensina o que precisa aprender.

Então a real é que “deu, deu por hoje”: eu estou pronta para chegar em outros lugares. A Espaçonave vai bem, obrigada. E vai continuar. Na verdade, vai melhorar, já que os planos de mudança incluem também essa parte de mim…

Nesse momento estou passando por um processo de consultoria, descobrindo que minhas narrativas pessoais não se resumem apenas à Espaçonave. E que as narrativas da Espaçonave também não se resumem apenas à mim… E como parte do meu DNA é compartilhar tudo o que eu aprendo, pretendo ir te contando por aqui tudo que eu for descobrindo e criando. Obrigada pela leitura :)

Photo credit: Young Girl Crossing Hands, by Daniel Nanescu

--

--