Aqui todo mundo chora

rafael cal
2 min readFeb 23, 2016

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A lona cobre uma trupe de gente que chora. Não de chorões no sentido de quem pede, reclama ou coisa do tipo. Mas de quem emociona e se emociona.

Essa talvez seja a grande lição deixada pelo processo de realização do Lona dos sonhos. A emoção à flor da pele é, sem dúvidas, uma das marcas dessa galera.

O Zeca chora o tempo inteiro, todos estão acostumados. Mas não sabia que essa força da água querendo explodir pelos olhos era regra.

A cada entrevista pude ver todo mundo com o olho brilhando ao falar do projeto. A emoção das lembranças, das tristezas e das alegrias, estava presente o tempo inteiro.

Não faltaram pausas fora de tempo, no meio de uma frase, como que engolindo uns 15ml de lágrima. Não funcionava: vinha a frase seguinte e o choro desandava.

Alguns me fizeram chorar junto. Teve quem chorasse lembrando de um professor que teve na adolescência. Teve gente próxima lembrando de dias tristes. Teve o pessoal da antiga lembrando das suas histórias e sentindo o quanto era tudo especial e deles. Teve a lembrança permanente da Raphaela. Teve tia Fátima fazendo de tudo pra fugir de conversar comigo sob o argumento de que eu ia fazê-la chorar.

Estava certa. E eu, discretamente, chorei junto, tentando segurar uma pontinha de objetividade ali na investigação.

Ela e todo mundo ali, de alguma maneira, me bagunçaram por dentro nas suas falas e nos seus choros. Múltiplos, variados, plurais, puros, reais.

A emoção pura, ali, na cara, nos gestos, nas palavras. A emoção avisando pra todo mundo que ali é o lugar dela e não vai embora e não aceita não como resposta. A emoção gritando:

- Aqui todo mundo chora.

O texto dessa semana, como os das outras também, está disponível no Fazendo um Drama.

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