Ética nas organizações

Rafa Rosa Leonel
6 min readNov 30, 2015

RESUMO

Ao longo deste texto será apresentada a noção de “ética nas organizações” . O verbete tem como propósito aprofundar o conhecimento sobre a área de ética nas organizações e mostrar a importância dela para o bom funcionamento da instituição. Começando com a origem etimológica da palavra “ética”, seguindo até o conceito de ética em si nas organizações, apresentaremos como ela é tratada tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, e como as condutas de uma pessoa ética na vida pessoal influencia em seu local de trabalho.

HISTÓRICO

A ética advém etimologicamente do grego como etho que significa costume, modo de ser, e também do latim como ethica, moral natural. Com o passar do tempo, conceitos como virtude, liberdade, fazer o bem, a ação correta a racionalidade de escolha e de julgamento e até mesmo verdade foram agregados à sua terminologia. Ethos indica um comportamento humano que não é natural, o homem não nasce com ele, como um instinto, mas vai adquirindo de acordo com o tempo e hábito. Já moral são as normas regulamentadoras da sociedade. Logo, ética pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade construída histórica e socialmente a partir de relações coletivas.

“A moral passou a ser percebida como um sistema de regras comuns, e a ética se colou à aplicação das regras a cada individualidade” (JACOB, 1990, p. 874–5). Na filosofia, ganhou significado como ética de conduta social, o estudo do modo de ser e/ou agir dos seres humanos. Procura descobrir o que motiva, distorce, disciplina ou orienta cada indivíduo a agir de um determinado jeito, sendo essas ações sempre conscientes, voluntárias e que afetam os outros, incluindo determinados grupos sociais ou a sociedade como um todo.

“Conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social” (MOTTA, 1984)

Apesar da discussão sobre a questão ética na comunicação ter começado só após a pesquisa de Guttemberg, esta não está pautada apenas nos meios de comunicação, principalmente tratando-se de comunicação organizacional. Umas das principais questões éticas levantadas em comunicação é a liberdade de expressão e o limite da atuação profissional, porque há na comunicação um histórico conceitual sendo a ética a verdade e a falta dela a mentira e omissão.

Hoje, as organizações buscam transparência e a visibilidade plena como ações éticas organizacionais, visto que hoje com tanta tecnologia parece não ser possível alguém contar uma historia sem ser verdade. (Curvello)

Ética individual na comunicação não é guiada por uma regra pautada com é um manual de conduta profissional, o comunicador tende a buscar diretrizes lógicas e valorativas dos seus atos para um fim condizente com os ideais da sua profissão (Geraldo Duarte). A ética para o comunicador é o juízo de valores diante do fato, que nem sempre o que é ético é a verdade ou o correto porque uma mensagem ou uma informação podem transmitir muito mais do que está escrito tanto para comunicação em veículos de informação quanto pra comunicações empresariais.

A ética na comunicação está em todos os âmbitos, desde a ética aprendida por um individuo que trabalhe em uma empresa que atue com documentos sigilosos, passando por fotógrafos até questão da liberdade de expressão dos jornalistas em conflito com privacidade.

Ambos os casos giram em torno do indivíduo profissional que questiona a si mesmo sobre a objetividade dos seus atos, sejam elas notícias, informes, denúncias. É a necessidade de organizar julgamentos sobre quais regras e normas seguir diante da situação.

A legislação da ética profissional é representada pelos códigos de ética das empresas, são conjuntos de normas de conduta que procuram mostrar o melhor caminho para decisões institucionais e estabelecer a diferença entre certo e errado.

Não sou contra, mas recrimino o código de conduta ética institucional quando é apenas um instrumento da organização que foi distribuído, lido e desvalorizado. O código serve para dar relevância ao debate e ao discurso da ética, ser indutor e aculturador organizacional. A ética se configura nas relações e nas internalizações dos valores da instituição e de todos que lá trabalham. É um processo de exemplo. A empresa não pode pregar um discurso de transparência mas premiar o funcionário que puxa o tapete do outro, o trapaceiro. (CURVELLO; JOÃO JOSÉ, entrevista para o verbete, 17/11/2015)

O sistema de valores da empresa nem sempre visa atender a todos os fornecedores, funcionários, clientes ou o meio ambiente, ele constrói uma imagem única da empresa o qual o desvio é passivo de punições. Já a ética da empresa constrói a sua imagem externa, interna, a ética do funcionário e a imagem do funcionário, ou seja o funcionário e a organização, eticamente, se representam mutuamente.

“A ética, portanto, constitui o alicerce do tipo de pessoa que somos e do tipo de Organização que representamos.” (STEDILE, GENTA, TAVARES)

A reputação de uma empresa é um fator primário nas relações comerciais. Hoje em dia não adianta mais apenas a qualidade de produtos ou serviços que a empresa oferece, embora isso seja de extrema importância, a conquista da credibilidade é ainda mais ampla, englobando vários itens relacionados ao portfólio da empresa, sendo ética um desses itens.

Se a empresa reproduz esses valores, ela se torna importante em qualquer processo de mudança de perspectiva das pessoas, tanto daquelas que nela convivem e participam, quanto das com quais essas pessoas se relacionam.

O membro da instituição tem que estar ciente do tratamento ético desde quando falar a um jornalista, saber a linha editorial do veículo, o valor notícia da informação buscada por ele, como ter uma conversa informação com qualquer pessoa, como qualquer pessoa. (Curvello)

A ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade. Logo, a ética pode representar a natureza das empresas, levando em consideração que elas são formadas por um conjunto de pessoas, e ética é um conjunto de princípios e valores que têm por objetivo guiar e orientar as relações humanas.

As organizações, através dos gestores de comunicação devem zelar para que os valores éticos sejam considerados como norteadores na busca do dialogo e da negociação, usando a transparência e a verdade como principio balizador o discurso por elas produzido deve ser regido pela integridade, isso é, pela coerência entre o que se diz e o que se faz no seu dia-a-dia. (Vieira; Roberto Fonceca, 2004, p.33)

Assim, para ser uma organização e/ou um profissional de comunicação de sucesso, é preciso manter uma reputação sólida de comportamento social e profissional ético para se ter credibilidade na informação.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, Rejane (Enciclopédia INTERCOM de ComunicaçãoObra coletiva editada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2010 )

COSTA, Caio Tulio (Enciclopédia INTERCOM de ComunicaçãoObra coletiva editada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2010)

DUARTE, Geraldo(Dicionario de administração e negócio.2009).

STEDILE, Cristiano da Silva de Mello, GENTA,Marcelo;TAVARES, Carlos Eduardo Moreira (Ética profissional nas Organizações).

MOTTA, Nair de Souza (Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1984.)

VIEIRA, Roberto Fonceca ( Comunicação organizacional Gestão de relações públicas, Rio de Janeiro, ed. MAUAD, 2004)

CURVELLO, João José ( Entrevista ao verbete para matéria de Teorias de comunicação organizacional, 11/2015

SAIBA MAIS

livros:

Bauman discorre a respeito da emancipação moral advinda da chegada da pós-modernidade. Nesse estudo o autor mostra que a interpretação pós moderna da ética não perde força conceitual, apenas precisam ser revisto com uma visão diferente e distante de preceitos.

Lee traz uma visão sobre a ética abordando seis conceitos clássicos com uma analise contemporânea. São eles; transparência, justiça, dano, autonomia, privacidade e comunidade. A obra Inclui estudos de caso e exemplos reais relacionados com a ética na publicidade e propaganda, no jornalismo e nas relações públicas.

Em uma visão mais filosófica sobre a ética e a comunicação, Clóvis de Barros Filho aborda temas da comunicação de massa, dentre elas a teoria do agendamento, dando maior relevância em seu texto á sociedade consumidora massiva de informação advinda dos grandes meios.

Artigos:

Santos; José Manuel, Ética da comunicação

http://www.bocc.ubi.pt/pag/santos-jose-manuel-etica-comunicacao.pdf

Leão; Emmanuel Carneiro, Ética e comunicação

https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=M8sbnBz_PYoC&oi=fnd&pg=PA17&dq=etica+na+comunicação&ots=0g4wnQGs8d&sig=CpePe_zXOO03mnoqn-dC-_-bMR8#v=onepage&q=etica%20na%20comunicação&f=false

Filme:

  • Muito além do Cidadão Kane (1993)
  • Capote (2005)
  • O Abutre (2014)
  • Frost/Nixon (2008)

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