Moda, tecnologia e startups: por que o primeiro Startup Weekend Fashion & Tech de BH foi foda!
Com o intuito de levar a indústria da moda para outro patamar aconteceu em maio pela primeira vez em Belo Horizonte a edição Fashion & Tech do Startup Weekend. Foram 3 meses de organização, 9 organizadores, 2 facilitadores, 20 mentores, 4 jurados, 100 participantes, 54h de trabalho, 35 ideias e 15 novos negócios criados.
Para quem não conhece, o Startup Weekend é um evento de um fim de semana em que equipes trabalham em torno de uma ideia, validando o modelo de negócios com ajuda de mentores que a partir da sua expertise guiam os empreendedores no processo de validação até as apresentações finais. O evento é mantido pela Techstars, uma das maiores aceleradoras do mundo, e é a porta de entrada no mundo empreendedor para muitas pessoas.
Venho trabalhando com startups e empreendedorismo desde 2014 quando fui agente de aceleração do Seed, acompanhando as mais de 80 startups que passaram pelo programa, mas meu primeiro contato com o Startup Weekend foi em 2015 quando fui participante da edição Fashion & Tech de São Paulo.
Foi uma experiência incrível e transformadora e também meu primeiro contato com o mundo da moda. Daí em diante, dentro do meu trabalho na Tropos Lab acabei me envolvendo em um projeto super bacana junto com a Abit para acelerar empresas de moda, e ao mesmo tempo fui ampliando meu envolvimento na cena empreendedora de Beagá e em dezembro liderei a organização do Startup Weekend em BH.
BH: Polo de empreendedorismo, inovação e criatividade
Nos últimos anos Belo Horizonte tem presenciado vários movimentos transformadores. No cenário cultural, novas instituições e atividades culturais e criativas surgiram, como por exemplo o complexo de museus da Praça da Liberdade e o Inhotim. Surgiram novos teatros e o despontamento de novos nomes na música, teatro e também movimentos coletivos de ocupação da cidade, como o carnaval da cidade.
A cena empreendedora também passa por um momento de efervescência. Hoje BH abriga o centro de tecnologia do Google e também diversas startups, desde as mais conhecidas como Méliuz, Sympla, Rock Content até as que surgem a todo instante em eventos como Startup Weekend. Programas como o Lemonade, Ginga e principalmente o Seed (que reabre em junho de 2016 após mais de um ano e hiato), fazem hoje de BH um local receptivo a empresas que desejam inovar e formular negócios que fazem sentido no mundo atual.
BH se tornou nos últimos tempo uma cidade que respira cultura, aberta a diversidade e com grandes oportunidades para empreendedores de diversas áreas. Sem contar no seu poder criativo, celeiro de artistas e também de estilistas, como Ronaldo Fraga.
Onde tudo começou…
As conversas para fazer um SW Fashion & Tech em BH surgiram com a equipe do Centoequatro logo após o Startup Weekend de dezembro, que aconteceu no espaço. O Centroequatro é um espaço multi cultural da cidade que conta com cinema, café, restaurante e coworking. Mas alguns bons anos atrás todo o espaço era uma fábrica de tecido, a primeira de BH, o que tornava a ideia de realizar o SW para a área de moda naquele espaço ainda mais simbólico. No coração da cidade, ao lado da estação central de trem e metrô levaríamos empreendedorismo e transformação para a moda, razão de existir do Centoequatro.
A moda e seus desafios
Mas por que moda?? Essa foi a pergunta que tivemos logo de cara quando propusemos o evento. Ao me envolver com esse setor percebi o tanto que a mudança de pensamento, de uma mentalidade empreendedora e do uso de ferramentas e tecnologia fariam bem para o setor, que assim como outros tantos setores do nosso país, atravessa uma grave crise.
Para então sensibilizar os profissionais de moda para o evento realizamos algumas palestras em faculdades e uma palestra no Minas Trend, uma das maiores feiras de moda no Brasil. E aqui tenho que agradecer ao incrível apoio do Sindivest, que abriu as portas para nós.
Na ocasião falamos para mais de 250 pessoas como a tecnologia e os novos modelos de negócio podem ajudar a moda a se transformar e a resolver desafios relacionados a produtividade, sustentabilidade e novos comportamentos do consumidor. Queríamos de fato trazer o público da moda para mudar o mindset e fazer a revolução que a indústria precisa. Contamos também com a ajuda da Cris Guerra e Natália Dornellas, que sempre fofas, apoiaram a nossa causa.
O Evento
100 pessoas toparam esse nosso desafio e foi incrível. Ao final das intensas horas do fim de semana, passando pela escolha da ideia, validação, pivotagem, conflitos, a energia na hora dos pitches, no domingo, foi incrível.
Foi sensacional também ver que os negócios buscaram a inclusão e sustentabilidade. Visando o combate ao desperdício, a campeã, de acordo com o júri, foi a “Tecidos de Sobra”. A equipe desenvolveu um marketplace para empresas de pequeno e médio porte conseguirem comprar os tecidos que sobram das grandes confecções com preços de atacado. A AUO, segundo lugar, focou em moda Afro e se propõe a ser um elo entre as pessoas que produzem e que consumem este tipo de moda. Os outros treze projetos focaram também em modelos inovadores como caixa surpresa de moda, app para looks, consultoria de estilo, e vários outros.
Nada disso seria possível sem nosso time de mentores. Que deram também um show a parte:
Mas, mais do que negócios, o prazer é ver a transformação dos participantes. É quando ao final do evento ouço de pessoas que o evento foi transformador e uma experiência única, que todo o trabalho (voluntário, diga-se de passagem) é recompensado.
Por fim, tenho que agradecer a equipe organizadora que reuniu para trazer esse Startup Weekend e não poderia ser mais fantástica. A equipe remanescente do Startup Weekend BH , Caio, Bruno, André, Bruna, se juntou a Raíssa, do Centoequatro e ao Igor, Paula e Thiago, da Vytre uma aceleradora de moda que acaba de nascer na cidade.
Espero que o SW tenha sido o pontapé para que profissionais da área, estilistas, blogueiros, e amantes da moda comecem sua jornada empreendedora ou então que leve esse espírito para suas vidas e para seus empregos. Por mais que empreender e startups, sejam palavras da moda, fazer o que ama e com propósito, de forma criativa e eficaz, serão coisas que nunca sairão de moda.