Flight Levels

Raphael Batagini
4 min readFeb 6, 2019

Na gestão ágil é muito comum que se trabalhe, entre outras coisas, em busca da melhoria contínua e da redução de gargalos nos processos. Tudo isso para tornar mais fluido o desempenho de um time.

Porém, num estudo um tanto quanto recente, Klaus Leopold propõe o conceito dos Flight Levels no intuito de esclarecer como estas mesmas ações de melhoria podem ser aplicadas em níveis diferentes de uma organização.

Segundo ele os Flight Levels tem o objetivo de responder à uma questão principal: Which organization levels offer which leverage for improvement?

Ou seja, “quais oportunidades de melhoria cada nível organizacional pode oferecer?“ (numa tradução que fez mais sentido para mim).

Inicialmente os Flight Levels não estavam associados a nenhum método, metodologia ou framework de gestão. Porém o conceito se assemelha de diversas formas com ideias e princípios do Kanban, o que fez com que fosse amplamente difundido nesta comunidade.

Os Flight Levels

Os Flight Levels são divididos em 3 níveis, sendo eles Operação, Coordenação e Gestão estratégica de portfólio. Cada um destes níveis se refere a um ambiente diferente, dentro de uma mesma organização, que pode apresentar oportunidades de alavancagem de produção e resultados.

Flight Level 1 — Operação

Neste nível são exploradas as oportunidades de alavancagem que podem ser proporcionadas melhorando o fluxo de trabalho de um time ou de vários times de forma individual.

Embora seja um nível onde a melhoria do fluxo de trabalho é válida, ela está limitada as fronteiras dos times.

Se pensarmos que um time realiza o trabalho previsto somente em uma das etapas da cadeia de valor para a entrega de um produto ou serviço, veremos que focar na melhoria desse time sem considerar a interação dele com os demais times envolvidos acaba sendo um desperdício de esforço.

Por isso Klaus Leopold propõe o Flight Level 2, no intuito de melhorar a interação entre times ou áreas da organização.

Flight Level 2 — Coordenação

No Flight Level 2 a ideia é ter uma visão mais macro do processo de entrega de valor pra que se consiga trabalhar o relacionamento entre os times que compõem cada etapa.

Essa visão proporciona uma grande alavancagem, pois passamos a enxergar gargalos muito mais relevantes na passagem de um projeto de um time para outro do que entre as etapas do fluxo de trabalho de um único time.

É possível trabalhar com conceitos do método Kanban como limitação de trabalho em progresso e redução de tempo de fila, que normalmente só imaginamos aplicados ao nível operacional.

Inclusive uma sugestão de Leopold para o Flight Level 2, seria realizar uma daily meeting entre os coordenadores de cada área. Dessa forma pode-se identificar impedimentos ou complicações que um time poderá ter antes mesmo que o projeto chegue até ele.

Flight Level 3 — Gestão estratégica de portfólio

O Flight Level 3 proporciona uma visão ainda mais macro que o Flight Level 2. Neste nível é possível visualizar todos os projetos em andamento, porém com menos detalhes.

Além dos projetos, entram neste contexto também as estratégias atuais da organização. Seriam itens como “expandir para um mercado no exterior” ou “produzir mais de um determinado produto e menos de outro” e assim por diante.

Assim fica mais fácil definir prioridades como “iniciar um novo projeto ou finalizar algum dos projetos atuais”, “quais investimentos realizar no momento” e uma outra infinidade de decisões.

É uma ótima forma de unir projetos e estratégias na intenção de que eles estejam alinhados aos objetivos da organização.

Afinal, por que usar Flight Levels?

Unindo todos os Flight Levels com apoio do Kanban, temos algo semelhante a imagem abaixo.

(Fonte: https://www.leanability.com/en/blog-en/2017/04/flight-levels-the-organizational-improvement-levels/)

O nível estratégico visualizando o andamento de projetos e estratégias, as coordenações cientes de onde os projetos se encontram na cadeia de valor e times aplicando o tradicional board para acompanhamento das demandas.

Segundo Leopold, os Flight Levels não são um modelo de maturidade. Ou seja, não é necessário passar por cada um dos níveis para seguir para o próximo.

O principal objetivo desta abordagem é tornar visíveis os processos e atividades de diferentes níveis da organização. Proporcionando informações para embasar decisões importantes e indicando as melhores oportunidades para alavancar melhorias.

Por padrão toda ação de melhoria deve ser iniciada no nível mais alto possível pois, apoiada pela alta gestão da organização, as chances de sucesso aumentam.

Além disso, iniciando com uma abordagem top-down, temos a valiosíssima oportunidade de encabeçar uma iniciativa de mudança e liderá-la através do exemplo.

Fontes:

https://pt.slideshare.net/lkce/tue-leopold-201311-kanban-flight-levels-lkce2013-klaus-leopold

https://www.leanability.com/en/blog-en/2017/04/flight-levels-the-organizational-improvement-levels/

https://edu.leankanban.com/blog/mapping-kanban-training-flight-levels

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