Inovação em Pequenos Negócios com os Agentes Locais de Inovação
O Programa ALI do Sebrae é uma assessoria de inovação desenvolvida especialmente para pequenos negócios. No final de 2012 até o inicio de 2015 atuei como ALI no Polo Aeroespacial de São José dos Campos. Neste artigo vou contar um pouco sobre a metodologia aplicada pelos agentes e a experiência do trabalho em campo.
A inovação é fator chave para todos os tamanhos de negócios, pois assegura a competitividade e possibilita maior participação no mercado. Por isso, o Sebrae criou o Programa Agentes Locais de Inovação (ALI) em parceria com o CNPq, que tem o objetivo promover a prática continuada de ações de inovação nas empresas de pequeno porte, por meio de orientação proativa, gratuita e personalizada.
O Agente Local de Inovação é selecionado e capacitados pelo Sebrae para acompanhar um conjunto de empresas definidas por uma estratégia setorial. O programa ALI tem abrangência nacional e está consolidado no portfolio de serviços do Sebrae como diferencial e estratégia de competitividade para os pequenos negócios.
Para se tornar um ALI é necessário passar por três fases, compostas por análise curricular, prova objetiva e capacitação de dois meses em que trinta participantes disputam por vinte vagas. Preparado para ir a campo, e com a faca nos dentes, o agente precisa cumprir com o planejamento estratégico e prestar atendimento para cinquenta empresas em até um ano.
O plano de trabalho do Agente Local de Inovação inclui prospectar e sensibilizar as empresas, e garantir uma adesão adequada ao programa. Diagnosticar utilizando metodologias como o Radar da Inovação e Modelo de Excelência em Gestão MEG, e depois estruturar um plano de ações com o suporte do escritório regional do Sebrae, e acompanhar as atividades que podem se estende por dois anos.
Ao final de cada ciclo de trabalho, o agente precisa cumprir com seu papel de pesquisador do CNPq e entregar dois artigos científicos para a Universidade Corporativa Sebrae/CNPq. O que gera uma base de conhecimento incrível sobre inovação em pequenos negócios, e é apresentada anualmente no Congresso dos Agentes Locais de Inovação.
Radar da Inovação
Quando se fala em inovação, muitos empresários logo pensam em mudanças altamente tecnológicas e custos elevadíssimos. Para que você não pense da mesma forma, é bom saber que inovar é algo simples e pode estar presente no dia a dia da empresa.
A metodologia Radar da Inovação permite uma análise 360º sobre a cultura de inovação de uma organização e é um modelo bem sucedido no Brasil e no exterior. Foi estruturado por Mohanbir Sawhney, especialista em inovação empresarial, e ganhou atenção especial quando foi publicado pela MIT Sloan Management Review.
Sua proposta contribui para a competitividade das organizações, por meio de uma abordagem que vai além das tradicionais dimensões de inovação por produto e processo, também contemplando fortemente as inovações organizacionais e de marketing. As análises extraídas deste modelo permite gerar um impacto sistêmico na gestão empresarial, na melhoria de produtos e processos e na identificação de novos nichos de mercado.
Normalmente, em um ambiente competitivo as empresas tendem a ficar cada vez mais parecidas. Por exemplo, se uma empresa melhora sua produtividade com uma nova tecnologia, é natural que muito em breve seu concorrente também adote a mesma tecnologia. Esse fenômeno já relatado pelos estudiosos é classificado como isomorfismo, o termo também é utilizado em outras áreas do conhecimento para classificar a semelhança entre objetos distintos.
Em um cenário econômico e produtivo que tem apresentado crescimento lento e comoditização dos preços, muito pela competitividade do mercado global, se faz necessário inovar muito além da ótica da P&D, produto e processo, para que as empresas se mantenham competitivas.
Por isso, é necessário ter uma visão 360º da inovação empresarial, que seja sistêmica aos processos gerenciais de uma empresa, e também tenha foco principal nos resultados gerados para o cliente. De acordo com Sawhney, quando uma organização é capaz de identificar e perseguir dimensões de inovação negligenciadas, ela pode mudar a base de competição, deixando para trás as outras organizações.
O Radar da Inovação oferece convergência porque alinha todos os ativos de inovação da organização para uma única estratégia: a competitividade, ou a inovação do modelo de negócio. É importante lembrar que a maturidade na gestão é um ponto crítico para a organização que deseja inovar, por isso a ausência de um planejamento estratégico voltado para inovação e de indicadores comprometem o aprendizado, que é o principal instrumento de melhoria continua dos processos inovativos.
Além da captação de recursos, outro grande desafio para inovar é possuir uma cultura organizacional que estimule o surgimento de novas ideias e conduza a aderência dos colaboradores ao processo de mudança. Apesar dos desafios, a inovação não é somente uma alternativa, mas sim uma necessidade de mercado. A questão a se considerar é: investir para se diferenciar, ou agir conforme a concorrência, uma decisão de custo e benefício que se apresenta de forma diferente para cada organização.
O trabalho de pesquisa como Agente de Inovação conduziu ao desenvolvimento de uma ferramenta canvas que facilita a dinâmica de trabalho agente-empresa. O framework possui as dimensões do radar da inovação, e possibilita a construção do plano de ação de forma integrada e sistêmica, considerando a oferta da empresa como elemento estratégico de competitividade.
Primeiro artigo publicado no primeiro ano do projeto, de titulo: Inovação organizacional sob a ótica do design estratégico: uma amostragem de MPEs de São José dos Campos do setor de Fabricação de Produtos de Borracha e de Material Plástico.
Segundo artigo: A Inovação Empresarial com Foco na Oferta. Um Framework para Revelar o Caminho Crítico no Radar da Inovação.
Espero que tenha gostado, um abraço e obrigado!