Desafio Literário 2023

Rafael do Carmo Ferreira
4 min readDec 30, 2022

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Com 2022 chegando ao fim, lá vamos nós com mais um desafio literário. Como nos anos anteriores, a ideia é escolher doze categorias, um livro por categoria lendo, assim, ao menos um livro por mês.

Assim como nos anos anteriores, o Desafio Literário 2023 terá doze categorias. E, como sempre, há um livro premiado, um autor estrangeiro e um livro de poesia.

Novamente, indico a categoria e o livro escolhido, com links para livrarias ou para a própria editora, quando se tratar de uma editora independente.

1) Um livro vencedor do Rómulo Gallegos.

Concedido pelo governo venezuelano, o Rómulo Gallegos tornou-se um dos mais importantes prêmios da literatura hispano-americana e, desde a década de 90, da literatura em língua espanhola. Estabelecido em homenagem ao mais importante escritor venezuelano, o prêmio é concedido a cada dois anos, a um romance publicado em espanhol. Para se ter noção da relevância do prêmio, os dois primeiros agraciados forma Mario Vargas Llosa (em 1967 com La casa verde) e Gabriel Garcia Márquez (em 1972 com Cem anos de solidão). Apaixonado que sou pela literatura latino-americana, decidi ler Simone do porto-riquenho Eduardo Lalo, vencedor em 2013 ainda inédito no Brasil.

2) Um autor japonês.

A literatura japonesa é extremamente rica e não são poucos os grandes autores publicados no Brasil, desde clássicos como Jun’ichirō Tanizaki a figuras mais populares como Haruki Murakami, sem falar das inúmeras edições de mangás. Optei por um autor clássico que ainda não havia lido. Vou de Confissões de uma Máscara, primeiro (e seminal) romance de Yukio Mishima.

3) Um romance gótico.

Para quem cresceu lendo Allan Poe, a literatura gótica tem um, estranho, sabor de infância. Escolhi o clássico Frankenstein da inglesa Mary Shelley, um desses livros que todo mundo conhece e ninguém leu. A minha edição é do Clube de Literatura Clássica, mas recomendo também a tradução da Penguim Companhia.

4) Teatro brasileiro.

Tento ler ao menos uma peça de teatro por ano. Gosto muito mais do que efetivamente estar no teatro, já que performances ao vivo não são a minha… Escolhi o clássico Eles não usam blacktie do mestre Gianfrancesco Guarnieri (que para a minha geração é o avô do Lucas Silva e Silva). Fatalmente terei de rever o filme depois de terminada a leitura.

5) Um poeta suíço.

Tenho um amigo maestro com quem sempre brinco que a Suíça, a despeito de suas qualidades como país, não tem uma literatura muito relevante. Pensando nisso, resolvi ler um poeta suíço. Escolhi Diário de Bordo do suíço radicado na França Blaise Cendrars.

6) Um livro publicado em 2022.

Leitores costumam seguir um padrão em suas escolhas. Há aqueles que gostam mais de clássicos, aqueles que amam novidades. Eu não costumo ler os mais recentes lançamentos. Nada contra, apenas não é a minha escolha natural. Pensando nisso, resolvi arriscar e escolher um livro lançado no ano passado. Vou de Ela de chama Rodolfo da gaúcha Julia Dantas.

7) Um livro sobre o Rio de Janeiro.

Quem me conhece há mais de trinta segundos sabe da minha paixão pelo Rio. Sem jamais perder de vista os seus defeitos, enxergo na minha cidade uma beleza poética, uma afirmação de vida únicas. Nada mais justo do que um livro sobre ela. Escolhi Os franceses na Guanabara de Vasco Mariz e Lucien Provençal que trata da tentativa francesa de fundar uma colônia onde hoje é o Rio.

8) Um livro cujo autor seja desconhecido.

O fenômeno da autoria sempre me fascinou. Lembro dos debates sobre a historicidade de Homero ou as colaborações de Shakespeare. Por isso, resolvi escolher um livro cujo autor seja desconhecido. Vou de Lazarilho de Tormes, um romance satírico escrito na forma epistolar do século XVI na edição lindona e bilíngue da Editora 34.

9) Um livro de ficção científica.

Sempre gostei muito de ver séries e filmes de ficção científica, mas li pouco do gênero. Excelente hora para mudar isso, escolhi o clássico A mão esquerda da escuridão da americana Ursula Le Guin. O livro, publicado há mais de cinquenta anos, venceu alguns dos mais importantes prêmios do gênero e é conhecido por tratar de temas como polarização política, igualdade de gêneros e conflitos religiosos (claramente não melhoramos muito nos últimos cinquenta anos).

10) Uma distopia.

Já que passamos anos tão complicados, ler sobre distopias tornou-se uma quase obrigação, afinal, 1984 quase deixou de ser crítica para virar manual de instruções. Pensando nisso, vou de Laranja Mecânica do inglês Anthony Burgess na edição recente e bonitona da Aleph. Aliás, se você não conhece o trabalho da Aleph, está perdendo. Os caras têm publicado muita coisa interessante. Recomendo.

11) Um livro roubado.

Se você nunca esqueceu de devolver um livro emprestado ou simplesmente se apropriou do livro da biblioteca de um parente ou amigo, há uma falha na sua formação de leitor. Brincadeiras à parte, uma parcela da minha biblioteca saiu das estantes da minha mãe e de amigos. O simpático Roteiro lírico e sentimental da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, compilação de textos de Vinícius de Moraes sobre uma das paixões que temos em comum (o Botafogo é a outra) não é exceção.

12) Um livro sobre exílio.

O exílio é um tema bastante presente na literatura e há livros para todos os gostos. Para o desafio, eu não queria ir com algo tão óbvio e olhei para visões transversais do exílio. Assim, me lembrei de O coração das trevas de Joseph Conrad, um clássico do século XIX que, além de tratar do exílio do coronel Kurt discute racismo, colonialismo e a visão europeia sobre a África. Um clássico que inspirou o inescapável Apocalipse Now de Francis Ford Coppola. A minha edição é super antiga, mas o link vai para a nova edição da Darkside, outra editora que tem publicado muita coisa bacana.

Pois então, esse é o Desafio Literário 2023. Espero que gostem!

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