Tenho muitas coisas a dizer e poucas palavras na ponta da língua
Queria falar sobre o sentimento de injustiça que sinto impregnado em mim,
Sobre a exaustão de caminhar e nunca chegar,
Sobre existir um amor não vivido em mim do qual eu procuro nutrir agora e o consigo em silêncio, consigo, sem falar consigo, no escuro consigo, escondida consigo, consigo;
Sobre eu não conseguir ouvir música no máximo no fone a anos, pois preciso estar alerta constantemente, sabendo do meu ao redor o tempo todo, e sobre o escuro não me agradar e sobre como hoje fechei os olhos no canto mais escuro do quarto, deitei e ouvi música no último volume até sentir tudo ir embora, inclusive eu.
Eu queria ir embora, eu queria o silêncio, queria ir embora de mim mesma e depois voltar para um novo eu mais gentil que não machuca nem agride o outro nem a si mesma, eu queria ser amada, eu queria responder à perguntas que nunca me foram perguntada, e porquê não me perguntaram sou proibida de responder, queria que se importassem, queria sentir tudo como algo real e não como um sonho de um sonho.
Odeio pagar por crimes que não cometi, odeio agir como quem não tem uma ferida aberta exposta para o mundo, odeio abrir meus olhos de madrugada e não ver nada além de mim mesma, nada além do medo, é verdade que sempre fui uma grande covarde, é verdade que nunca tive coragem uma vez na vida, é verdade que eu iria até Oz pedir por um pouco de bravura porque por mais que em um corpo de leão me sinto vegetariana do próprio mundo.