Felicidade: uma Teoria Improvisada

tese: o que chamamos de “eu” ou Ego é, na verdade, um assessor de imprensa promovido inexplicavelmente a diretor da empresa.

• curiosamente, o negócio funciona sem ele precisar intervir.
• curiosamente, ele não tem ideia de como a empresa funciona.
• curiosamente, ele nem tem ideia de quem faz o quê no negócio.

a maior preocupação dele é a história que ele vai contar no final: tem que ser boa.

• quando algum problema desvia a sua atenção da historinha ele não resolve, ele simplesmente espana.
• se houver um incêndio no armazém ele não vai lá apagar, ele simplesmente toma um remedinho pra desligar o som do alarme.
• se a história dele é melhor que a dos outros, ele está feliz.
• se a história dos outros é melhor que a dele, ele padece
• se ele não tem certeza de que vai dar pra contar uma bela história, ele fica ansioso.
• se ele não tem como contar uma bela história, ele fica deprimido.
• se algo insiste em atrapalhar a sua história, ele fica com raiva
• na história que ele vai contar, todo o mérito pelas coisas boas é dele.
• na história que ele vai contar, todo o mérito pelas coisas ruins é dos outros.
• ele nunca planejou o futuro, mas quando contar a história tudo de bom que aconteceu foi fruto da sua visão infalível

tese: felicidade é poder achar bonita a própria história

• mesmo que a história não seja alegre, há outras histórias nobres aceitáveis: sacrifício, abnegação, heroísmo injustiçado, etc, etc, etc

somos 100% storytelling

corolário: fatos são para os fracos.

tese: social media é a felicidade ao alcance de todos pois…

…o importante é contar uma bela história

• podemos mostrar só o que orna
• podemos enfeitar o que não orna tanto assim
• podemos miguelar o que não orna
• podemos nos inspirar só com o que agrega
• podemos ignorar olimpicamente o que não agrega
• na falta de história boa pra contar, sempre dá pra roubar um pedacinho bonito de histórias alheias

… e o importante é que a história faça sucesso

• podemos tirar as ervas daninhas com um simples block para manter a uma plateia florida e favorável
• podemos aplaudir quem aplaude a nossa história.
• já que o importante é que a nossa história não seja pior que a dos outros
• basta seguir histórias preferencialmente mais bestas que a sua.
• basta não seguir ninguém com histórias muito melhores que a sua.

testando as teses: como esse mundo lindo e feliz elegeu o Trump?

• como é perfeitamente possível seguir fazendo de conta que a vida de cada um é a Disneylândia, faremos como Nero: seguiremos tocando lira enquanto Roma arde em chamas.

Q.E.D.