Passando por todos os clássicos do marxismo, sempre houve uma unidade diante do que definia um modo de produção. Há um consenso de que o que define um modo de produção são as suas relações de produção, não a forma como as mercadorias circulam, como afirmava e ainda afirma o degenerado PCB e Caio Prado Jr., que colocavam que no Brasil houve capitalismo antes da concepção do mesmo, negando o próprio Marx.
Diante disso, faz-se necessário uma análise da composição de classe regional, desde o período do império até a consolidação do capitalismo no Brasil, e também uma análise econômica sobre como era extraída a renda na região.
Tomando isso como base, fica nítido que no Brasil vigorava um regime feudal-escravista, pois a principal renda era extraída da terra e o regime jurídico e de propriedade era feudal, mas as relações de produção eram escravistas. Porém, não puramente. A priori, sim, o escravizado era uma mercadoria, mas ele também tinha o direito de pegar uma parte da produção e vender nas feiras. Também havia a questão do vaqueiro que podia ficar com um quarto das crias. Com o passar do tempo e o fim do escravismo, o feudalismo consolidou-se completamente, a servidão no campo tornando-se a principal relação de produção em solo nacional.
Reconhece-se que é impossível buscar um puritanismo quando falamos de um modo de produção. No Brasil, se viam relações diferentes em diferentes contextos. Negar isso é negar a história brasileira e assumir um descompromisso com a realidade. Como foi falado, não há um modo de produção “puro”. Isso fica nítido na consolidação do capitalismo no Brasil, um capitalismo burocrático, onde o desenvolvimento não foi impulsionado por forças internas e sim por agentes imperialistas que fundiram o seu capital aos latifundiários, tendo a servidão às potências imperialistas e a semifeudalidade como seus pilares.
A semifeudalidade torna-se cada dia mais visível quando analisamos as relações de produção no campo brasileiro (o principal critério para definir um modo de produção). Fazendo essa análise, nos deparamos com a seguinte situação: um camponês precisa de terra para trabalhar, mas o direito à terra lhe é negado pelo monopólio da terra, onde 1% detém 48% das terras. Por conta disso, o camponês precisa trabalhar na terra do latifundiário. Nesta terra, ele paga um aluguel ao latifundiário, paga pelo uso das ferramentas, paga por sua comida, pois o que ele planta vai para a mão do dono da terra, gerando uma dívida superior ao seu salário, prendendo-o à terra e tornando sua saída dali impossível. Analisando a situação, torna-se visível as relações feudais no campo brasileiro, provando que o nosso capitalismo está engendrado com uma forte base feudal e escravista.
31/05/2024 (31maio2024)
Besouro.