A persistência do feudalismo no Brasil: Uma análise das relações de produção do Período Imperial à consolidação do capitalismo.

Besouro
3 min readJun 1, 2024
Nelson Werneck Sodré, o maior historiador brasileiro, responsável por difundir e provar as raízes feudais de nosso país.

Passando por todos os clássicos do marxismo, sempre houve uma unidade diante do que definia um modo de produção. Há um consenso de que o que define um modo de produção são as suas relações de produção, não a forma como as mercadorias circulam, como afirmava e ainda afirma o degenerado PCB e Caio Prado Jr., que colocavam que no Brasil houve capitalismo antes da concepção do mesmo, negando o próprio Marx.

Diante disso, faz-se necessário uma análise da composição de classe regional, desde o período do império até a consolidação do capitalismo no Brasil, e também uma análise econômica sobre como era extraída a renda na região.

Tomando isso como base, fica nítido que no Brasil vigorava um regime feudal-escravista, pois a principal renda era extraída da terra e o regime jurídico e de propriedade era feudal, mas as relações de produção eram escravistas. Porém, não puramente. A priori, sim, o escravizado era uma mercadoria, mas ele também tinha o direito de pegar uma parte da produção e vender nas feiras. Também havia a questão do vaqueiro que podia ficar com um quarto das crias. Com o passar do tempo e o fim do escravismo, o feudalismo consolidou-se completamente, a servidão no campo tornando-se a principal relação de produção em solo nacional.

Mao zedong, o líder da revolução chinesa, responsável por elevar o marxismo ao seu terceiro e superior estágio, também foi o homem que criou o conceito do "capitalismo burocrático", citado no texto.

Reconhece-se que é impossível buscar um puritanismo quando falamos de um modo de produção. No Brasil, se viam relações diferentes em diferentes contextos. Negar isso é negar a história brasileira e assumir um descompromisso com a realidade. Como foi falado, não há um modo de produção “puro”. Isso fica nítido na consolidação do capitalismo no Brasil, um capitalismo burocrático, onde o desenvolvimento não foi impulsionado por forças internas e sim por agentes imperialistas que fundiram o seu capital aos latifundiários, tendo a servidão às potências imperialistas e a semifeudalidade como seus pilares.

A semifeudalidade torna-se cada dia mais visível quando analisamos as relações de produção no campo brasileiro (o principal critério para definir um modo de produção). Fazendo essa análise, nos deparamos com a seguinte situação: um camponês precisa de terra para trabalhar, mas o direito à terra lhe é negado pelo monopólio da terra, onde 1% detém 48% das terras. Por conta disso, o camponês precisa trabalhar na terra do latifundiário. Nesta terra, ele paga um aluguel ao latifundiário, paga pelo uso das ferramentas, paga por sua comida, pois o que ele planta vai para a mão do dono da terra, gerando uma dívida superior ao seu salário, prendendo-o à terra e tornando sua saída dali impossível. Analisando a situação, torna-se visível as relações feudais no campo brasileiro, provando que o nosso capitalismo está engendrado com uma forte base feudal e escravista.

31/05/2024 (31maio2024)

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