Quem foi Antonio Gramsci?

Revolução Intelectual
5 min readNov 10, 2019

Antonio Gramsci (1891–1937) foi um ideólogo italiano e exercia sua profissão de jornalista e crítico literário quando o ditador Benito Mussolini exigiu sua prisão. Mussolini — que era um monstro — acreditava estar prestando um serviço ao mundo com o silêncio que impunha àquele cérebro que ele julgava ser temível.

Nas palavras do professor Olavo de Carvalho:

“Aconteceu que no silêncio do cárcere o referido cérebro não parou de funcionar; apenas começou a germinar ideias que dificilmente lhe teriam ocorrido na agitação das ruas. Homens solitários voltam-se para dentro, tornam-se subjetivistas e profundos. Gramsci transformou a estratégia comunista, de um grosso amálgama de retórica e força bruta, numa delicada orquestração de influências sutis, penetrante como a Programação Neurolinguística e mais perigosa, a longo prazo, do que toda a artilharia do Exército Vermelho. Se Lenin foi o teórico do golpe de Estado, ele foi o estrategista da revolução psicológica que deve preceder e aplainar o caminho para o golpe de Estado.”

Se Gramsci era temido por Mussolini, o que ele criou?

Antonio estava impressionado com as guerras que o governo revolucionário da Rússia tivera de empreender para submeter ao comunismo as massas recalcitrantes, apegadas aos valores e praxes de uma velha cultura. Sendo assim, percebeu que era preciso amestrar o povo para o socialismo antes de fazer a revolução. Era preciso fazer com que todos pensassem, sentissem e agissem como membros de um Estado comunista enquanto ainda vivessem em um quadro externo capitalista.

A estratégia de Gramsci era totalmente contrária ao que Lenin defendia. Lenin queria que o proletário pegasse em armas para chegar ao poder e estabelecer a hegemonia; já Gramsci, queria conquistar uma hegemonia cultural, para assim, chegar ao poder. Novamente, recorremos ao professor Olavo de Carvalho para explicar essa diferença:

“O governo revolucionário leninista reprime pela violência as ideias adversas. O gramscismo espera chegar ao poder quando já não houver mais ideias adversas no repertório mental do povo.”

Gramsci foi fortemente influenciado por Maquiavel, tanto que adaptou O Príncipe às demandas da ideologia socialista, ou seja, coletivizando o príncipe. O Partido, em suma, é o novo Príncipe.

Segundo Gramsci, há dois tipos de intelectuais: “orgânicos” e “inorgânicos” (ou, como ele prefere chamá-los, “tradicionais”). Estes últimos são os que emitem ideias que não serão usadas pela massa, assim, acabam indo parar na lata de lixo da história. Já os intelectuais orgânicos são os que estão dispostos a esclarecer, elaborar e defender sua ideologia de classe. Para ser um intelectual orgânico não precisa ser proletariado, pelo contrário, pode até mesmo ser um burguês, desde que defenda o ideal socialista. Gramsci menciona como protótipos de intelectuais orgânicos burgueses Benedetto Croce e Giovanni Gentile: o liberal anti-fascista e o ministro de Mussolini.

Gramsci diz: “Não se pode falar dos não-intelectuais, porque os não-intelectuais não existem… Todos os homens são intelectuais; mas nem todos cumprem a função de intelectuais na sociedade”. Fica evidente o que um intelectual orgânico deve fazer, ou melhor, qualquer um deve fazer.

Sendo assim, os intelectuais estão incumbidos não apenas ao confronto de ideias, mas penetrar num terreno mais profundo, o de reformar o “senso comum”; que é um conjunto de hábitos e expectativas, inconscientes ou semiconscientes na maior parte, que governam o dia-a-dia das pessoas. Porém, para reformar o senso comum, Gramsci sabia que não era nada fácil; por isso, notou que era preciso focar na educação primária, uma vez que o cérebro das crianças é puro e incapaz de resistência crítica.

Gramsci acreditava que não bastava derrotar a ideologia expressa da burguesia; é preciso extirpar, junto com ela, todos os valores e princípios herdados de civilizações anteriores, que de algum modo sobram resquícios no fundo do senso comum. O professor Olavo diz que é uma operação de lavagem cerebral, que deve apagar da mentalidade popular toda uma herança moral e cultural da humanidade.

Se você não sabia da existência de Gramsci até chegar aqui, sem dúvidas, está com a cabeça confusa e pensando que isso é impossível; porém, no Brasil, mais do que em qualquer outro país, é demasiado fácil comprovar. Então, seguiremos contando para você o que é o gramscismo.

Para Gramsci, militantes que pregam abertamente suas ideias revolucionárias não têm tanto valor; a revolução gramsciana prefere pessoas discretas, como por exemplo: jornalistas, músicos, cineastas, psicólogos, pedagogos infantis etc. que afeiçoem o público a um novo imaginário, gerador de um novo senso comum. Gramsci diz:

“A conquista do poder cultural é prévia à do poder político, e isto se consegue mediante a ação concertada dos intelectuais chamados orgânicos infiltrados em todos os meios de comunicação, expressão e universitários.”

É importante varrer do imaginário popular figuras tradicionais de heróis e de santos que expressem determinados ideais. Seguindo esse raciocínio, as tradições filosóficas devem ser todas varridas de uma vez, e junto com elas a distinção entre “verdade” e “falsidade”.

O gramscismo no Brasil

Olavo de Carvalho diz:

Passado mais de um século, ainda não temos uma boa tradução de Aristóteles, mas publicamos, na década de 60, as obras completas de Antonio Gramsci.”

No Brasil, os intelectuais estavam dispostos ao gramscismo para deixar de fazer um esforço solitário na vida intelectual, assim, o intelectual seria transformado em um “intelectual coletivo”. Outro importante fator é a derrota na luta armada. Era preciso, urgentemente, encontrar uma estratégia para por em ação, e foi aí que a esquerda brasileira conheceu Gramsci.

O resto, conhecemos e vivemos bem, por isso, é preciso captar duas máximas importantes:

“A verdade está tão ofuscada nestes tempos e a mentira está tão assentada, que, a menos que se ame a verdade, já não é possível reconhecê-la.” (Pascal, Pensamentos)

E ainda:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

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Referência bibliográfica:

  • A Nova Era e a Revolução Cultural, de Olavo de Carvalho.

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