Relações Públicas quer ser tudo e acaba sendo nada

Compreender os desafios e as confusões que circundam a prática de RP é um grande passo para começar a desfazer o emaranhado da comunicação que colocou as habilitações todas no mesmo “bolo”. É importante que se explore esses aspectos porque variadas vezes, Relações Públicas é retratada como um mix de Jornalismo, marketing e publicidade, administração, recursos humanos e conhecimentos psicológicos, filosóficos, sociais e de tecnologia; é bem verdade que todos estes tem fortes laços com Relações Públicas, mas no que afinal, consiste praticar Relações Públicas?
Relações Públicas é “tipo” jornalismo?
Embora ambos estejam contidos dentro da comunicação social, e que uma tenha nascido do outro (Relações Públicas nasce do chamado jornalismo subsidiário ou empresarial) estas são práticas que se relacionam (dialogam e trocam ferramentas) mas não são a mesma coisa. De maneira bem objetiva, o jornalismo produz e processa acontecimentos do mundo social e lhe confere linguagem e sentido para ser transmitido para o contexto social, evidência fatos que possuem certo interesse das pessoas, o jornalista possui sua atuação circunscrita em grande parte, aos veículos de comunicação. Já Relações Públicas promove informações e ações organizacionais, que corroborem de alguma forma para o prestígio de uma organização; em síntese, o jornalista está para o meio social, assim como o RP está para o universo da sua organização. A grande interseção entre as duas habilitações está quando uma noticia institucional extrapola o espaço organizacional e causa impacto na sociedade, a notícia produzida por um RP será aproveitada por um jornalista.
Relações Públicas pode ser considerada marketing ou publicidade/propaganda?
Dentro do ambiente organizacional o profissional de RP irá se apropriar de diversas ferramentas, entre elas está previsto sim que para fins mercadológicos e empresariais RP aplique técnicas de convencimento a fim de alcançar uma determinada meta, mas Marketing não é RP. Marketing é um conjunto de ferramentas atreladas à venda, publicitários também estão preocupados em como vender de maneira criativa e cativante. O Relações-Públicas pode ser um profissional que acumule funções de comunicação e venda, mas este é o nível operacional de RP (leia-se operacional como dimensão em que somente se aplicam técnicas). Na concepção mais abrangente, RP estará preocupado com o patamar acima do operacional, o estratégico, a estratégia é uma dimensão que extrapola aplicações técnicas e parte para uma visão ampliada e crítica, bem planejada e com objetivos a médio/longo prazo, em um panorama que mostra que as organizações tem que enxergar além do “próximo mês”.
Administração e Relações Públicas… se juntas, causam, imagine juntas
Pode até não parecer muito óbvio mas ao se aprofundar dentro do mundo de RP, a administração marca forte presença porque vai ser um elemento diferenciador de todas as outras profissões da comunicação. A dimensão administrativa de RP é que lhe confere as aptidões para ocupar assessorias de comunicação (ou imprensa), dominar o “Conjunto de princípios, práticas e técnicas utilizadas com o objetivo de coordenar e dirigir as ações de um grupo de indivíduos que se associam com o fim de conseguir resultados eficazes” Michaelis (2015) é que junto com ferramentas de comunicação geram a comunicação organizacional, capacidade de administrar a comunicação. Por isso que entender as intersecções das duas áreas é tão importante.
Relações Públicas serve pra quê?
As organizações são imersas dentro de contextos sociais em que existe uma diversidade infinita de preferências e visões de mundo, entender a cobranças crescentes da sociedade, saber captar e interpretar os sentimentos das pessoas é sem dúvida, um dos pontos mais fortes das Relações Públicas.