Feminismo e Veganismo

Roda das Minas
3 min readOct 12, 2020

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A relação entre dois movimentos ativistas Ambos são movimentos ativistas, que lutam pelo fim da opressão. No feminismo, a luta é contra a opressão do patriarcado, já no veganismo a luta é pela libertação animal!

Homens à caça!

Você já deve ter ouvido algum homem dizendo aos amigos “vamo sair pra caçar.” Imediatamente você imagina um grupo de amigos sorridentes com armas nas mãos, indo pra savana caçar leões ou qualquer outro animal que seja. Não. Você provavelmente imaginou o mesmo grupo de amigos, ainda sorridentes, com copos de bebidas nas mãos, indo pra balada caçar suas presas: as mulheres.

*No Brasil, a estimativa é de 1 estupro a cada 11 minutos, mas somente 10% dos casos são levados à polícia, segundo o Ipea. 50 mil casos são registrados oficialmente por ano, mas a estimativa é de que esses crimes passem de 450 mil.

Você já pensou sobre?

A Polícia Militar de São Paulo aponta que os maus-tratos aos animais são fortes indicadores de risco de violência doméstica. Segundo a Associação Amigos Defensores de Animais e do Meio Ambiente (AADAMA) cerca de 71% das mulheres vítimas de violência doméstica viram seus animais de estimação serem ameaçados.

“Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens.” Alice Walker

Retalhamento de mulheres Ao comer carne, nós geralmente disfarçamos o formatos dos pedaços. Usamos eufemismos para desconectar aquela parte do seu inteiro. O animal vivo é o REFERENTE AUSENTE quando nos referimos aos pedaços de comida (filé, picanha — termos que também são usados ao se referir às partes do corpo das mulheres) O preparo do alimento, está cada vez mais distante do formato do animal vivo. Não é comum comermos um animal inteiro. Até mesmo a galinha, é servida como “frango”, mas sempre sem a cabeça. A carne de vitela, não é chamada de bebê de boi ou de bezerro, no máximo é “baby beef”.

Com essas expressões, estamos desassociando o bicho vivo — que se torna o referente ausente — ao ser identificado apenas como pedaços individuais de comida. As próprias mulheres se tornam referentes ausentes quando são tratadas como um “pedaço de carne”. Homens frequentemente usam a expressão “comer” ao se tratar do ato sexual com uma mulher.

Pense antes de falar!

Na nossa linguagem, existem diversas expressões machistas, entre elas, muitos dos xingamentos que são usados pra depreciar as mulheres, comparando-as com animais, como “se ambos fossem inferiores”: “Vaca”, “piranha”, “baleia”, “anta”.. Os vegetais são usados como adjetivos depreciativos: “Um banana” é uma pessoa covarde. “Só fala abobrinha”, só fala besteira.. A própria expressão “estado vegetativo” — sempre ligando o vegetal ao inferior.

A não ser que este vegetal tenha formato fálico. Voltamos com a sexualização em “pequenos atos”. A inferiorização, ligada ao ato sexual de maneira submissa. Se você é mulher, é possível que em algum momento da vida, você já se sentiu desconfortável ao comer uma banana em público.

Ecofeminismo: perceber o feminismo como parte de um movimento ativista global, de várias outras lutas sociais, a relação com o meio ambiente, o impacto que a gente causa na natureza. Vandana Shiva foi uma das pioneiras no movimento ecofeminista nos anos 70 e 80, lutando por um modelo de desenvolvimento ecológico centrado no papel das mulheres.

No movimento Chipko, do qual participou, mulheres indianas protestaram contra a exploração florestal industrial ao abraçar as árvores que lhes serviam de fonte de sustento, o que deu origem à expressão “treehugger” (abraçador de árvores) utilizada para designar ambientalistas até hoje.

O crescimento de ambos os movimentos está cada vez mais perceptível! Seja no número de grupos relacionados aos movimentos, pela internet, ou mesmo em encontros para reivindicar direitos, em protestos nas ruas!

Pesquisas por termos como “feminismo” e “empoderamento feminino” só vem crescendo nos últimos 10 anos no Brasil. O veganismo, também tem crescido exponencialmente o que indica que é possível abandonar os sistemas de exploração das mulheres, dos animais e de qualquer grupo que seja capaz de se MOVIMENTAR!

Pela extensionista Débora Mattoso

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Roda das Minas

Mulheres que acreditam no afeto como ferramenta política para melhorar o mundo. Coletiva feminista e Projeto de Extensão da Universidade de Brasília.