O avanço tecnológico é para todes?

Rodrigo Vidal Cabral
2 min readOct 28, 2021

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O ano de 2020 certamente foi atípico para toda população mundial. Mudanças drásticas decorrente da pandemia exacerbou os diversos pontos críticos da sociedade que estamos inseridos. Em meio ao confinamento, reflexões existenciais pairavam sobre meus pensamentos, foi quando despertou em mim uma convocação de luta, uma forma eficaz de contribuir no combate a desigualdade crescente.

Decidi então dar continuidade em alguns projetos pessoais voltado a área social, o primeiro passo foi entrar em contato com a administração da Educafro. Logo, fui recrutado ao time que coordenava os projetos sociais e tecnológicos da entidade, formado por pessoas incríveis de luta. Os desafios? Eram vários, dentre eles a urgente necessidade de obter dispositivos eletrônicos para socorrer as pessoas em vulnerabilidade social. Desde alunes da rede básica de ensino que não possuiam ao menos um celular que suportasse um aplicativo de reunião online, aos alunes de universidades que não tinham notebooks para suprir as necessidades dos seus respectivos cursos de graduação e pós-graduação Brasil afora. As demandas eram gigantes e o trabalho árduo. Fechamos inúmeras parcerias, dentre elas bolsas de 100% para o pré-vestibular da plataforma Descomplica, tão necessário visto a proximidade do ENEM, curso específico de formação para o ITA e IME, mentoria para condadidatos de mestrado e doutorado, dentre outras ações. Mas a necessidade dos dispositivos persistia, até que recebemos o contato do CESA (Centro de Estudos das Sociedades de Advogados) buscando uma parceria que supriria algumas de nossas necessidades. Após inúmeras reuniões, chegamos ao contrato final de aproximadamente 100 tablets destinados aos nossos associades. A satisfação de contribuir minimamente com a formação desses alunes era algo que me completava, mas sabia que era apenas uma gota em meio ao oceano. A pergunta que sempre bate na porta é: o avanço tecnológico é para todes? A resposta já era óbvia, mas a oportunidade em participar de projetos como esse deixou, ao menos pra mim, ainda mais redundante. Mas dessa, talvez surjam outras inúmeras perguntas que nos levam a reflexão: em meio a tanta tecnologia, inteligência artificial, novos dispositivos, etc. nós enquanto individuos de uma sociedade tão desigual, estamos fazendo nossa parte? A tão badalada diversidade nas universidades e empresas são eficientes? É justo abrir vagas de diversidade na área tech sendo que nem os recursos mínimos grande parte da população possui? Essa é uma breve reflexão para que nós dentro dos diversos espaços da sociedade possamos contribuir de alguma forma para uma efetiva democracia brasileira.

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Rodrigo Vidal Cabral
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Apaixonado por aviação, tecnologia e inovação.