Feedback

O melhor amigo do designer, e de todo mundo.

Rodrigo Oliveira
3 min readSep 29, 2020
Photo by Jason Rosewell on Unsplash

Tá aí um assunto bem delicado de se tratar no âmbito de design, mas que eu tenho gostado cada vez mais.

Depois de uma conversa enriquecedora com minha amiga e antiga colega Adri Quintas, anotei bastante coisa e refleti depois sobre alguns pontos que tornam a rotina do Brand Designer bem desafiadora.

A gente vê nas disciplinas de Product Design uma cultura muito forte de feedback, principalmente pelo formato de trabalho que de certa forma é mais metódico, os fluxos e funcionalidades são trabalhados de forma mais objetiva. Então o feedback se torna algo bem direto, onde o julgamento não é sobre as suas escolhas, e sim sobre o impacto que isso vai causar no usuário.

O desafio é muito maior dentro da disciplina de Brand/Visual Design, pois existe esse viés “artístico” que, mesmo que não verbalizado, está intrínseco no nosso trabalho. Cada peça que criamos é a nossa própria obra de arte, “e ai de quem critica uma obra de arte, não existe isso, arte é arte.”

O setor de Branding cada vez mais vem absorvendo as atribuições do designer para dentro de si justamente para quebrar um pouco esse conceito. Pois muito antes de uma peça de qualidade, existe uma marca por trás que precisa ser representada.

Pensando nisso, fiz aqui uma mini lista de alguns pontos dessa conversa que eu considero importantes para estimular o feedback entre os colegas durante um Brand/Visual Design Review.

Quem está DANDO o feedback:

  • Ao invés de levantar pontos negativos da peça, traga ideias e referências que possam ajudar aquele trabalho ficar ainda melhor.
  • Antes de sugerir uma mudança logo de cara, como por exemplo: “acho que valeria a pena testar uma outra cor diferente desse vermelho”, primeiro questione: “viu, por qual motivo você decidiu usar esse vermelho?”. Dependendo da resposta, a sua própria visão sobre aquela peça pode mudar.
  • Muito cuidado em levar só os seus gostos pessoais para a mesa durante o feedback. Lembre-se de que você faz parte de uma empresa, e antes de mais nada, o objetivo é comunicar com eficiência a personalidade da marca. Prefira sugerir provocações pensando no impacto daquela peça para o público-alvo do que somente se está "bonito" ou não.
  • Se você está em uma posição de liderança, seja você a pessoa que dá o feedback mais pesado. É melhor que o designer pegue birra de você do que dos outros colegas.

Quem está RECEBENDO o feedback:

  • Se você está recebendo o feedback, preste atenção e anote tudo. Não se justifique demais, isso vai te deixar muito na defensiva e impedir que as pessoas queiram dar outros feedbacks no futuro.
  • Insista em pedir as considerações dos colegas. O seu trabalho não vai deixar de ser seu só porque um colega sugeriu uma modificação.
  • Não existe job perfeito. Se você só teve feedback positivo, sem sugestões, sem outras referências, desconfie. A evolução e o crescimento partem do feedback. Se está tudo sempre bom, algo está acontecendo. Inclusive, vale revisitar o primeiro item desse tópico e entender se é isso que está acontecendo.

Um pensamento valioso é: Se você quer incentivar essa mentalidade nos seus colegas, comece por você, por mais doloroso que seja. Peça feedback o tempo todo, ouça muito, justifique menos. Assim você vai criar um ambiente seguro onde os seus colegas vão se sentir confortáveis em pedir feedback também, e o resultado disso é uma troca maravilhosa, onde todo mundo evolui.

Espero que essas dicas sejam úteis pra quem estiver lendo, assim como eu sei que serão super úteis pra mim como designer. Preciso trabalhar bastante coisa nesse sentido, mas reconhecer isso e me mexer para melhorar já é um passo importante.

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Rodrigo Oliveira

Visual, Brand & UI Designer, artista de lettering e colagem, mochileiro, não fala muito bem. Tampouco escreve.