Black Mirror: o ranking dos 13 episódios, do pior ao melhor, com notas para cada um

Série britânica com capítulos independentes é brilhante analisando a relação com a tecnologia num futuro bem próximo

Rodrigo Alves
7 min readNov 4, 2016

Por Rodrigo Alves

Black Mirror é assim: um futuro que está logo ali na esquina, um exercício meio incômodo para saber como será a vida em breve. Quase sempre realista. E meio assustador. Além do alto nível das histórias, a série ainda tem um nome bem sacado (alusivo à tela do celular) e uma das vinhetas mais simples e bacanas da praça (com o vidro da tela rachando).

Se você ainda não viu, é bom parar por agora, porque tem spoiler daqui em diante (são leves, mas são spoilers). Ou então só lê sobre os capítulos que você já viu. Na dúvida, corre pro Netflix, e pode assistir em qualquer ordem, porque é tudo independente. Segue o meu ranking dos 13 episódios, do pior para o melhor, com notas para todos eles. Compara aí com a tua lista.

13THE WALDO MOMENT — Nota 5.5

Temporada 2, episódio 3 — Um agressivo personagem azul vira candidato virtual e ganha popularidade na eleição

Um protagonista com zero carisma e uma história bobinha do personagem de desenho animado que vira candidato. Primeiro que podia se passar no presente, não tem nenhuma tecnologia muito avançada. E do jeito que a coisa vai, com Trump e afins, a trama já foi até ultrapassada pela vida real. Vale lembrar que, há quase 20 anos, o Casseta lançou Macaco Tião como candidato a prefeito do Rio, e o bicho ficou em 3º lugar com 400 mil votos. Papo velho.

12HATED IN THE NATION — Nota 6

Temporada 3, episódio 6 — Pessoas agredidas em redes sociais são atacadas de verdade por abelhas-drones

O episódio da abelhinha-drone é o mais longo (1h30) e tem cara de série policial futurista — lembra de Fringe? Destoa na forma e na qualidade. Além do clichê da investigadora iniciante que desvenda tudo, tem uns buracos meio ridículos do tipo 1) Por que não foram nos administradores do Twitter (ou semelhantes) para bloquear a hashtag? 2) Como ninguém se tocou que a sala onde eles protegeram a vítima tinha um duto de ventilação? 3) Por que não vestiram a vítima com um daqueles trajes de proteção contra… abelhas?

11 FIFTEEN MILLION MERITS — Nota 6.5

Temporada 1, episódio 2 — Homem se rebela contra um cenário de escravidão futurista

Aqui não é futurinho daqui a alguns anos, é futuro, futurão mesmo. É até bem pensado o cenário em que a população vive escravizada pela tecnologia, mas é difícil imaginar o povo pedalando para sobreviver e trancado em cubículos. Perde a maior força da série, que é mostrar um futuro próximo de nós.

10 PLAYTEST — Nota 6.5

Temporada 3, episódio 2 — Homem participa de game que recria seus medos de forma realista

Ok, esse é meio tenso para ver sozinho de madrugada. Você sabe que essa imagem aí do castorzinho é só para enganar, né? O episódio sobre realidade virtual tem momentos de terror, mas demora muito para entrar na ação, e alguns sustos são meio bobinhos. Esses quatro primeiros da lista são os únicos que eu acho, digamos, mais ou menos. Daqui em diante, é tudo alto nível.

9 MEN AGAINST FIRE — Nota 7.5

Temporada 3, episódio 5 — Soldado elimina criaturas e começa a notar defeitos no seu sistema de visão

O melhor desse episódio é que ele passa um bom tempo dando a entender que é uma ficção científica braba, com criaturas, as tais “baratas” que os soldados precisam eliminar. E a virada no fim mostra que não é bem isso. Ainda pega um tema bem atual, do preconceito, de uns se achando superiores aos outros.

8 WHITE CHRISTMAS — Nota 8

Especial de Natal — Dois homens compartilham lembranças em um lugar isolado

O especial que a série fez depois da segunda temporada reúne três pequenas histórias interligadas. São legais, só achei que ficaram um pouco soltas, poderiam ser três pequenos episódios separados. Mas são bons momentos, e tem o Jon Hamm, de Mad Men, que é um baita ator.

7 NOSEDIVE — Nota 8.5

Temporada 3, episódio 1 — Mulher busca reconhecimento num mundo em que as pessoas são avaliadas via aplicativo

Começa limpo, bonitinho, colorido, e de repente desce uma ladeira sinistra. É um dos mais assustadores quando a gente compara com o mundo atual das redes sociais, porque é muito palpável avançar nessa direção. Já fizeram até um teste para saber qual seria sua nota no tal aplicativo. Levei um 2,5.

6 BE RIGHT BACK — Nota 9

Temporada 2, episódio 1 — Mulher recria virtualmente o namorado morto

Episódio lindo e esquisito. Já vi que, para muita gente, é o melhor da série. Não chego a tanto, mas é ótimo. O gancho é a recriação virtual do namorado que morreu, mas acaba sendo mais que isso. É sobre o que se passa na cabeça da namorada e o questionamento se aquilo ali vale a pena. Por mais que o tema seja estranho e ainda pareça distante, é bem legal. E o final é ótimo.

5 THE NATIONAL ANTHEM — Nota 9

Temporada 1, episódio 1 — Primeiro-ministro precisa transar com um porco ao vivo para salvar a princesa sequestrada

Apesar de bizarra, esta história poderia muito bem acontecer hoje, não tem nada de futurista. Alguém sequestra a princesa da Inglaterra e, para libertá-la, exige que o primeiro-ministro transe com um porco ao vivo na TV. Parece absurdo, claro, mas o roteiro é muito inteligente e faz tudo parecer real. Acaba que o negócio não é sobre fazer ou não fazer, e sim sobre como as pessoas reagem àquela situação surreal. Foi um começo de impacto para a série.

4 WHITE BEAR — Nota 9

Temporada 2, episódio 2 — Mulher acorda sem saber onde está, vigiada e perseguida por outras pessoas

Episódio angustiante e muito difícil de assistir, porque é basicamente uma mulher chorando, gritando e sofrendo durante 40 minutos. Mas a revelação final, quando a gente descobre o que é aquilo, faz valer a pena. Em termos de criatividade para inventar um cenário original e cruel no futuro próximo, acho este o melhor de todos os capítulos. Muito, muito perturbador.

3 SHUT UP AND DANCE — Nota 9.5

Temporada 3, episódio 3 — Garoto é chantageado após ser filmado se masturbando

Até os minutos finais, eu praticamente só me irritei. Qual o sentido de se submeter a tudo aquilo só por causa de um vídeo caseiro? Pô, até assaltar um banco e correr um risco enorme de ser preso? Dane-se, deixa divulgar e passa vergonha, não tem nada de errado. Depois de muita irritação, já no fim do episódio, tudo faz sentido. E o moleque, que parecia só um bobalhão assustado, vira um personagem complexo e assustador. Baita virada.

2 THE ENTIRE HISTORY OF YOU — Nota 9.5

Temporada 1, episódio 3 — O lado ruim da tecnologia que grava todas as suas memórias visuais

Para mim foi o episódio mais incômodo. Porque essa tecnologia de gravar as memórias visuais parece muito possível num futuro próximo. E isso, claro, vai virar do avesso a vida de todo mundo. O recorte que a série dá, abordando uma simples situação de ciúmes entre um casal, é brilhante — um belo exemplo é a cena aí da foto, com os dois transando e imaginando transas anteriores quando o sexo entre eles era melhor. Texto excelente e personagens cheios de camadas. Você começa achando que o cara é um idiota e a mulher é 100% vítima. Depois tudo vai ficando misturado, não tem mais vilão, e fica claro como a tecnologia pode bagunçar a vida das pessoas.

1 SAN JUNIPERO — Nota 10

Temporada 3, episódio 4 — Uma garota tímida e outra festeira criam uma forte relação nos anos 80

É um dos melhores episódios de todas as séries. Parece só uma história de amor, amizade e curtição nos anos 80, e demora até ficar clara a relação com a tecnologia. Aos poucos vão surgindo uns sinais, o negócio vai ficando estranho e, quando a gente finalmente percebe o que está acontecendo, cara, que coisa espetacular. História complexa, profunda, cheia de detalhes, para rever procurando dicas e até buscar teorias na internet. Uma obra-prima.

Já viu tudo? Concorda com a lista? Manda aí o seu ranking.

Não viu ainda? Dá uma olhada no trailer da 3ª temporada. Valeu!

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Rodrigo Alves

Jornalista do GloboEsporte.com, fã de basquete, de futebol, de cinema, de séries de TV e de outros troços.