Sete: República

Rodrigo Dimas
6 min readSep 7, 2017

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Não é a estação de metrô da linha vermelha e amarela em São Paulo, é aquele espaço dividido com outras pessoas onde se tem a doce ilusão de que aquilo é um lar. Eu pelo menos não concordo. Quer dizer, depende. Veremos.

Terminei o colegial em 2005, fiquei os anos de 2006 e 2007 apenas trabalhando e em 2008 resolvi voltar a estudar e não queria que fosse em Pouso Alegre. Prestei vestibular para Administração na PUC Minas em Poços de Caldas, passei e fui no 2º semestre daquele ano, tudo muito rápido. Consegui um trabalho também e como já tinha um primo meu morando na cidade eu acabei indo morar lá com ele e mais dois garotos, ali iniciava minha vida em repúblicas, eu não fazia ideia que seria a primeira de muitas, infelizmente.

Até que foi tranquilo para minha primeira experiência fora de casa, nos dávamos bem e nos divertíamos na medida do possível, em Poços eu posso dizer que aproveitei mais da vida, morava na região central e perto do agito da cidade, eu era outra pessoa, muito mais feliz. Minha maior preocupação era a aula de matemática financeira duas vezes por semana incluindo o sábado, sim, isso mesmo, um cara todo de humanas como eu tendo aula de exatas em pleno sábado. Na república éramos em quatro: meu primo, eu, Lucas e Alisson. Nossa maior diversão era assustar o Lucas, a pessoa mais assustável que conheci até hoje, hahaha Não durou muito tempo e no final do ano já estava voltando para Pouso Alegre pois não curti o curso de Administração e havia recebido proposta de emprego na Claro.

Passei o ano de 2009 em Pouso Alegre, voltei a estudar mas decidi mudar de curso, agora era Publicidade e Propaganda. Gostei e após 1 ano de curso eu decidi arriscar tudo e vir com uma mão na frente e outra atrás para a selva de pedra, São Paulo. Sem família aqui, o jeito era dividir casa e foi isso que aconteceu, encontrei um grupo de repúblicas no falecido Orkut e vim morar com a Vanessa, Thamíres e Cayan, sendo que dividia o quarto com este último. Era bem legal dividir o espaço com eles mas decidi sair quando percebi que algumas coisas não estavam certas. Não lembro muito bem por quanto tempo fiquei ali mas acredito que tenha sido uns 4 meses. Aí começou a bater o desespero, tinha que procurar outro lugar pra morar, a sorte é que eu tinha poucas coisas e conseguia me locomover bem de um lado pro outro, seja por ônibus ou metrô. Uber e afins não existia e táxi era um luxo não permitido pra mim.

Acabei indo morar provisoriamente com a Aline, amiga de Pouso Alegre, e depois com a Brunna (Buh) que também era de Pouso Alegre e gentilmente, sem me conhecer muito, me ofereceu um canto em sua kitnet, o provisório tornou-se definitivo após alguns dias. A Buh sempre foi muito parceira e mesmo vivendo num espaço muito pequeno a gente se dava muito bem, não sei se foi por morar apenas eu e ela ou se foi por nossa proximidade que eu não sentia que ali era uma república. Era minha família ali. Gostávamos das mesmas coisas, quer dizer, quase das mesmas coisas, rere, era cinema e Vampire Diaries sempre e a gente ficava atrás de Wi Fi sem senha dos vizinhos.

Aí a Brenda, irmã da Buh, que estava morando nos Estados Unidos voltaria pro Brasil e não iria mais estudar no Mackenzie Campinas e sim iria pedir transferência pro Mackenzie São Paulo. E elas iriam morar juntas. A kitnet era apertada para duas pessoas, mas dava-se um jeito, mas não para três. Seria o fim se fosse para ser o fim, e não foi. Achamos um apartamento de 3 quartos e nos mudamos todos juntos. Foi incrível e temos as melhores lembranças dessa época, não lembro exatamente por quanto tempo foi mas foi o mais bem aproveitado. Nossa família havia crescido e cada um foi seguir seu rumo.

Aqui teve início a pior época pra mim, precisei da ajuda de amigos para ter onde morar, descobri amigos e “amigos”, amaldiçoei muita gente nessa época. Tive o carinho de muita gente e odiei outros muitos também. Chegou num nível em que eu saía do trabalho, ia pra faculdade e na hora do intervalo eu ligava para as pessoas perguntando se eu poderia dormir na casa delas. Aqui não posso deixar de agradecer principalmente à Sarah e sua mãe que abriram a porta da sua casa e me abrigaram durante uma época difícil. Dri e Durval (e sua mãe, claro), sempre preocupados e que pressentiam quando algo estava ruim. A Line também, apesar de ter me expulsado uma vez, haha, sempre tinha um espaço pra mim.

Confesso que fiquei perdido entre tantos lugares que morei, vou tentar resumir agora no fim do texto, hahaha

Depois de todo um sofrimento habitacional, decidi alugar um apartamento na Mooca e chamei mais um amigo e um outro cara (Mário) que acabou virando meu amigo e a melhor pessoa para se dividir um lar. Meu amigo mesmo acabou saindo bem cedo por conta de uns probleminhas, sinto saudades. Ali começaram os processos seletivos para escolher novos roommates já que o Mário teve que sair também. Entraram Guilherme e Lucas. Depois teve o Márcio, a Line (o jogo virou, rs), Tereza, Beto, outro Lucas, retorno do Mário, Brendon, Alex, Bruno e mais uma outra pessoa que eu gostava, admirava e se tornou outra. Ali eu fiquei por mais de 3 anos e por mais que eu nunca gostei do estilo república, sempre parecia uma pelo número de pessoas que passou por ali e pela falta de compromentimento que rolava de vez em quando, na verdade mais parecia uma pensão pois eu tinha que administrar tudo e o único que se preocupava era o Mário que ficou um bom tempo ali comigo. Poucos entendiam que eu abria a porta do meu lar, dividíamos as despesas, sim, mas antes de tudo a responsabilidade era minha, a dor de cabeça era minha, praticamente tudo dentro do apartamento era do meu suado dinheiro. Sempre fico revoltado com a vida por não ter me dado a oportunidade de ter um emprego melhor e com um salário digno para poder morar sozinho e isso não acontece até hoje.

Depois que vim do HSBC pro Bradesco e comecei a trabalhar em Osasco eu estava ficando muito cansado de pegar fretado ou horas de metrô e decidi me mudar pra cá em novembro de 2016, estava ficando muito sozinho por aqui e gastanto muito dinheiro pra morar sozinho que decidi voltar pra vida de dividir moradia e após algumas entrevistas eu escolhi a Laura pra dividir comigo, uma Colombiana fit que come bem e gosta de malhar, bem parecida comigo, só que nunca, hahaha Já deixei Laura bem brifada que sou chato, que tenho TOC com algumas coisas e que já passei por poucas e boas pra ter que aturar gente desconhecida me torrando a paciência.

Nunca obriguei ninguém a morar comigo. Ninguém é obrigado a nada.

Resumindo: se puder, não divida seu lar com estranhos, sim, todos são estranhos mesmo quando se conhece. Pode ficar até pior.

Rua Paraíba (Poços de Caldas 2008) / Rua dos Trilhos (São Paulo 2010) / Rua Orissanga (2010, 2011) / Rua Conde de São Joaquim (2011) / Rua Ouvidor Peleja (jul 2011, 2012) / Rua Melo Peixoto (2012) / Rua Vergueiro (2012, 2013) / Rua Tenente Ubirajara Monory (2013) / Rua Dr. Samuel Porto (2013) / Rua Taquari (2013) / Av. Presidente João Goulart (Osasco 2016…) / Curitiba PELO AMOR DE DEUS

Esse é o episódio 7 de 30 de um garoto simples, de rosto lindo e um sorriso encantador e um jeitinho de falar que me pirou. Aguarde que vai ter mais!

Episódio Um: Passado

Episódio Dois: Ódio

Episódio Três: Escola

Episódio Quatro: Preguiça

Episódio Cinco: Sorte

Episódio Seis: Tiroliro

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Rodrigo Dimas

Mineiro amante de queijos, de Curitiba, de filmes, séries, viagens e queijos novamente. Já falei queijos? @bradesco