Cibernética, Inteligência e Aleatoriedade
O termo “cibernética” pode parecer fora de moda, de filme sci-fi dos anos 90. Mas, na verdade, quando aprendi mais sobre cibernética, o que significava, sua origem e conceito, me veio um clique. Lembrou-me o mesmo clique de quando aprendi o básico de programação.
Vi na linguagem de programação uma lógica de construção de um outro universo. Não demorou muito para eu achar divertido prestar atenção em micro-mundos e imaginar simulacros criados a partir de uma espécie de engenharia-reversa da nossa percepção sobre o que chamamos de realidade.
O que é Cibernética e o que ela nos diz sobre a Inteligência
O termo vem do grego e significa algo como a arte de conduzir. Imagine-se navegando num veleiro, indo para um destino. Os ventos e o mar agitado desviam o seu trajeto mas você mantém a atenção em onde deseja ir e corrige sua rota. Segundo Paul Pangaro, Cibernética é sobre navegar até seu objetivo.
Todos os sistemas inteligentes tem essa propriedade: de tentativa, verificação e correção sobre a diferença avaliada. É este ciclo que o diferencia como inteligente. Caso contrário, o sistema seria aleatório, mesmo que suscetível a sua própria estrutura e a condições do ambiente externo.
Inteligência é o oposto da aleatoriedade
Sistemas tecnológicos artificiais e naturais possuem esta propriedade de correção através de um ciclo de retro-alimentação. As pessoas se corrigem, um sistema social, através de uma conversa, está neste constante ciclo de verificação e ação.
A proposta da cibernética é descrever sistemas que possuem objetivos. É uma linguagem para todos os sistemas, sejam eles naturais ou artificiais. Todos eles possuem objetivos.
A cibernética é uma janela para você enxergar como o mundo físico-mecânico funciona. Ela permite a visualizacão das coisas em um fluxo de trocas de informações, de percepções, entendimentos, decisões, avaliações, correções, responsabilidades e ações. Tudo para que o sistema prevaleça em seu ciclo de vida.
Do ponto de vista cibernético, a inteligência pode ser definida como a intenção de trabalhar, de maneira bem sucedida, para conquistar seu objetivo.
Temos inúmeros sistemas cibernéticos funcionando ao mesmo tempo, neste exato momento. Mesmo a simples leitura deste texto está nos fazendo ter uma conversa em nível cibernético, trocando informações: você está lendo o que eu escrevi e eu estou vendo que você entrou no site, comentou e etc.
O que tudo isso pode representar para nós, meros mortais?
O que podemos achar em comum entre a nossa simples existência neste momento e a vastidão do universo? Entre toda nossa história passada e nossos planos para o futuro? Entre animais que amam e robôs que cozinham seu almoço?
Para que o sentido das coisas e dos seres prevaleçam no que chamamos de realidade, inteligências em níveis micro e macro precisariam atuar em diversas camadas simultâneas, a fim de se conquistar um objetivo. Caso contrário, tudo seria apenas aleatório na eterna possibilidade de vir a ser, naquele contexto: se um elemento encontrasse o fracasso, ele não o assimilaria. O oposto também seria verdadeiro — se consegue sucesso, não o compreenderia.
Quando não existe objetivo, não existe certo e errado. Não existe aprendizado, sucesso ou fracasso, apenas aleatoriedade suscetível a seu contexto.