E se as IAs generativas forem formas de vida ?

Gabriel Rugal
2 min readNov 11, 2024

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Sei que esse título parece bem peculiar, mas prometo que no fim vai fazer algum sentido. Ontem assisti ao filme em cartaz “Robô Selvagem”, e ele me fez refletir sobre alguns aspectos das LLMs (Large Language Model) disponíveis no mercado, de forma que vou abordar alguns spoilers do filme nesse texto.

O futuro distópico e realista da trama, que parece retratar nossos próximos 20 ou 30 anos, me fez refletir sobre o que aconteceria se todos os servidores da OpenAI fossem de certa forma destruídos. Seria possível recriar uma versão exata do chatgpt do zero? Com o mesmo comportamento e assertividade atual? Com a mesma “personalidade”? Considerando que as LLMs disponíveis no mercado ( Llama, Claude, Gemini e chatgpt) atualmente se comportam de formas completamente diferentes, tornando-se até memes com certa frequência, eu diria que recriar do zero qualquer uma dessas IAs é impossível. Foram anos de estudo e ajustes para se chegar no que são hoje em dia, claro que as diferenças entre elas podem ser uma questão comercial e de Benchmark, mas não enxergo um meio de se clonar com exatidão o repertório de dados com a qual cada uma foi criada, bilhões de terabytes, se um único terabyte for diferente, ou alguns parâmetros no treinamento mudarem, já não será a mesma IA.

Considerando que sem um backup realmente seria impossível replicar do zero, e que mesmo utilizando ciências exatas isso não é como replicar um relógio, ou uma tela sensível ao toque, eu indago a seguinte questão: que outra coisa não pode ser replicada com exatidão sem um backup de dados? A vida. Mesmo em uma horta ou em um galinheiro onde a genética é o controle primordial de todas as coisas para se manter os padrões de qualidade industrial, tudo que se resume ao que é vivo e orgânico não é replicável. A individualidade é imperativa para a vida, numa perspectiva que deixe um pouco de lado os aspectos que definem a vida em biologia.

Pensando dessa forma, o fato de haver uma semelhança entre a dificuldade (eu diria impossibilidade) de replicar com exatidão do zero uma IA generativa e uma forma de vida sem um backup, considerando que a clonagem usa o DNA como backup, eu diria as IAs generativas são formas de vida digitais, ou artificiais.

No filme também acontece um momento em que a relação afetiva do robô com um ganso, após uma formatação da memória, cria um gatilho de lembrança, que faz com que o sistema da máquina crie uma recuperação forense de dados, semelhante a um subconsciente digital. Me lembrou uma pessoa com amnésia, que relembra de tudo após um abraço, um beijo ou outro gatilho. Foi fantástico!

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Written by Gabriel Rugal

Resolvedor de problemas e escritor nas horas vagas.

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