“Gameficando” a educação a distância

Ruth Espinola Soriano de Mello
4 min readJun 23, 2020

Desde 2012 virei professora! O convite veio do prof. Luis Felipe Carvalho/IAG a partir de minhas experiências pontuais em programas de formação e qualificação que implementei com a profa. Julia Zardo no âmbito de projetos patrocinados do Instituto Gênesis da PUC-Rio.

Desde então, tem sido um aprendizado enorme cada vez mais desafiante por inúmeros motivos dentre eles o fato de que os alunos (de graduação) seguem vindo com a mesma idade, enquanto que eu cada vez mais velha.

Pois bem, já contei antes aqui como foi conceber e desenvolver o Curso de Negócios de Impacto Socioambiental (NIS) na modalidade totalmente a distância. Aqui o desafio é falar mais sobre como elaborei a gameficação dentro do moodle (Ambiente Virtual de Aprendizagem [AVA] que escolhi).

No caso do Curso NIS, ficou assim:

A cada semana, um módulo temático se abre, a partir dele, o aluno tem que ler os materiais didáticos e aplicar as tarefas avaliativas indicadas. Em geral o aluno tem que se dedicar de 5h a 7h semanais ao longo de 9 semanas para que, assim, vivencie as 60h de jornada.

O material didático do Curso envolve Livros Digitais, Podcasts, Navegação Guiada em Sites/Documentos, dentre outros.

Tem sido praxe usarmos também um grupo Whatsapp da turma, nele os alunos trocam conhecimento, contatos, casos de seus estados (temos alunos de todo o Brasil), trazem perguntas, as professoras moderadoras do Curso respondem, contando ainda como os próprios alunos que ajudam e instigam outras problematizações. O Whatsapp também conta com a participação de empreendedores reais do campo dos NIS que ficam alguns dias no grupo falando de sua empresa social, de desafios enfrentados, forma que consolidaram seus modelos de negócios etc. Alguns professores conteudistas também ficam no grupo alguns dias para esclarecer dúvidas e aprofundar conhecimento a partir da demanda dos alunos.

Tal dinâmica de interação do aluno com a turma e moderadoras ocorre também no “Papo de Impacto” (fórum de discussão) dentro do moodle, sendo esta uma das atividades avaliativas do Curso.

O aluno é sempre convidado a participar dos encontros semanais (opcionais) ao vivo de 1h, quartas a noite, quando a turma com os professores conteudistas e moderadoras aprofundam temas e esclarecem dúvidas. Esses momentos são gravados e, na mesma semana, disponibilizados no ambiente online. Se o aluno não tiver disponibilidade para assistir ao vivo, não será penalizado no desempenho do Curso.

Há ainda momentos ao vivo (opcionais, também quartas à noite) apenas com a turma visando trocar experiências, problematizações, realizar ações etc. Esses momentos são gravados e, na mesma semana, disponibilizados no ambiente online. E novamente, se o aluno não puder participar, não será penalizado.

O moodle tem recurso de controle de progresso de modo que o aluno sabe sempre o que já consumiu, o que deve ainda vivenciar Assim, ele cria sua própria rotina de dedicação, em processo assíncrono.

Logo, é possível que o aluno consuma os novos conteúdos semanais em seu próprio ritmo, considerando o limite máximo da jornada do Curso (9 semanas). Se ele atrasar o desenvolvimento dos módulos semanais, não será penalizado. No entanto, para efeito da premiação discente com melhor desempenho, esse quesito será considerado sim de modo a privilegiar os alunos que aplicam os conteúdos na semana indicada.

Ao passo que os alunos vão evoluindo no consumo dos recursos “básicos” e nas atividades avaliativas, ganham pontos que vão se somando até alcançarem 6 mil pontos = 75% da jornada (suficientes para validar a certificação no Curso). Caso o aluno opte por ir além, e consumir também os recursos “complementares”, ele pode conquistar mais 3 mil pontos, ficando com 9 mil ponto ao final do Curso, com isso, ele terá consumido 100% dos recursos do Curso.

Ao final da jornada, o moodle fica ainda disponível para acesso por mais 60 dias. Esse tempo a mais, permite, por exemplo, que o aluno que tiver consumido apenas os recursos “básicos” (75%), possa consumir também depois os “complementares”.

Como dito, os alunos com melhor desempenho (dentre os que consomem 100% dos recursos [básicos + complementares]) ganham livros ligados ao campo dos NIS.

A pontuação do consumo dos recursos de aprendizagem e da realização das tarefas avaliativas ocorre por etapas (conforme ativação do recurso level up do moodle). Os 11 níveis têm nome e sobrenome já que associamos a classificação ascendente da jornada discente com personalidades internacionais: Malala Yousafzai, Muhammad Yunus, Irmã Rosemary Nyirumbe, Zilda Arns, Martin Luther King, Nelson Mandela,
Rosa Parks, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, Dandara dos Palmares.

Sobre Avaliação do aluno, são vários os tipos de processos avaliativos aplicados, além da jornada controlada (com controle de processo por parte do aluno) que valida 75% de desempenho ao longo do Curso possibilitando a certificação ao final.

Há semanas em que aplicamos Quizzes com perguntas objetivas para ajudar a consolidar conteúdos. O sistema dá feedback sobre o acerto ou o erro do aluno o qual pode aplicar o questionário até 2 vezes, a nota mais alta será a considerada.

O Papo de Impacto (fórum de discussão) também tem nota de desempenho que privilegia o aluno se posicionar, interagir com a turma e provocar debates.

Existe ainda a construção coletiva de um Livro Digital ao longo do Curso, ao final ele é efetivamente publicado (com ISBN e tudo), de modo que o aluno que contribuir não é só avaliado em tal tarefa, mas também se torna coautor da obra interessante, gratuita e aberta para a sociedade acessar.

Há outros tipos de avaliações, destacamos acima apenas as mais relevantes.

Bom, espero que essa apresentação instigue outros professores a adentrar no mundo da educação digital sem medo de perder espaço para o algoritmo.

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