Design for Social Change

Samantha Rosa
4 min readApr 5, 2015

Em 2013 tive a oportunidade de ir ao UX Week, evento sobre User Experience Design em San Francisco, organizado pela Adaptive Path — cujo fundador é o Jesse James Garrett, autor da metodologia que me fez ter tanto interesse por UX Design. Foi muito legal conversar com ele por alguns minutinhos.

A parte principal do evento são as palestras, mas também acontecem alguns workshops, sendo o ‘Design for Social Change’ um dos que participei. A facilitadora era a Sara Cantor Aye, uma ex-funcionária da IDEO que abriu a própria empresa chamada Greater Good Studio. Ela compartilhou como funciona seu trabalho, trazendo alguns conceitos bem legais na prática.

“Research changes design. Design changes behavior. Behaviour changes the world”.

Essa frase acima é o lema da empresa dela, e com base nisso a metodologia de trabalho é construída. No passo-a-passo funciona mais ou menos assim:

Encontrar um problema a ser resolvido

Ela explicou o que nós já sabemos: no mundo real é fácil encontrar problemas, a questão é como resolve-los. No workshop, ela dividiu a turma em quatro grupos e entregou um problema já definido para cada. O meu grupo trabalhou com ‘gravidez na adolescência’. Problemas sociais são sempre muito complexos, e ela diz que pra atingir o sucesso “você não deve resolver tudo de uma só vez”. Sempre tive o problema de querer resolver tudo, mas trabalhando cada vez mais em um formato de Lean UX, eu entendo o valor de resolver uma coisa de cada vez.

Esses eram os grupos do workshop. Eu estou no canto esquerdo, atrás de outra menina.

Definir e clarear questões sobre o problema

Para começar a clarear o problema, ela sugere o uso de três ferramentas:

Assets
Nos projetos sociais, uma vez que você já sabe o que quer resolver, o importante é achar os ‘assets’ (coisas/pessoas que a gente têm acesso) que irão nos ajudar. No ambiente do terceiro setor, você tem que encontrar o que já existe de legal (um pouco diferente dos ambientes corporativos onde o foco é encontrar os problemas dos outros para tentar faturar naquele mercado). Estes ‘assets’ podem ser divididos em dois tipos:

  • Hard assets: pessoas / lugares / coisas.
  • Soft assets: habilidades / qualidades / aspirações.

Appreciative Inquiry
Passar o problema para um tom positivo. O objetivo de fazer essa mudança é amplificar o que você que fazer de bom pro futuro ao invés do que está errado agora.

  • Negativo (seu problema): Diminuir a gravidez na adolescência.
  • Positivo (Como nós poderíamos…?): Como nós poderíamos criar auto estima, respeito próprio e consciência sexual em meninas adolescentes?

Bright Spots
Escolhendo algumas pessoas com quem iremos conversar e trocar ideias, e que são pessoas que de alguma forma, já resolveram o problema que estamos trabalhando. Pra definir quem são essas pessoas, a regra de ouro é lembrar do porque que essa é a melhor pessoa pra gente aprender sobre o assunto que estamos trabalhando. No caso, nossos bright spots foram:

  • Uma menina que passou por essa situação e conhece os prós e contras de ter engravidado na adolescência.
  • Um menino adolescente que viu a irmã ter um filho muito nova e aprendeu que poderia viver de uma forma diferente.
  • Uma professora respeitada pelos seus alunos, e que sabe como ajuda-los a atingir seu melhor.

O legal dos bright spots é que cada uma dessas pessoas pode nos trazer insights valiosos, por terem histórias particulares, e serem referência em pontos diferentes que circulam o problema a ser resolvido. Além de conversar com outras pessoas, também existe o conhecimento que cada pessoa já possui. No meu grupo, além de mim existiam outros 3 participantes. Eu morava no Rio de Janeiro e conhecia a realidade do Brasil. Outra participante conhecia a realidade dos Estados Unidos, e por aí em diante pudemos colaborar com os nossos conhecimentos prévios.

Geração de ideias

Depois que você estudou o problema, conversou com as pessoas, entendeu o cenário em que está se envolvendo, é a hora de gerar ideias. Pra começar, ela faz um aquecimento pedindo pra todos desenharem algumas coisas como um bebê, uma bicicleta, um carro. Ela fez isso pra mostrar que cada pessoa enxerga as coisas de uma forma diferente, e é preciso entender o outro além de você próprio.

Definimos um prazo de 10 minutos e começamos a rabiscar ideias em post-it baseadas no conhecimento que adquirimos com as entrevistas e pesquisa, passando por mais de 50 ideias. Algumas eram simples como "colar cartazes instrutivos em escolas", e outras mais complexas e caras como o recebimento de mensagens com dicas sobre sexualidade no celular.

Mais uma foto da turma no workshop.

Viabilização das ideias

Depois que as ideias foram geradas, o próximo passo era avaliar onde valeria a pena investir o nosso tempo. Isso foi feito através da organização de cada ideia em um gráfico de alto investimento x baixo investimento x alto impacto x baixo impacto.

As soluções que estiverem no quadrante baixo investimento x alto impacto são as melhores para colocar em prática, pois irão gerar mais resultados e menor custo.

Ps.: isso tudo é apenas a minha compilação de um workshop que levou só quatro horas. Mas posso dizer que tenho aplicado alguns desses conceitos no meu trabalho e tenho visto bons resultados, espero que seja útil pra vocês também :-)

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Samantha Rosa

I’m a Brazilian Designer leading the creation of experiences that deliver positive social change to organizations — sahrosa.com