La Chimera (2022)
Alice Rohrwacher nos vislumbra com seu onírico longa La Chimera (2022), estrelado por Josh O’Connel, acompanhamos seu personagem Arthur, um inglês que junto de sua gangue de tombarolis fareja como um rato (eu não podia perder essa ) as relíquias deixadas pelo povo Etrusco.
Arthur perambula com seu terno sujo como um morto vivo pelos cenários bucólicos e degradados do interior da Itália, locais familiares a diretora Alice Rohrwacher que diz em entrevista ter crescido em um lugar com as características dos cenários que vemos no filme. Rodeados por suas quimeras, os personagens exalam nesses devaneios pessoais algo essencialmente humano, o desejo. Seja o de saquear túmulos com artefatos históricos por alguns trocados ou a busca incessante por algo que já se foi, como um fio que vai nos guiando e refugiando da inércia, entretanto quando o presente já não supera o passado, podemos facilmente nos sufocar em nossas quimeras, como Arthur e a memória de sua falecida esposa Beniamina. Itália, personagem bem executada pela brasileira Carol Duarte, nos mostra a proporção que a diretora chama de sagrado e profano, passado e futuro. É interessante assistir esses aspectos se dissolverem entre as ações e diálogos.
Sua filmagem bonita e texturizada a base de películas, harmonizam com o onírico desse longa em que o tempo é um mais um artefato precioso que Artur não possui. Sua beleza histórica marcante é exposta em planos detalhe recheados de simbolismos tão mitológicos quanto o próprio personagem.
Conhecer o cinema de Alice Rohrwacher foi com certeza uma das melhores descobertas do ano para mim, minha experiência com La Chimera foi um verdadeiro deleite e espero desfrutar ainda mais de suas obras quando voltar a assistir os filmes de sua filmografia. O ritmo do filme para alguns pode parecer arrastado, mas eu garanto que se você se entregar ao estilo de Rohrwacher a experiencia poderá ser tão boa quanto a minha. Para La Chimera eu fecho com nota 9/10.
non sei fatta per gli occi degli uomini
