O curioso caso da logo que era Copyleft

sam jovana
3 min readApr 14, 2015

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Ou como pagar por aquilo que é de graça, em um breve guia, de acordo com a lógica do Governo Federal.

Ontem explodiu um mini-escândalo na internet. Mini porque, querendo ou não, a tentativa petista de humanizar as redes sociais (um conceito que me foge a compreensão, pois o próprio caráter social das redes as fazem aquilo que há de mais humano) atingiu um ou outro aficcionado pelo governo (e ouriçou muita gente que já era da outra torcida). Enquanto escrevo esse texto, o perfil criado pelo Governo Federal (partindo sabe-se lá de que necessidade) tem pouco mais de 8000 followers. Esse número incrível é muito parecido com o número de seguidores de um amigo meu, mas ele conta ótimas piadas. No Facebook, o sucesso vem quase na mesma intensidade e o perfil governista já atinge incríveis 17000 likes! Yay.

Qualquer um com o mínimo de bom senso consegue ver de longe o flop (termo que jornalistas amiguinhos do perfil Humaniza Redes — que é uma Dilma Bolada do pessoal que faz "humor do bem", aquele que sugere apenas que se fuzile apenas os inimigos do rei — adoraram utilizar para definir as recentes manifestações que tomaram as ruas do país) da estratégia governamental. Existem canais reais para se fazer denúncias, inclusive para crimes que ocorrem na internet. O perfil, em menos de 24 mostrou a que veio: cagar regra.

Até aí, é basicamente o que qualquer um de nós veio fazer na internet. Mas, bem, eu faço de graça. O Humaniza Redes custa (e, ao que tudo indica, bem caro), num momento em que o país está em contenção de gastos. E, se gastar dinheiro para tentar diminuir o ódio que as redes sociais tem demonstrado com o governo Dilma não é o suficiente para lhe indignar, fica a informação extra: o Humaniza Redes é um projeto criado por uma agência de publicidade (segundo o pessoal ágil do twitter, a Leo Burnett Tailor Made*). A agência, supostamente, vendeu para o governo um projeto completo, de identidade visual e estratégia. Pena que não entregou.

*feito não tão sob medida

Sim, porque esse logo aí do Humaniza Redes (com todo respeito, bem do cafoninha) é figura carimbadíssima pra qualquer pessoa que já entrou num banco de imagens nos últimos dois milênios. A logo desenvolvida pela agência, descobriu-se, era uma stock image e, pasme, royalty-free. E essa explicação não veio da oposição e sim do próprio governo. Ou seja, o governo pagou vultosas quantias de dinheiro por um vetor grátis, que o seu sobrinho sabe baixar na internet.

O governo do PT foi longe demais. Design de segunda-mão é sacanagem.

Update: De ontem pra hoje o site do Humaniza Redes ficou, de repente, fora do ar. Poxa. Mas agora o dinheiro já não está gasto?

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