O mundo não pode ser visto de acordo com as minhas lentes, diz Natália Becattini

Sara Lane
15 min readJun 25, 2024

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A jornalista de viagem conta como aprendeu sobre cultura, aceitação, estereótipos culturais e preconceitos durante sua jornada pelo mundo

Por: Sara Lane

Natália Becattini | Crédito: Arquivo Pessoal

Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Natália Becattini atua há 13 anos na produção de conteúdo digital. Autodenominada nômade, a escritora já viajou para mais de 40 países, contando histórias do mundo real e mostrando a cultura local de cada lugar pelo qual já experimentou. Além da graduação, Becattini também é especializada em Jornalismo de Viagem pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) e em Escrita Criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Durante conversa que durou cerca de quarenta minutos via plataforma zoom, a nômade digital contou sobre como surgiu a ideia de criação do seu site 360meridianos, sobre sua experiência de intercâmbio na Índia, na qual aprendeu sobre cultura, preconceito, estereótipos culturais e aceitação, e como deu a volta ao mundo logo após se formar em jornalismo. Ela também mencionou sua participação no Projeto Wakaya , onde fez parte de uma série de webdocumentários, tendo a oportunidade de documentar a luta de comunidades indígenas da América Latina para preservar os idiomas originários.

Como surgiu a ideia para a criação do site 360meridianos?

Natália Becattini: O 360 surgiu há 13 anos, em 2011, no estilo blog de antigamente. Estavam surgindo as redes sociais, o Instagram. Eu fiz a conta do Instagram e já tinha o blog. Tínhamos acabado de nos formar em jornalismo, e estava todo mundo sem saber o que fazer. Surgiu a oportunidade de fazer um intercâmbio na Índia. Viajar e fazer intercâmbio era um sonho que eu já tinha há muito tempo e ainda não tinha tido essa oportunidade. Logo que me formei, uma amiga, a Luísa, que é minha sósia, apareceu com essa oportunidade e acabamos indo nós três para o mesmo lugar trabalhar na mesma empresa. Como a gente se conhecia da faculdade, resolvemos que iríamos fazer juntas um blog de viagem, e foi assim que surgiu o 360.

Tem esse nome porque, na época, o dólar era bastante barato e ia ter Olimpíadas em Londres. O voo estava muito caro para ir para a Índia porque necessariamente passaria por Londres. Então, fizemos umas pesquisas e encontramos uma passagem de volta ao mundo que saia mais ou menos pelo mesmo preço. Compensava, na época, a gente fazer essa passagem ao invés de comprar uma passagem direta para a Índia. Então, saímos do Brasil e fomos para a Europa. Depois, fomos para a Ásia, fizemos o intercâmbio na Índia e de lá continuamos viajando pela Ásia. Depois, fomos para a Oceania, América do Sul e, depois, voltamos para o Brasil pelo Pacífico. Foi assim que surgiu o blog.

Muito legal! Eu também fiz intercâmbio na Índia e fiquei durante 10 meses.

Como foi a adaptação na Índia, que é um país de cultura completamente diferente da do Brasil?

Natália Becattini: Foi uma experiência única na vida. Eu fiz essa viagem com 23 anos e era recém-formada. Eu já tinha viajado uma vez para fora do Brasil, meses antes, em outro intercâmbio para a África do Sul. A África do Sul é muito parecida com o Brasil, eu me senti muito em casa. Ir para a Índia foi um caos completo na minha cabeça. Eu tinha uma visão muito inocente e achava que tudo ia ser muito legal, e foi muito legal, foi uma experiência que mudou a minha vida. Mas, antes de ser legal, foi muito difícil também a adaptação. Cair de paraquedas sem ter maturidade para lidar com a diferença de culturas e sem entender exatamente essas diferenças foi um choque total. Eu tive momentos em que chorei e quis ir embora, mas acho que foi importante ter ficado e ter passado por tudo isso, porque mudou a minha forma de encarar as culturas. Tudo o que eu fiz depois, a forma como eu me abri para morar em lugares diferentes, para viajar para lugares diferentes, lugares que muitas vezes as pessoas são muito estereotipadas, onde as pessoas têm muito preconceito, acho que ali começou, onde foi plantada a sementinha.

Mas foi uma experiência complicada. Tivemos casos de não entender que eles têm uma visão diferente de espaço pessoal. É o país mais populoso do mundo e tem gente em todo lugar. Eles têm uma relação diferente com essa coisa do espaço e isso é algo que me marcou muito. A comida também foi muito difícil porque, quando eu fui, eu tinha pouquíssima abertura para provar coisas que eram fora da minha zona de conforto, do que eu já estava acostumada, e eu tive que me adaptar. Até hoje eu sou uma pessoa que tem pouca resistência à comida picante, mas eu já gosto hoje em dia. Na época, eu não gostava e não tinha resistência. Então, foi uma coisa que eu tive que lidar; prova disso é que eu perdi sete quilos. Mas, apesar disso, eu acho que foi super válido. Eu aprendi muito sobre cultura, aceitação, estereótipos culturais e preconceito também, e que o mundo não pode ser visto de acordo com as minhas lentes. Acho que todo mundo fala a partir de um lugar, e na hora que viajamos precisamos entender o lugar de onde estamos observando aquela cultura.

De todos os países que você conheceu ao redor do mundo, qual foi a experiência mais marcante?

Natália Becattini: A Índia foi um deles, tanto por ter sido um dos primeiros quanto por ter sido talvez o mais difícil. Acho que não tem como não citar a Índia, apesar de já termos falado dela. Mas, anos depois, eu já tinha até feito a minha pós-graduação em jornalismo de viagem, já era mais velha e trabalhava com isso há algum tempo. Eu tive uma experiência de fazer uma série de webdocumentários com os amigos que conheci na minha pós na Espanha, na América Latina. Então, isso foi uma experiência muito legal também e que me marcou muito. Chama-se Projeto Wakaya e a nossa ideia era documentar a luta de comunidades indígenas da América Latina para preservar os idiomas originários. Foi muito legal e, infelizmente, eu tive que sair na metade do projeto, só fui até a Costa Rica. Mas, o pouco que vivi com eles mudou muito a minha forma de enxergar a produção de conteúdo, as possibilidades de projetos com os quais eu queria trabalhar e as formas de vivências. Por estar nesse projeto, e como era de interesse das comunidades indígenas que documentássemos isso, pois, para eles, quanto mais exposição, melhor, mais chamaria a atenção para a causa. Então, fomos muito acolhidos pelas comunidades indígenas. E isso é o tipo de experiência que você não tem fazendo turismo. Você não vai chegando a um lugar e dizendo que vai até lá; você precisa realmente ser convidado para participar. Então, eu tive a oportunidade de participar de um festival de máscaras indígenas na Costa Rica, que foi algo muito único. No México, também, fiquei hospedada na casa de uma poetisa que ensinava poesia e língua indígena para as crianças nessa cidade chamada Juchitán de Zaragoza. Passeei com o pessoal que se considera terceiro gênero lá, e essa é uma cultura que tem essa flexibilidade de ser mais fluida. Esse tipo de experiência eu não teria se não tivesse ido com esse projeto. Foi muito marcante também na minha vida.

E como vocês faziam para se conectar com essas pessoas até serem convidados para vivenciar a cultura deles?

Natália Becattini: Nesse caso específico, como já tínhamos esse projeto e era um interesse mútuo, nós queríamos documentar aquilo e eles queriam ser documentados, porque são normalmente iniciativas que não têm muita visibilidade e é um assunto que muita gente não dá atenção. Então, na hora que explicávamos o que queríamos fazer, eles já nos acolhiam. Acho que também havia o fator América Latina, em que as pessoas são mais abertas e receptivas. Eu não sei se, fazendo esse projeto em outros lugares, teríamos tanto acesso. Então, por ser algo que beneficiava tanto o nosso projeto quanto as pessoas que queríamos entrevistar, fomos recebidos com muita facilidade.

Para qualquer outro tipo de projeto, encontro um pouco mais de dificuldade, pois, como sou uma jornalista independente, às vezes não tenho a chancela de um portal de grande nome como a BBC. Sempre apresento o meu blog e, às vezes, realmente encontro um pouco mais de dificuldade para conseguir acesso. Mas é muito de sorte e muito de como você propõe o que está querendo da pessoa. Muitas vezes funciona simplesmente chegar e explicar o tipo de reportagem ou de vídeo que você quer produzir; muita gente é bem acessível.

Voltando à questão cultural, passei três meses em Cuba e também na Colômbia, e ali era super fácil. A alternativa que encontrei foi realmente pagar a pessoa pela participação no vídeo, como se fosse cachê. No jornalismo, isso não é muito bem visto, porque o jornalismo não paga pelas fontes. Mas, como estou fazendo YouTube e a pessoa aparece e tem a imagem, acho que é um outro tipo de conteúdo que permite isso, pois a pessoa está disponibilizando o tempo dela. Não pago diretamente pela participação no vídeo; pago pelo trabalho de guia, por exemplo, ou pelo curso de culinária que a pessoa dá. Eu explico que sou uma jornalista que produz conteúdo para a internet e que gostaria de fazer a aula. Estou comprando a sua hora de trabalho, mas vou filmar, então, se for possível, explico que gostaria também que a pessoa conversasse comigo sobre aquilo. Essa foi uma forma que encontrei de ter mais acesso às pessoas. Mas isso não funciona se você escreve para portais; não é aceito na prática do jornalismo de redação. Porém, é uma forma que eu, como produtora de conteúdo independente, encontrei para acessar um pouco mais as pessoas.

Como você acha que as viagens podem enriquecer nossa compreensão e apreciação das diferentes culturas ao redor do mundo?

Natália Becattini: Ter o contato direto com culturas diferentes é sempre enriquecedor; sempre se aprende alguma coisa. Eu não acredito que as viagens, por si só, realmente transformem todo mundo que viaja. Muita gente viaja e não está nem um pouco interessada em aprender; acho que depende muito do espírito da pessoa que viaja, se ela está disposta a enxergar. Na verdade, parece que a pessoa que se enriquece é aquela que está buscando esse enriquecimento de certa forma. Quando você está aberto para isso, quando busca isso, e quando sente que os lugares não são apenas destinos, mas a casa de alguém, o berço de uma civilização, de uma história e de uma cultura, acho que isso só amplia a sua visão de mundo. Podemos ler as coisas e aprender bastante lendo sobre elas, mas aquela sensação de estar ali, ver com os próprios olhos e conversar com aquelas pessoas, acho que isso sempre é algo a mais.

Quais são suas dicas para os viajantes que desejam mergulhar mais profundamente na cultura local durante suas jornadas?

Natália Becattini: A resposta direta é o turismo de base comunitária. Acho que não podemos chegar a um lugar e nos impor, dizendo: “Ah, eu quero ficar imerso nessa cultura contra a vontade das pessoas.” Para você realmente ter essa imersão, precisa ser convidado, pois é a casa de alguém; não se pode simplesmente sair entrando e fazer o que quiser, achando que a casa é sua e que as pessoas são obrigadas a recebê-lo. E aí está o ponto interessante do turismo de base comunitária: é o turismo feito com a participação da comunidade e com a permissão dela. A comunidade decide o que quer mostrar da sua cultura, quando quer mostrar e como quer mostrar. São iniciativas pensadas com a participação das pessoas que moram ali.

Quando você começa a acessar esse tipo de turismo, aí sim, você consegue experiências imersivas com a autorização das pessoas, pois existe aquela troca que é benéfica para os dois lados. Eu estou indo ali, estou tendo o aprendizado e a vivência que quero, que é mais imersiva, e aquela população está se beneficiando diretamente desse turismo, porque ele gera uma melhora na economia local e cria empreendimentos feitos por pessoas dali, e não por gente de fora explorando o turismo. Você também ajuda a promover determinados tipos de práticas culturais e manifestações que eles querem mostrar e realmente desejam que as pessoas conheçam. Acho que essa é a forma mais ética de fazer turismo.

Como você equilibra a autenticidade cultural com a sensibilidade cultural ao criar conteúdo sobre suas viagens?

Natália Becattini: Bom, eu acho que foi uma coisa que fui desenvolvendo ao longo do tempo. Quando começamos a viajar, aprendemos a viajar. Na primeira viagem que fiz, pelo menos, saí visitando museus e outras coisas até perceber que não era isso que eu gostava de fazer. Fui descobrindo coisas que me chamavam muita atenção, especialmente essa questão cultural e quase antropológica de aprender culturas e participar de manifestações, festivais e rituais. Então, fui automaticamente buscando mais atividades e experiências que me levassem nessa direção. Ao mesmo tempo, essa questão da sensibilidade cultural foi algo que tive que aprender também. Como eu disse, quando cheguei na Índia, eu não tinha essa sensibilidade e foi difícil. Então, com estudo, leitura e abrindo mesmo o coração para viver aquelas experiências, é que a gente vai conquistando isso.

Quais são os desafios que você enfrenta ao tentar transmitir a riqueza e a diversidade das culturas que você explora?

Natália Becattini: Acho que, em primeiro lugar, tem o desafio mais técnico, porque, como viajante e produtora de conteúdo independente, sou eu que faço tudo. Eu não tenho uma equipe por trás, como uma produtora, não tenho alguém para filmar, apenas meu namorado, que faz trabalho voluntário nos meus conteúdos. Quando estou sozinha, tenho que me virar fazendo com a câmera de selfie. Então, eu tenho esse desafio técnico. Tenho muitas ideias que não consigo colocar em prática por falta de recursos. Acho que é um desafio para todos que tentam trilhar esse caminho mais independente.

O outro desafio é realmente tudo que já falamos: tentar sempre colocar nossas ideias e nossos estereótipos e preconceitos em segundo plano e não deixar que eles interfiram tanto. Não acho que seja possível achar que não teremos nenhum preconceito ou estereótipo; precisamos identificá-los e trabalhar com eles para sempre tentar transmitir uma visão mais próxima da realidade. Eu sempre tento colocar nos meus conteúdos a visão mais precisa que consigo, pois é muito fácil cair em vieses na hora de produzir. Acho que esse é o grande desafio mais intelectual e cognitivo.

Que papel a comida desempenha na sua experiência cultural ao viajar? Você tem alguma experiência culinária memorável para compartilhar?

Natália Becattini: A comida é uma das principais experiências que existem. Uma vez li em algum lugar que a comida é a segunda maior manifestação cultural de um lugar, sendo a primeira a língua. É em torno da comida que as pessoas socializam; ela carrega tradições de séculos em pratos típicos e receitas que são passadas de geração em geração, além de ser um espaço de sociabilização na comunidade. Portanto, para mim, a comida é um dos principais aspectos de uma cultura. Custei a me soltar para conseguir provar as coisas; quando comecei a viajar, era muito difícil gostar de coisas fora da minha zona de conforto. Porém, ao longo dos anos, forcei-me a chegar a esse ponto.

A comida italiana é a que mais gosto e é a resposta mais padrão para mim, mas a que mais me surpreendeu foi a tailandesa. Eu não achava que seria uma comida fácil para mim, pois é cheia de sabor e bastante diferente, meio adocicada. No Brasil, estamos muito acostumados com a distinção entre doce e salgado. Outra que está entre as minhas favoritas é a mexicana, que está no meu top três. Voltando à história da Índia, na época não consegui comer e perdi 7 quilos, mas hoje também é uma comida que aprecio bastante. Faz parte do processo de abrir o meu paladar.

E eu ganhei 6 quilos na Índia…

Você é a única pessoa que eu conheço que foi para lá e ganhou peso.

Atualmente é mais tranquilo para você experimentar novas comidas e se adaptar?

Sim, hoje está tranquilo! Provo de tudo, mas não quer dizer que eu goste de tudo, pelo menos eu tento.

Como você acredita que as viagens podem promover o entendimento e a tolerância entre diferentes culturas?

Natália Becattini: Acho que quando você transcende as fronteiras, quando percebe que as pessoas não são como falam delas e que há muita gente legal… Por exemplo, há dois anos fiz um mochilão no Irã e até hoje muitas questões surgem quando falo sobre isso. As pessoas perguntam: “Ah, como é para as mulheres lá, é violento?” Eles têm um governo autoritário, quase como uma ditadura, e é um governo complicado. Mas o Irã não se resume ao governo atual, que existe desde a década de 70; é uma civilização antiga que remonta à Pérsia. Este é um momento histórico que estão vivendo, e isso não durará para sempre, porque nenhum governo é eterno. Quando esse governo cair, eles continuarão existindo, o Irã continuará existindo, o povo persa é incrível. São hospitaleiros e educados, alguns dos melhores anfitriões do mundo.

Quanto a viajar como mulher lá, eu tinha que usar um tipo específico de roupa e cobrir minha cabeça, conforme as regras do governo. Não presenciei nenhum caso de assédio. Na verdade, vi muito mais disso quando estava na América Latina, aqui perto de casa. Então, acho que é isso: se você viaja com a mente aberta, consegue ver a humanidade nas pessoas e quebrar mais estereótipos e preconceitos, o que contribui individualmente para promover essa quebra de estereótipos e preconceitos.

Quais são as práticas ou tradições culturais que você acha mais fascinantes e que gostaria de explorar mais em suas viagens futuras?

Natália Becattini: Eu estou com muita vontade de ir para a Ásia há um tempo, explorar uma Ásia que ainda não conheço. Um dos destinos que mais quero visitar agora é o Japão. Queria passar um tempo lá para entender a cultura, porque acho que é muito diferente da nossa. Imagino que será um desafio sociabilizar, mas é um lugar que quero compreender. Outro lugar que desejo muito visitar é a China, pelo mesmo motivo do Japão.

Você acha que a tecnologia tem ajudado ou prejudicado a preservação das culturas tradicionais em suas viagens?

Natália Becattini: Eu não vou saber dizer exatamente o que ela faz, mas acho que é mais uma ferramenta do que a forma como as coisas são feitas. Ela é feita por pessoas, então vai ter gente que vai usar isso de uma forma mais positiva e vai ter gente que vai usar também para propagar ódio e preconceito. Acho que ela potencializou essas vozes, para o bem e para o mal. Acredito que precisamos regulamentar essas plataformas, e também acho que precisamos de políticas públicas tanto no aspecto tecnológico quanto no aspecto dos governos criarem políticas públicas para o turismo se desenvolver de forma sustentável e consciente.

Você vê o outro lado também… Por exemplo, um lugar se torna famoso no Instagram por suas fotos bonitas e logo está lotado de gente, isso também é visto de uma perspectiva que não envolve xenofobia. Tudo passa pela política pública e pela regulamentação para fazer as coisas de maneira planejada e consciente. A tecnologia em si não é nada, é o que nós fazemos com ela.

Quais países você mais se identificou e que você gostaria de voltar?

Natália Becattini: Difícil essas perguntas, mas acho que o México é o meu país favorito, eu me senti super bem lá… Tenho muita conexão com a América Latina e gosto muito de ir para lugares distantes, mas na América Latina a gente perde um pouquinho daquele desconforto de não estar em casa, e isso é muito gostoso. Outro lugar para onde tenho muita vontade de voltar é a África do Sul, porque foi minha primeira viagem e nunca mais retornei, sempre fico com isso na cabeça de que tenho que voltar. O terceiro país é a Tailândia, que já está no meu radar há um tempo.

São três países bem distintos um do outro…Eu queria saber da Tailândia. Como foi a experiência lá e se a cultura foi muito impactante?

Natália Becattini: Esse é um dos motivos pelos quais quero voltar lá. Já estive três vezes, mas foi bastante corrido. Nas duas primeiras vezes, foi mais turismo, ficando apenas uma semana. Em duas ocasiões fui a trabalho, então ainda tinha programação. Na terceira vez, foi durante aquela viagem de volta ao mundo. Agora, realmente quero ir para ter uma experiência mais imersiva da cultura. É um país muito interessante e diferente.

Qual conselho você daria para os viajantes que desejam ser mais respeitosos e conscientes em relação à cultura ao explorar novos destinos?

Natália Becattini: Primeiro, é não viajar desinformado. Você precisa ler, pesquisar e entender aquela cultura antes. Quanto mais informações você tiver, melhor será sua experiência na viagem. Você conseguirá conectar os pontos. Entender também que ali não é sua casa e, quando não é nossa casa, não somos nós que ditamos as regras, por mais que discordemos. Se é necessário se vestir de uma determinada forma, vista-se; se é necessário se comportar de uma determinada maneira, também. Outra coisa é ter bom senso o tempo todo. Vemos alguns casos de festivais religiosos que se tornam famosos e as pessoas entram na frente para tirar fotos e filmar. Acho que tudo isso ultrapassa o limite do respeito e do bom senso. Aquilo não está acontecendo para você; muitas vezes são tradições milenares, coisas de séculos que possuem um valor simbólico e precisam ser respeitadas.

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