Vista do Morro da Cruz, onde a start up Moeda do Bem atua, em Porto Alegre (foto Coletivo Morro da Cruz).

Arquitetos montam mapa de iniciativas de combate à pandemia em Porto Alegre

Sílvia Marcuzzo
4 min readMar 27, 2020

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Movimento Urbanistas contra o Corona planeja estratégias para o enfrentamento em comunidades carentes

Diante de tantos impasses para proteger as populações mais vulneráveis ao novo coronavírus, a sociedade civil tem se articulado de forma criativa pelo Brasil afora. Em Porto Alegre, um grupo de profissionais, conectado ao movimento nacional Urbanistas contra o corona (clique aqui para saber mais sobre a mobilização em matéria da Folha de S.Paulo) colocou à disposição da sociedade hoje, dia 27 de março, um mapa para que sejam incorporadas iniciativas de combate à pandemia do Covid-19.

Materiais elaborados pelo movimento Urbanistas contra o Corona. Uma das estratégias para atingir a população é o envio de cards pelo WhattsApp.

“A ideia é conectar todo mundo que está a fim colaborar, todas as comunidades e as pessoas que estão precisando de ajuda”, explica o cientista político Cleiton Chiarel, um dos envolvidos no movimento. A ideia dos arquitetos, urbanistas, entre outros profissionais ligados ao planejamento urbano é enfrentar o problema levando em conta as características do Brasil, onde a desigualdade social é uma grande aliada à disseminação do vírus, principalmente nas periferias e favelas.

Para participar do mapeamento, qualquer pessoa ou representante de instituição pode responder ao questionário e incluir o que pode fazer. Quem quiser oferecer seu trabalho voluntário, tiver doações, quiser colaborar de diversas formas deve se cadastrar. Assim como quem estive precisando de ajuda também. A intenção é unir em um só local informações que possam subsidiar tanto o trabalho da Defesa Civil como de organizações que querem ajudar mas não sabem como.

Essa é uma das máximas da Fluxonomia 4D: “convergência gera potência”. Com esse mapeamento, que poderá ser replicado para outras cidades, a ideia é também fortalecer o trabalho de quem hoje atua de forma isolada. Pra isso, é fundamental que o questionário chegue ao maior número de pessoas.

Link de questionário para quem precisa de ajuda
(lideranças comunitárias, representantes de comunidades carentes etc)

http://abre.ai/urb-rs-comunidades

Link de questionário para quem quiser fazer doações, oferecer ajuda
(voluntários, doadores, pessoas interessadas em colaborar)

http://abre.ai/urb-rs-doacoes

De quarentena na Europa, o arquiteto Alexandre Santos, integrante do coletivo POA Inquieta, do qual faço parte, conta um pouco mais sobre a mobilização. “Uma honra trazer e coordenar essa mobilização daqui da Alemanha para minha Portinho! É um baita esforço, uma contribuição ao nosso país”. Ele acrescenta que a mobilização envolve profissionais do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), sindicatos e profissionais de vários estados.

“Nosso maior foco é mostrar que as comunidades da periferia vão sofrer mais. Queremos que as pessoas percebam que por mais que o vírus tenha chegado de quem viajou para fora, os marginalizados vão sofrer muito mais quando o vírus se espalhar. A infraestrutura de saúde tem que chegar nas periferias — e isso começa com água e sabão, coisas que já faltam em algumas comunidades.” Alexandre, que está fazendo doutorado na Universidade de Hamburgo.

Iniciativa de amigos leva esperança no Morro da Cruz

Distribuição de cesta básica pela turma do Moeda do Bem (foto Coletivo Morro da Cruz).

Uma das iniciativas que integrarão o mapa é o moedadobem.com.br, uma iniciativa de um grupo de amigos que “uniram muita ousadia e, talvez, alguma ingenuidade, pra lançar a Moeda do Bem, uma startup que tem a pretensão de movimentar uma economia baseada em fazer o bem”.

Neste momento, eles estão super envolvidos com uma campanha para o enfrentamento do coronavirus no Morro da Cruz, uma região da Capital gaúcha, onde vivem 60 mil pessoas, a maior parte de baixa renda, em parceria com a Associação Coletivo Autônomo Morro da Cruz. “Lançamos uma pesquisa pelo WhattsApp para saber o que as pessoas precisavam e em três dias, 500 famílias deram retorno, no último dia, 50 pessoas chegaram a responder por hora”, explicam Daniella Cordeiro e Adriano Panazzolo, integrantes da start up.

Confira ainda a campanha CataDORES — Todo mundo cuida de TODO MUNDO, que vai integrar o mapeamento. Clique aqui para conferir.

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