Primeiro estranha-se, depois entranha-se

Publicidade por Fernando Pessoa

SODA Virtual
2 min readJul 11, 2014

Ora toda gente que serve deve, parece-nos, buscar a agradar a quem serve. Para isso é preciso estudar a quem se serve (…); partindo não do princípio de que os outros pensam como nós, ou devem pensar como nós (…), mas do princípio de que, se queremos servir os outros (para lucrar com isso ou não), nós é que devemos pensar como eles.” Fernando Pessoa, para a Revista de Comércio e Contabilidade.

Slogan feito por Pessoa, por volta de 1926-1927, quando a Coca Cola tentou entrar em Portugal pela primeira vez. http://bit.ly/1oKTuaJ

Falar para o público alvo é uma das maiores dificuldades que um publicitário iniciante encontra. Ele escreve textos atraentes, com palavras até bem articuladas — pra ele mesmo! Depois de tentativas que, ao mesmo tempo, passam rápido, por causa do prazo, e devagar, porque em maus momentos tempo é tortura, ele consegue fazer um texto bom — ainda que ruim.

Aí transparece o óbvio: é para eles você tem que escrever (mesmo que ache um lixo).

A diferença entre o que o publicitário considera bom e o que o seu público gosta é fundamental, mesmo que não seja simples.

Pensar como outros é um exercício que não se aprende de um dia para o outro. É uma construção — um trabalho. Se você tem familiaridade com leitura, sairá na frente. Pesquise seu público! Como ele fala, que palavras usa, o tipo de humor, o que gosta de ouvir, o que defende, como pontua, que emoticons usa, que vídeos gosta, como posa para fotos etc: todo detalhe é importante!

Não fique com medo: é natural se transformar em seu objeto de estudo. Você não é Fernando Pessoa, mas ganhou heterônimos e, principalmente, não perdeu sua identidade. Nesse processo de aquisição de vários eus, de pensar como se fosse outra pessoa, você não deixa de escrever para si próprio, e ainda consegue enxergar a si mesmo a partir de vários ângulos, colecionando o senso crítico de todos os seus heterônimos.

Escrito por: Ana Laura

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