Em sua terceira edição, Projeto Estufa se consolida como espaço para disseminar novos olhares sobre o futuro da moda e da economia criativa
A economia criativa tem na moda o seu pilar mais instigante e encantador. É natural que venham desse universo os principais questionamentos, que tentam dar conta do presente e antecipar os dilemas do futuro. Afinal, no segmento da moda, sabemos que a mudança é a única constante.
E é nisso que se apoia o Projeto Estufa, fórum de discussões que promove a reflexão sobre o futuro sustentável da moda. Iniciativa da casa — o São Paulo Fashion Week (SPFW) — em parceria com o IN-MOD (Instituto Nacional de Moda e Design), o Projeto Estufa vai até a próxima quinta no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Nesses três dias de imersão em muito conteúdo, com aulas, rodadas de conversa, workshop, desfiles e uma exposição, o Projeto Estufa pretende disseminar boas ideias. E elas reverberam para além do evento em sim, através de cases e estudos que contribuem para tornar os processos da cadeia têxtil mais justos e responsáveis.
Criado em 2017, o Projeto Estufa tem, entre os objetivos, revelar novas formas de criar, produzir e distribuir moda. A cada edição, convidamos um inspirador, normalmente alguém ligado a projetos inovadores. Nesta, o escolhido foi Roberto Martini, considerado um profissional dos mais visionários da indústria criativa brasileira. Martini é sócio fundador da FLAGCX — grupo de empresas que atuam nas áreas de tecnologia, publicidade e marketing. É dele também a idealização da “Humanx –Todas as Perspectivas são Realidades Alternativas” que acontece dentro do Pavilhão, durante o SPFW N48. “Precisamos inventar desafios e estar abertos para o não saber, para o aprender”, afirma Martini. “Esta é a única forma de se preparar para o futuro”.
Você pode ouvir um bate-papo com Martini e Graça Cabral em nosso podcast, clique aqui!
De acordo com Graça Cabral, curadora do núcleo de conhecimento do Projeto Estufa, desde a sua criação, o evento que ocorre paralelamente ao SPFW se propõe a ser um espaço que reúne novos olhares para discutir o futuro. Não o futuro distante, mas aquele que já está se desenhando no presente. O Projeto Estufa é estruturado em três pilares: inovação e tecnologia, comportamento e criatividade, todos permeados pelo olhar da sustentabilidade.
Contamos detalhes sobre o Projeto e esta edição aqui no Medium.
Falando nela, vale lembrar que sustentabilidade já era uma diretriz do SPFW desde 2007 — o evento, aliás, foi a primeira semana de moda do mundo a se tornar carbono free. Na época em que o varejo fast-fashion bombava, os ativistas ambientais eram chamados de “eco-chatos” e a sueca Greta Thunberg mal tinha deixado as fraldas, o SPFW já tomava para si a obrigação de levar a sério a agenda sustentável de suas edições, passando a nortear os seus processos com base nos pilares ambiental, socioeconômico e cultural. “As pessoas ficaram surpresas com isso, mas a gente sempre considerou que era necessário ter políticas públicas ligadas a esse assunto e, ao mesmo tempo, fazer essas mudanças a partir de nós mesmos”, diz Graça.
Uma década depois, o Projeto Estufa surgiria para concretizar todo o aprendizado de uma série de iniciativas que já fomentavam uma visão de futuro para o segmento da moda. Em 2003, foi lançado o projeto pioneiro HotSpot, uma incubadora para identificar e apoiar novos talentos em design de moda, abrindo também espaço para a criatividade em outras áreas, como fotografia, artes visuais, música e multimídia.
Em março de 2012, a evolução do projeto HotSpot passou pela ampliação das fronteiras na busca por novos nomes em diversos suportes criativos, por todo o Brasil. Assim, surgiu o Movimento HotSpot, prêmio de inovação e criatividade que buscou reconhecer talentos brasileiros nas categorias: Arquitetura, Beleza, Cenografia, Design, Design Gráfico, Filme e Vídeo, Fotografia, Ideia, Ilustração, Moda e Música ao longo de um processo de seleção de dois anos.
No final do mesmo ano, o SPFW expandiu o movimento para o Rio de Janeiro, com a idealização da CRio, uma plataforma de intercâmbio, inspiração e colaboração, com exposições, conferências e workshops.
Passados quase 13 anos desde que se tornou carbon free, o SPFW recebe com otimismo a notícia do surgimento de um acordo global na moda, o Fashion Pact (Pacto da Moda), em que 32 empresas mundiais, dos segmentos fashion e têxtil, se comprometem a reduzir os seus impactos ambientais. “A mudança é inevitável e precisa começar agora. Esse pensamento tem tudo a ver com algumas marcas de moda da novíssima geração, que já surgem com propostas e processos distintos daqueles usados pelo mainstream”, diz Graça Cabral.
Segundo Graça, o papel das semanas de moda é trazer a criação pura, o desejo. Então, o próprio conteúdo trazido por elas está mudando. É um momento de transição, de renovação, quando precisamos incentivar as mudanças. “Até porque, olhando para nós mesmos, sabemos que as elas não acontecem da noite para o dia”, conclui.
O Projeto Estufa é apresentado pelo Ministério da Cidadania e Santander, com apoio da Sherwin Williams, através da lei federal de incentivo à cultura.
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