Desde sua criação em 2017, o Projeto Estufa se propõe a ser um espaço que reúne novos olhares para discutir o futuro. Não o futuro distante, mas aquele que já está se desenhando no presente. Vivemos num período de transição em que a velocidade da informação é avassaladora e disruptiva. Não há tempo para esperar pelo futuro, ele acontece, com toda sua multiplicidade, nesse instante.
Um bom exemplo dessa urgência é o discurso da jovem ativista sueca Greta Thumberg, proferido no Conselho Econômico e Social Europeu:
“As pessoas dizem que têm esperança de que os jovens irão salvar o mundo, mas não vamos fazê-lo. Simplesmente não há tempo suficiente para esperar que cresçamos e assumamos o controle.”
A mudança é inevitável e precisa começar agora. Esse pensamento tem tudo a ver com algumas marcas de moda da novíssima geração, que já surgem com propostas e processos distintos daqueles usados pelo mainstream. “Essas marcas têm tecnologia à disposição para produzir sob demanda, não precisam ter um estoque enorme”, diz Graça Cabral, curadora do núcleo de conhecimento do Projeto Estufa.
“Até pouco tempo atrás, quando se pensava em sucesso, isso significava ter 70 lojas no Brasil inteiro. Hoje vemos que se almejam outras coisas. Cada marca tem que decidir qual a sua intenção”, completa.
As marcas estão mudando, e os consumidores também. É óbvio que a decisão de compra ainda acontece muito em função do preço. E isso é um problema. Quando se faz upcycling, os processos são caros e demorados. e impactam no preço final da roupa. A estilista irlandesa Bethany Williams, que desfila na London Fashion Week, e dará uma palestra nessa edição do Projeto Estufa, abordará o assunto.
O movimento de sustentabilidade na moda visa, em primeiro lugar, chamar a atenção das pessoas. “A mudança não virá de uma ação unilateral. Terá que haver uma troca, um equilíbrio entre o quanto o consumidor vai demandar, e o quanto a indústria de moda vai oferecer”, diz Graça.
Quando mais criadores sinalizarem, para o resto da indústria, que a sustentabilidade é um valor essencial, que o mundo mudou e todos precisam se adequar, mais isso irá se concretizar. O papel do SPFW, e do Projeto Estufa, é fomentar essa discussão e trazer um novo olhar.
“O papel das semanas de moda é trazer a criação pura, o desejo. Então, o próprio conteúdo das semanas de moda está mudando. É um momento de transição, de renovação, Precisamos ter um olhar generoso para incentivar as mudanças. Se olharmos para nós mesmos, sabemos que as elas não acontecem da noite para o dia”, conclui Graça Cabral.
Iniciativa do SPFW, o Projeto Estufa foi estruturado em três pilares: a inovação tecnológica, o comportamento e a criatividade. Existe ainda um quarto pilar, que permeia todos os outros, a sustentabilidade.
Há tempos essas questões são trazidas para o São Paulo Fashion Week, uma vez que o Brasil tem uma diversidade cultural e racial muito grande, um potencial criativo enorme, mas ainda é um país iniciante na moda. É preciso juntar diferentes pontos de vista para entender o que inspira a criação. E também, para construir novas formas de produção, comunicação e distribuição da moda.
“Em 2007, trouxemos para o SPFW a questão da sustentabilidade e as pessoas ficaram surpresas com isso, mas a gente sempre considerou que era necessário ter políticas públicas ligadas à esse assunto e, ao mesmo tempo, fazer essas mudanças a partir de nós mesmos”, diz Graça.
Passados 13 anos, o SPFW recebe com otimismo a notícia do surgimento de um acordo global na moda, o Fashion Pact (Pacto da Moda, em português), em que 32 empresas mundiais, dos segmentos fashion e têxtil, se comprometeram a reduzir os impactos ambientais causados pela indústria moda no âmbito do clima, da biodiversidade e dos oceanos.
Demorou, mas é preciso levar em conta que o sistema da moda é extremamente complexo, indo da agricultura até o varejo, e passando por muitas etapas de produção e distribuição. Lá na ponta, muitas vezes, o consumidor não enxerga todas essas fases.
Conheça agora a programação da 3a. edição do Projeto Estufa, apresentada pelo Ministério da Cidadania e Santander, com apoio da Sherwin Williams através da lei federal de incentivo à cultura. Desfiles, exposições, palestras e workshops irão trazer visões de mundo ligadas ao futuro, com convergências que passam por tecnologia, socioecologia e criatividade. Vem ver!
PILAR DO CONHECIMENTO
Masterclasses
Teremos três futuristas integrando as masterclasses do Projeto Estufa, uma em cada dia do evento, junto a outros pensadores e especialistas que concentram as reflexões no período da manhã.
No dia 15 de outubro, Lilia Porto, economista, fundadora e curadora do ecossistema futurista O Futuro das Coisas, trará uma visão ampla e otimista sobre as possibilidades de futuro que já podemos enxergar, tanto da perspectiva humana, quanto tecnológica.
Em seguida, Gustavo Nogueira, da Torus — iniciativa que estuda como as pessoas se conectam com o tempo — , falará sobre a necessidade de ajustar presente, passado e futuro, de modo a usar as experiências que possuímos para tomar decisões mais acertadas no futuro, na masterclass Zeitgeist: Inteligência Temporal.
Dia 16, é a vez de Ligia Zotini, fundadora da Voicers — plataforma digital de educação que busca democratizar o acesso às tecnologias e tendências futuras — , apresentar Mapas da Transição: Onde Estamos e Para Onde Vamos. O ponto de partida é o poder do fator humano para evitar futuros distópicos como aqueles retratados em filmes e séries como Blade Runner e Black Mirror.
No mesmo dia, a estilista irlandesa Bethany Williams vencedora do prêmio Queen Elizabeth II e finalista do prêmio LVMH 2019, fala sobre os desafios de criar uma marca sustentável e socialmente consciente, utilizando reciclagem, upcycling, e materiais feitos à partir de descarte. É a Moda Inspirando Mudança Positiva.
E no terceiro dia do Projeto Estufa, Ana Carla Fonseca, do Garimpo de Soluções — empresa que é referência em economia criativa, cultura, cidade, e futuro do trabalho — apresenta Cidades Como Plataformas de Futuro. Ela irá trazer a questão das cidades como plataforma de um futuro sustentável, influindo nas novas formas de trabalho.
Na sequência, a reflexão sobre “Tecnologia e o Nosso Sonho de Liberdade” com José Borbolla, coordenador e professor dos cursos de ciência e análise de dados da Digital House Brasil e fundador da Branded Brain, consultoria na área de business analytics, ciência de dados e transformação digital. Nesta masterclass, Borbolla aborda questões envolvendo privacidade de dados, liberdade, confiança e transparência. Afinal, se os gigantes da internet, como Google e Facebook, oferecem serviços e plataforma gratuitos é porque nós somos o produto.
Talks
A programação continua com uma série de Talks, palestras que vão reunir pesquisadores e experts que estão inovando em assuntos como moda, transparência, tecnologia e muito mais. Para fazer a mediação de algumas dessas conversas, o Projeto Estufa convidou o Instituto Fashion Revolution Brasil, a Mastertech, o Instituto Voicers, o Instituto Feira Preta e o YOUPIX.
15–10 — terça-feira
High Low: Novos Processos e Materiais
Ana Luisa Fernandes, estilista da marca Aluf, que integra o line-up do Projeto Estufa. Venceu o concurso World University Student Fashion Design Competition, realizado em Qingdao, China, em 2018.
Lia Coelho, pesquisadora e zootecnista, descobriu que a cashmere produzida com pelo de cabras brasileiras é a mais fina do mundo. Lidera o Projeto Cashmere Brasileira cujo objetivo é criar uma cadeia produtiva local para esse valioso insumo têxtil.
Agustina Comas, estilista uruguaia, radicada no Brasil, trabalha com upcycling desde 2008, em projetos como a marca COMAS. É professora da disciplina Design e Sustentabilidade no IED São Paulo.
Mediação de Eloisa Artuso, Diretora de Educação do Instituto Fashion Revolution Brasil, Un Moda Sustentável, agência de inovação e sustentabilidade, e professora de design sustentável no IED São Paulo
Fashiontech — Prototipando o Futuro na Moda
Beatriz Barbosa, do We.Me, uma startup de acessórios de moda impressos em 3D, que pretende criar peças singulares com consciência socioambiental.
Juliana Pirani, do eFitFashion, um marketplace online desenvolvido para vender roupas feitas sob medida, de uma maneira mais simples e inovadora. O projeto eFitFashion foi o vencedor do Imagine Cup, competição global de tecnologia, para estudantes, patrocinada pela Microsoft.
Carol Garcia, coordenadora de graduação em mídias sociais e digitais e diretora de internacionalização e BA Creative Collectibles do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
Mediação de Camila Achutti, programadora, fundadora da escola de tecnologia Mastertech e líder no movimento de igualdade de gênero na tecnologia.
Quando Viver de Música é Viver de Tecnologia
Henrique Portugal, tecladista do Skank, fará uma tech jam misturando música e tecnologia de uma maneira leve, lúdica e divertida.
Dia 16/10 — quarta-feira
Somos Todos Agentes de Transformação
Flávia Aranha, estilista especializada em slow fashion sustentável.
Bia Saldanha, ambientalista e empreendedora, que trabalha com borracha nativa e é colaboradora da marca de tênis ecológica e sustentável Vert.
Nelsa Nespolo, da Justa Trama, organização que reúne cooperativas de trabalhadores ligados à produção de roupas.
Suéli do Socorro, do projeto Costurando Sonhos que promove o empoderamento de mulheres em situação de vulnerabilidade por meio da costura e da moda.
Mediação de Fernanda Simon, diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil.
Creators : O Futuro Da Influência
Nátaly Neri, embaixadora de Creators for Change, youtuber do canal Afros e Afins, onde fala sobre “raça, gênero, sociedade, sustentabilidade, slow living, amores, beleza, e tudo o que uma jovem interessada em melhorar sua vida e a realidade ao seu redor poderia se interessar”.
Ana Paula Passarelli, diretora de operações da agência digital Brunch. Dedicou a última década da sua carreira ao mercado digital, trabalhando com creators e influenciadores digitais, apoiando no desenvolvimento de modelos de negócios digitais sustentáveis e fomentando as melhores práticas para o mercado publicitário.
Leo Picon, omeçou aos 13, quando ainda estava na escola e fazia sucesso entre colegas nos extintos Orkut e MSN Messenger. Pela sua presença nas redes, foi um dos colírios da revista Capricho e, desde então, passou a usar sua influência no mundo virtual para negócios reais. Com mais de 4,8 milhões de seguidores em suas redes sociais, Leo hoje possui uma marca de roupas, uma produtora e um bar, além de faturar para divulgar marcas e dar os primeiros passos na carreira de apresentador.
Mediação de Bia Granja, co-fundadora do YOUPIX, plataforma digital criada em 2006, que hoje atua como consultoria de negócios para influência e comunicação digital.
Tecnologia, Sustentabilidade e os Nativos Ecológicos
Na era da inovação e das mudanças no comportamento do consumidor, a sustentabilidade é um direcionador de inúmeras iniciativas inovadoras em diversos setores da economia. Na moda, abundante em criatividade por natureza, não é diferente. Somente ter criatividade em desenvolvimento de novos produtos não é mais suficiente para o sucesso de um negócio. Como inovar em processos, relacionamento com os clientes, modelos de negócio, sempre pensando na sustentabilidade.
Bruno Pádua, diretor da NeoVentures
Iza Dezon, pesquisadora Peclers Paris
Dia 17/10 — quarta-feira
Moda, Transparência e Tecnologia: Construindo Relações de Confiança
Dari Santos, fundadora do Instituto Alinha, negócio social focado na melhoria das condições de trabalho das costureiras.
Celina Hissa, designer da marca de acessórios de crochê Catarina Mina, que tem uma política de transparência de custos.
Renan Serrano, designer e pesquisador têxtil que desenvolve metodologias de criação e soluções em engenharia têxtil open source (código aberto).
Mediação de Eloisa Artuso, Instituto Fashion Revolution Brasil.
Potência Gera Potência — Passado, Presente e Futuro
Danielle Almeida, cantora e pesquisadora acadêmica da Diáspora africana na América Latina.
Ana Carolina Martins, diretora do filme Visionários da Quebrada, em que personagens de várias quebradas de São Paulo revelam a potência de pessoas extraordinárias que promovem mudanças em suas comunidades.
Catarina Martins, coletivo M.O.O.C., coletivo de arte, moda e design formado por jovens negros da periferia paulistana.
Renata Sbardelini, fundadora da Suindara Radar e Rede e idealizadora do Projeto Mapa, jornada que reuniu lideranças de 18 a 70 anos, de diferentes regiões, classes sociais e áreas de atuação, para formular um mapa representativo da sociedade em seu processo de transformação.
Mediação de Adriana Barbosa, empreendedora, fundadora da Feira Preta, festival de múltiplas linguagens que reúne as principais tendências afro-contemporâneas em moda, design, arquitetura, empreendedorismo, literatura, musica, artes visuais, gastronomia, workshops, entre outros.
G.A.I.A. Genderless Artificially Intelligent Agent
Como seria se tivéssemos uma IA (Inteligência Artificial) como presidente? O que ela traria de diferente e de bom, em relação a um presidente humano? G.A.I.A. é uma performance artística que aborda como a tecnologia pode criar um processo mais democrático nas relações entre governo e cidadão.
Juliana Matos
Rudá Cabral
Workshops
No Espaço Maker’s LAB acontecem oficinas práticas em sintonia com os temas abordados nessa edição do Projeto Estufa.
UpCycling com Mirella Rodrigues, da Think Blue
Biomimética e Tecnologia da Natureza, com Alessandra Araujo, da Bioinspirations
Estamparia Étnica, com Julia Vidal, pesquisadora, designer de moda, e autora de “O africano que existe em nós, brasileiros’’, livro que fala sobre a cultura africana em cores, histórias, costumes e estampas.
Fashiontech, com Ana Ribeiro, da Mastertech
Eco Print com Marina Stuginski, especialista em técnica de tingimento natural da Ai.Ginska
Lide com a Herança Feminina, com Natasha e Ligia Zotini, da Voicers. Um experimento sobre como podemos nos libertar de narrativas que restringem a atuação feminina.
PILAR DA CRIATIVIDADE
Aqui é o espaço de apresentação de coleções de marcas e criadores selecionados por uma equipe de curadores especialistas a partir dos pilares do Projeto Estufa. Desfilam nessa edição as marcas: Aluf, Ão, Korshi, Lucas Leão, MiPINTA e Victor Hugo Mattos.
Dia 15/10 (Terça)
15h: Desfile Korshi
15h15: Desfile Ão
Dia 16 (Quarta)
14h: Desfile Victor Hugo Mattos
14h15: Desfile MIPINTA
Dia 17 (Quinta)
14h: Desfile Aluf
14h15: Desfile Lucas Leão
EXPOSIÇÃO — HumanX
Para idealizar a exposição que habitualmente integra o evento, foi convidado Roberto Martini, fundador, CEO global, e Chief Creative Officer da FlagCX, uma holding de disrupção criativa com mais de 20 empresas que inovam em áreas como publicidade, marketing e tecnologia.
Martini é interessado em futuro, em investigar as fronteiras da arte, da comunicação e da tecnologia. E em pesquisar como estas transformações estão impactando e modificando as relações humanas. Sua proposta, como inspirador convidado do Projeto Estufa, é a exposição HumanX, uma experiência imersiva que irá fazer uma intersecção entre o tecnológico e o humano. Confira o podcast que fizemos com ele!
O projeto parte do pressuposto que a verdade absoluta não existe. Ela é um acordo feito entre humanos, uma vez que cada um interpreta a realidade através da própria subjetividade. No entanto, com o avanço da tecnologia, realidades digitais começam a se mesclar à realidade física, provocando uma série de questões importantes.
“HumanX é um ensaio sobre as novas realidades sobrepostas que nos desafiam a interpretar o conceito do que é real, do que é verdadeiro, do que é humano”, diz Martini.
“Estamos vendo avanços à partir da tecnologia digital, da inteligência artificial e das realidades mistas. Isso vai ocupar cada vez mais espaço no nosso dia a dia. Não podemos ficar reféns do medo da mudança. É preciso desenhar o futuro que desejamos”, completa Graça Cabral.
Para não estragar a surpresa, não revelaremos mais detalhes. Mas acreditamos que os visitantes terão uma experiência interessante ao se deparar com as realidades mistas.
O futuro é hoje!
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O Projeto Estufa é apresentado pelo Ministério da Cidadania e Santander, através da lei federal de incentivo à cultura.
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