Introdução: Liberalismo e Nacionalismo

Spox
4 min readJun 15, 2024

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Este material foi escrito à noite no dia 14 de junho de 2024, com o objetivo de apresentar uma introdução agradável sobre o Liberalismo e Nacionalismo de forma simplificada e clara.
No entanto, deixo claro que NÃO há opiniões expressas sobre este tema, uma vez que a minha opinião não é pauta neste material.

O século XIX é conhecido como o século da burguesia. Este grupo assumiu a liderança política e moldou o mundo à sua imagem, tentando impor os padrões da civilização europeia às outras nações. A posição social era determinada pela renda de cada indivíduo, e os assalariados não alcançavam o mínimo necessário para votar e serem eleitos nos regimes políticos censitários, criados pela burguesia. A nova classe social surgida com a industrialização — o proletariado — mal organizada e ainda sem uma consciência de classe, não tinha condições de realizar uma ação política eficiente.

Enquanto a Europa vivia sob a hegemonia do Congresso de Viena, que tentava reverter as conquistas burguesas, começaram a emergir ideologias de todos os lados, com cada grupo social buscando seu espaço político e social. Entre elas, três principais tendências políticas marcaram o século XIX: liberalismo, nacionalismo e socialismo.

Liberalismo

O liberalismo, fundamentalmente, espelhava o desejo da burguesia por um Estado que houvesse liberdade, a igualdade de oportunidades e a propriedade privada. O critério censitário do direito ao voto garantia os privilégios burgueses, tanto em monarquias constitucionais (Grã-Bretanha) ou de república liberais (França).

Essa corrente de pensamento tinha suas raízes no Iluminismo do século XVIII. As teorias de Adam Smith acerca de um mercado desimpedido de intervenções governamentais constituíam o alicerce do pensamento burguês que, a partir da Revolução Francesa, almejava propagar o liberalismo econômico pelo continente europeu. Para os burgueses, tal abordagem era o meio mais eficaz de ampliar sua influência sobre a trajetória do capitalismo.

É crucial ressaltar que, dentro desse panorama histórico, as ideias de liberalismo da burguesia se concentravam somente em aspectos econômicos e políticos favoráveis a seus propósitos. Não existia um interesse real dessa camada social em fomentar conceitos de liberdade social, pois isso implicaria em uma participação ativa das classes mais baixas nas decisões políticas, o que poderia levar a uma contestação das condições deploráveis nas fábricas. Tal questão era antagônica aos interesses burgueses de estabelecer uma sociedade industrial capitalista com uma classe operária dócil e desprovida de consciência de classe.

Tal postura tornou-se patente durante a Revolução Francesa. Depois da Etapa Popular, com o retorno da burguesia ao poder, todas as reformas jacobinas foram revogadas, incluindo a educação pública gratuita, o sufrágio universal e a abolição da escravatura nas colônias. Em essência, a perspectiva liberal da burguesia era segregacionista e elitista, e não inclusiva, como pretendia se apresentar.

Liberdade, caricatura francesa apresentando a exploração capitalista sobre os trabalhadores, de ‘L’Assiete au beurre, 11 de Janeiro de 1902, Kupka, Frantisek. Musseu de la Presse, Paris

Nacionalismo

O nacionalismo no século XIX manifestou-se de três maneiras: exaltação do próprio país nos Estados nacionais já estabelecidos; desejo de unificação entre os povos sem unidade política, como Itália e Alemanha; e tentativas de emancipação, como na Polônia, Hungria e Bélgica.

Na maior parte das vezes, durante o século XIX, o sentimento patriótico foi conduzido pelos interesses burgueses, que buscavam na unidade territorial a construção de uma nação próspera e favorável ao desenvolvimento industrial. A implementação do projeto econômico-capitalista só seria possível em locais com fronteiras bem definidas e com um estado burguês consolidado.

Estamos nos deparando, portanto, com a construção do Estado Liberal burguês, no qual a intervenção governamental é mínima, o que permitiria baixos impostos, progresso econômico e não regulamentação das relações entre patrões e empregados. O nacionalismo tem de fato uma origem revolucionária e romântica, com povos buscando uma identidade e sua independência. No entanto, em termos globais, o resultado dessa ideologia a médio e longo prazo foi a imposição de modelos eurocêntricos supostamente civilizatórios sobre nações consideradas basicamente como “menos desenvolvidas” (imperialismo), além do acirramento das disputas entre potências pela hegemonia econômica e militar mundial, levando às grandes guerras do século seguinte.

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