MEDO
as vezes tenho quase certeza de que ainda tenho quinze anos. a raiva ainda está muito latente, ainda que seja um novo vocabulário, adquirido conforme os anos mau vividos, em que me enchi de vazio.
o mesmo medo, talvez, de tudo dar errado. a linha sempre foi tênue comigo, nunca tive uma folga e fiquei tranquilo, eu sempre quase caí. e isso enlouquece. machuca de uma forma inesquecível.
é horrível ter um abismo dentro de si. ainda mais em tempos tão obscuros. eu fico querendo cair. imergir em mim e só.
tenho grandes passos para dar. e eu posso entregar tudo para o medo. dói.
aos quinze anos o medo me parou até onde estou hoje. não fisicamente, mas emocionalmente. o medo me engoliu e gostaria que me devolvesse
são quase quatro de uma manhã que não estar por vir. minha ansiedade é quase materializada ao meu lado, chamo-a de Futura.
as vezes tenho quase certeza de não ter quinze, só porque dessa vez eu quero mudar.