Este Carnaval 2016 foi muito mais que folia

Sukielh
3 min readFeb 12, 2016

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Este carnaval foi além de muita folia, dominação de otimismo, semear de esperança em ano de crise, foi um espaço de convergência de diversidades, de criatividade a flor da pele, de transformações contínuas, de sentimentos e manifestações dos mais variados. Não foi só festa, foi muito mais do que isso.

Foi com vistas a gerar um momento de aproximações entre desconhecidos, investidas românticas, trocas de olhares, pisões que não machucam, mas também compartilhamento de inspirações, manifestações gritantes de celebração que o brasileiro finalmente ganha protagonismo das ruas de São Paulo.

Bloco TARADO NI VOCE 2016, fotos: Fotos: Victor Moriyama

Os blocos de rua foram de grande celebração dos últimos anos, que tão emblemáticos na cidade, por acolhimento de espaços, por resgate à cidadania e conexões entre públicos mais diversos. Em união ao que anda acontecendo na cidade, como o MPL, movimento Passe livre, ocupações das escolas estaduais, quanto as sutilezas de famílias ocupando a Paulista em dia de Domingo.

Aqueles que acreditam que o espaço se produz para além de você, em transformar a cidade em espaços democráticos, espaço de todos, compartilhou celebrando e povoando os territórios de blocos. Por que sabemos que o seu comportamento constrói e embeleza a cidade diariamente. E a partir do momento que você é ativo, você repensa, questiona e levanta essa léprica, chama atenção tanto midiaticamente quanto de fato discuti-lo à partir para questões mais praticas, se protagoniza nessa ação a política da cidade.

“A mobilização em São Paulo alimenta a si mesma”, diz Ivan Martins. Ao que se denominava um mar de concreto se tornou em uma grande metrópole carnavalesca, de folia, que ascendeu um fósforo, do processo de transformação urbana, para melhor, da nossa cidade, dos nossos vizinhos, das nossas famílias, que de fato esquentou a cidade e vai fazer virar fogo.

O órgão público, privado, cidadão da sociedade civil se uniram neste carnaval, fazendo deste espaço público, um espaço de encontro, que tem muito a ver com construção social. Que o partidário cidadão, sozinho, não conseguiria. Presenciei a construção e o apoio da prefeitura, que forneceu estrutura, organizou os espaços e as rotas, fez bancas de máscaras, apoiou a folia, evitando que se torne uma grande selvageria urbana.

Houve uma forte construção social, que levo como exemplo sistêmico, de um diálogo aberto e sincero com todos os atores urbanos neste território, nesta construção social, e justiça social, que órgão público, iniciativas privadas e partidário cidadão, se uniram nessas tensões trifásicas e simétricas. Que se qualquer um for letárgico e apático, nada muda, nada acontece.

Hoje em dia estamos saturados em mapeamentos, de ativações culturais, manifestações políticas, intervenções dos parques, ocupações das ruas, das escolas, que ganharam tanta repercussão esses anos, não foi diferente neste carnaval de rua. Esta grande multidão que dominou as ruas esta semana, nesta escala impensável, celebrou cada uma dessas vitórias e conquistas com muita folia. Trazendo um legado de simpatia e responsabilidade para a autonomia do cidadão desta nossa cidade, dos nossos entornos, que pode ser mais ativo tanto com responsabilidade quanto em direitos.

Esse é a construção de uma nova cidade. Que fomos levados a acreditar que é inútil tentar, protestar, ativar, se mover. E se saíssemos regularmente das nossas vidas privadas, para fazer algo pela cidade, pelos outros, no final, descobrimos que os outros somos nós.

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Sukielh

Data Analyst / Ux Researcher / designer — Lover of people and words.