2014 a 2015: um ano produzindo arte de forma focada e eficiente Pt. 2

Tamires Para
6 min readJan 2, 2016

--

Leia a parte 1 aqui.

Gaste tempo com o que você quer

Primeiramente, vamos falar sobre gerenciamento de tempo. Muitas pessoas reclamam que não possuem tempo suficiente para estudar e melhorar sua arte, só que a verdade é que precisamos ter noção de onde estamos gastando nosso tempo. Eu uso um aplicativo chamado RescueTime que roda no background e monitora os sites que visito, quanto tempo gasto trabalhando e etc. Se eu gasto nove horas do meu dia no 9gag ao invés de estudar, eu simplesmente não vou avançar no meu estudo. Vamos tirar um momento pra deixar algo claro: é preciso INVESTIR TEMPO para se ter RESULTADOS. Assim, ao estarmos conscientes de como estamos gastando nosso tempo, melhor poderemos prever nosso desenvolvimento. Para isso, sim, é preciso força de vontade. É preciso que estudar arte se torne um hábito para você. Eu, pessoalmente, tendo a ser uma pessoa muito organizada, voltada para resultados rápidos, então quando eu enfrentei esse problema eu pesquisei muito sobre técnicas de gerenciamento de tempo e uma delas se destacou para mim. O nome dessa técnica é SCRUM e o set up é basicamente este:

Esse é o meu quadro branco onde me mantenho por dentro das coisas que preciso fazer. Além disso, uso também esse temporizador vermelhinho pra me manter esperta.

Eu separo as categorias das minhas tarefas pelas cores dos post-its que eu uso. Na foto, os post-its laranjas são para tarefas relacionadas a minha carreira freelancer (auto-promoção, terminar commissions, cobrar pagamentos), os amarelos são parte de uma lista de tarefas de um projeto que estou trabalhando, A idéia é catalogar suas tarefas baseadas em sua urgência e ir de tarefa em tarefa, uma a uma. Esse método particularmente é eficaz para mim por causa da coluna “Done” (terminados) — eu preciso de incentivos visuais para o quanto estou sendo produtiva, e isso me faz querer sê-lo mais ainda. É claro que cada pessoa será diferente e talvez essa técnica não funcione pra todo mundo, por isso eu sugiro que você pesquise técnicas por você mesmo e vá testando até chegar a uma que funcione.

Uma vez que você consiga estar controlando seu tempo de forma eficiente, vem a questão: o que fazer com esse tempo? Bem, eu tive várias conversas com outros artistas e por experiência própria também eu cheguei a duas dicas. Uma delas é você estar sempre começando pinturas novas e direcionar seus estudos para a necessidade de cada pintura. Fazer isso é mais eficaz quando já se tem uma base de desenho e pintura e se está procurando aprofundar mais em certos assuntos. Por exemplo, para a artista Leesha Hannigan em sua pintura “The Last Matriarch”, ela faz vários estudos de metal e pele para o dragão da pintura. No meu canal de streams eu faço a mesma coisa com várias pinturas (uma delas uma commission). A outra maneira é fazer estudos e, em seguida, fazer pinturas relacionadas com esses estudos, de forma que você possa aplicar os conceitos aprendidos. Se você estiver estudando anatomia por algum tempo, por exemplo, provavelmente seria inteligente fazer uma pintura que tenha figura humana para que você fixe o que aprendeu. Só lembre-se que que estudos NÃO SUBSTITUEM referência quando se faz uma pintura finalizada. Em ambas as situações o objetivo é estudar algo e aplicar o conhecimento obtivo, de forma que você consiga construir sua memória visual. Isso é vital para concept artists e designers, que trabalham com geração de muitas idéias num espaço de tempo limitado. Outro ponto bom dos dois métodos é no caso de se estar fazendo uma pintura pessoal de algo que você realmente queira pintar, o resultado tende a sair mais rápido e melhor.

Sim, os estudos são feios mesmo. Não são para mostrar pra ninguém, pelo contrário, são para mostrar entendimento.

Por último, quanto tempo você deveria investir nessas pinturas e estudos? Isso depende. Eu vejo vários “estudos bonitinhos” em grupos do Facebook e fóruns e pessoalmente acho muito mais investir meu tempo fazendo estudos mais preocupados em aprender do que com mostrar algo bonito no final. Um bom exemplo disso seria, se você quisesse estudar os efeitos da pele e suas propriedades materiais, você não precisa renderizar a figura humana toda até a última espinha, o fundo, o grão de areia. Claro, se o seu foco no estudo é fazer uma cópia da foto, você pode fazer isso, mas como Anthony Jones fala no seu vídeo “Como Estudar”, isso só ajuda até um certo ponto.

Agora, quando se trata de pinturas, você deve gastar todo o tempo necessário para levá-la a um nível profissional razoável. Pessoalmente, para saber se uma pintura está ou não num nível profissional, eu costumo colocá-la lado a lado numa pasta com pinturas de outros artistas que trabalham na empresa em que eu estou focando meu portfolio. Daí eu vejo se a minha pintura se mistura; se não, eu tento descobrir o porquê. Não existe trapaça nesse processo: analise essas pinturas-âncora em termos de valores, estilo de render, nível de detalhe, composição e compare, compare e compare. Eu também sugiro que você use um timer ou cronômetro para marcar o tempo total que você leva quando pinta; essa é a melhor forma de notar evolução com o passar do tempo, nos dá uma medida palpável. Isso também será útil para você quando você começar a conseguir seus primeiros trabalhos: você vai poder dar uma previsão acertada para seu cliente de quanto tempo você demorará no trabalho e vai poder cobrar de acordo.

Detalhamento vem com o tempo. É preciso saber gastá-lo bem.

Motive-se através da disciplina e auto-sugestão

Hoje em dia muito se fala sobre procrastinação e como se manter motivado a fazer as coisas. Eu passei boa parte de meus anos como estudante acreditando nisso e, para ser honesta, de pouco me serviu. A verdade é que qualquer coisa pode ser transformada em um hábito — e uma vez que isso acontece, há pouca coisa que possa te impedir de atingir o objetivo que você se deu. E é para esse caminho que você deve direcionar os seus hábitos de estudo. Só 15 segundos de coragem são necessários pra começar — a mesma inércia que nos mantém parado, nos põe em movimento. Para me prover esse pontapé inicial, eu geralmente escrevo mensagens positivas em post-its e os colo nos meus monitores, para que eu sempre possa vê-los e assim manter minha determinação se torna um pouco menos difícil.

As minhas mensagens para mim mesma variam de mensagens positivas a dicas de pintura. Sempre as olho quando estou em dúvida de alguma coisa.

Mas se, por exemplo, a tarefa em questão for complexa demais, faça como os profissionais: divida essas tarefas em atividades menores e fortaleça sua confiança resolvendo o problema que você se sente mais confortável em resolver primeiro. Pelo que sei, existem duas maneiras de se “levar” uma pintura de forma profissional: ou você começa pelo que você se sente mais confiante em resolver e se motiva através disso; ou você começa a resolver o que mais te incomoda na pintura. Ambas maneiras levam a processos completamente diferentes em minha opinião e um artista sábio sabe que método usar e quando.

Ainda, leve em consideração que na maioria das coisas e especialmente em arte, quantidade sobrepõe-se a qualidade. Você definitivamente não quer passar eras planejando aquela pintura magnífica que vai demorar anos pra ficar completa. Quando se está aprendendo, deve-se achar uma forma de aplicar os conceitos recém-aprendidos de forma sistemática, aprendendo com seus erros e seguindo em frente. Algumas pessoas podem e devem discordar comigo nisso, não tem problema; como eu disse no início do texto, isso é o que funcionou para mim.

Fique ligado para mais dicas na parte 3!

Recomende este texto para seus amigos, se te ajudou, pode ajudar mais alguém. :) Feliz Ano Novo!

WebsiteInstagramFacebook Page TwitterTumblr

--

--